quarta-feira, 12 de novembro de 2025

DIA DO ORGULHO GAÚCHO

RUDOLF GENRO GESSINGER

         https://www.gaz.com.br/dia-do-orgulho-gaucho/

             Não foram amansadas pelos livros de história as pessoas que dizem que o gaúcho é o único povo que comemora uma guerra que não venceu.

          No 20 de setembro, se comemora a identidade cultural que nos distingue enquanto povo que não se conforma com autoritarismos nem com arbitrariedades.

          Na verdade, depois de quase uma década de conflito, a maior guerra civil da história do país resultou no que os farroupilhas buscavam: menor tributação do couro e do charque e alguma integração da então Província de São Pedro com o extinto Império do Brasil.

          A revolta com as explorações do Império foi retratada na bandeira que os farroupilhas carregavam na ponta de suas lanças: as cores verde e amarela da Coroa rompidas por uma faixa diagonal vermelha.

          Muito antes de chegarem ao nosso Estado os imigrantes europeus, incontáveis negros e índios derramaram seu sangue nas coxilhas defendendo a terra que ganhava contornos de pátria. A bravura desses homens se tornou símbolo de união do povo, que mostrou sua força na enchente de 2024.

          Provavelmente, maioria dos farrapos não compreendiam exatamente por que estavam lutando. Aqueles homens, entretanto, eram unidos pelo cavalo, pelo lenço e pela empolgação destemida que só o espírito de revolução proporciona.

         A cor do lenço, aliás, diferenciava os partidos da época. Os conservadores usavam lenço branco e acabaram sendo identificados como ximangos. Os maragatos vestiam lenço vermelho e, dentro de suas veias, galopeava a revolta separatista que deu início à guerra.

          Hoje em dia, entendo que a distinção histórica não faça mais tanto sentido para o símbolo cultural do lenço, pois qualquer uma das duas cores é aceita como parte da pilcha gaúcha.

          Meu avô materno, quando ia nos bailes, vestia pilcha escura e lenço branco. Quando piá de 7 anos, ganhei um poema e um lenço branco do imortal Antônio Augusto “Nico” Fagundes. Esses dois fatores influenciaram na minha vestimenta na semana farroupilha e em outras ocasiões que atraem o uso da pilcha.

          Mas não pense o leitor que tiro a poeira das minhas botas somente em setembro. O que se usa somente uma vez por ano são as decorações natalinas, pois existe somente um dia do Papai Noel: 24 de dezembro, e pronto.

          O 20 de setembro é mais do que o “Dia do Gaúcho”, como o resto do Brasil chama com boa dose de razão. Todos nós, independente de origem, etnia, ideologia, comemoramos o dia do orgulho gaúcho.

          Se é gaúcho pelas atitudes. Ser gaúcho é ser trabalhador e ter fibra, assim como é conservar as liturgias da cultura e amar nosso chão.

          O gaúcho é um povo a serviço do Brasil.