OS ORÁCULOS DE UMA NAÇAO DIVIDIDA
Guilherme Socias Villela
No Brasil hoje se vive uma nação dividida. Há os são contra e os que são a favor - a qualquer coisa que apareça. Há os que querem progredir, mostrar porque vieram ao mundo - vencendo obstáculos que se lhe apresentam no dia a dia. Há os que sofrem adversidades. Há os que desfrutam a vida, às vezes parecendo ter vindo ao mundo à passeio. E há os que mergulham no nada - não notam ninguém. Nem são glorificados.
Tarrafeando sobre o mundo brasileiro de hoje, todos, com poucas exceções, quando tudo fica difícil nem mais apelam para os deuses. Invocam para algo chamado Estado (no campo doutrinário, a instituição das instituições - segundo os princípios da ciência do Direito). No caso do Brasil, um Estado que, segundo enraizada crença, que põe e dispõe, a tudo provê - tal quais os deuses o fariam, pacientes com as fraquezas humanas. Neste sentido, lembre-se o caso ocorrido na década de 60 do século passado, quando enchentes no Sul foram simultâneas às secas do Nordeste brasileiros. Os irmãos nordestinos esperaram uma atitude do Estado e de seus representantes políticos. Mas, tudo ficou parado. (A exceção ocorreu quando alguém disse: "vou começar tudo de novo!". Era uma agricultora de Santa Catarina!)
Dito isso, diga-se que houve um momento em que todos acreditavam no Estado. Confiavam, assim, nos critérios patrióticos da alta corte de justiça brasileira. ("Ainda juízes em Berlim!")
Recentemente a Corte foi testada quando dos notáveis escândalos ocorridos na administração pública e na política brasileiras. Desde então se observa uma nação dividida e frustrada.
Crises políticas. Poder moderador desnorteado. A Corte nem leva em conta a riqueza dos ensinamentos do passado, e.g., de Antero de Quental (Conferência do Casino, Lisboa, Portugal, 1871), quando alertou para as características sociológicas dos povos ibéricos e do além-mar.
À nação frustrada só lhe restam à impunidade de conhecidos crimes na vida política e social brasileira. Contudo seus oráculos para lá foram levadas por suas condições de reputações Intelectuais e ilibadas. Mesmo assim, em sua maioria, eles vêm protagonizando equívocos e vaidades. Acolhem, com naturalidade, o fisiologismo, o patrimonialismo e a corrupção - como se estes crimes fossem da natureza do povo brasileiro, tal qual a lenda do escorpião e o sapo!
Enquanto isso, o Olimpo permanece majestoso. Helênico. À espera que os seus inquilinos, quem sabe, o deixem. Desaparecendo. Mergulhando no nada.