CISMAS DE AVÔ...
Nenito
Sarturi
A geada do tempo branqueou-me
a “flexilha”
E a barba tordilha é
prenúncio do fim...
Mas sinto que tenho
horizontes à frente
E sei que há sementes guardadas
pra mim.
O ventre fecundo da jovem
senhora
- Que vem ser mi’a nora - já
entumeceu,
E ali, dentro dela, o pulsar
de uma vida,
Que a estrada comprida por
graça me deu.
São cismas de avô que jamais vislumbrei,
Que nunca pensei vivenciar algum dia...
E agora precedem a vinda de um “rei”,
Que traz a esperança e acorda a alegria.
A quem vai puxar, pela mãe,
pelo pai?
Qual a cor dos olhos, da tez,
dos cabelos?
E qual o formato dos pés e
das mãos?
De quem ganhará os melhores
desvelos?
É o rio da vida que segue, radiante,
Após a vazante de um tempo de
estio,
Pra afagar meu neto com riso
abundante
E afogar, em beijos, meu
rosto sombrio.
* Para o meu neto Pedro, com carinho!
Santiago do
Boqueirão, 27 de julho de 2013.