quinta-feira, 25 de julho de 2024

DUZENTOS ANOS DE ORGULHO

RUDOLF GENRO GESSINGER

    "A celebração do bicentenário é uma homenagem e um agradecimento aos nossos antepassados alemães”. Assim disse em uma entrevista para a Vale TV o presidente da Comissão Oficial do Bicentenário da Imigração Alemã, Rafael Koerig Gessinger, meu irmão.

        Não se trata somente de um momento de festividade pela chegada de uma data marcante no aspecto temporal, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul fomenta e protege um patrimônio cultural que ajudou a moldar a identidade do povo gaúcho ao longo desses duzentos anos.

        Em 25 de julho de 1824, as 39 pessoas falantes da língua alemã – na época, a Alemanha ainda não era Estado unificado – chegaram num remoto território gaúcho com esperança e muito trabalho para construir uma vida melhor.

Exatamente pela necessidade de abrir picadas nos matos do vale do Rio Pardo para construção das moradias, lavouras, igrejas e escolas, foi chamado de Alt Pikade, de Picada Velha e depois de Picada de Santa Cruz o hoje pujante município de Santa Cruz do Sul.

Como ensina Martin Dreher, a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 1824 possuía uma única escola mantida a partir dos cofres públicos: o Colégio Militar de Porto Alegre. Honrando a fibra característica do povo alemão, os imigrantes que aqui chegaram contribuíram para o avanço da alfabetização no Rio Grande do Sul, criando em cada picada novas escolas, com grande contribuição da Igreja Luterana.

Em outros estados do Brasil, a imigração alemã foi marcante no Espírito Santo e mais significativamente contribuiu para formação de Santa Catarina, que conta com cidades em que a culinária, a música, a arquitetura e as celebrações alemãs são atrações turísticas relevantes, casos dos municípios de Blumenau e Pomerode, por exemplo. 

Também é notável e riquíssimo em termos culturais como o regionalismo alemão também se posicionou em diferentes lugares do Rio Grande do Sul.

Panambi, que até hoje tem programas de rádio transmitidos no idioma alemão, teve seu território povoado por imigrantes vindos de Württemberg, no Alto Reno. Em São Lourenço do Sul se tende a falar o idioma alemão no dialeto pomerano. Outras diferenças linguísticas se notam entre as regiões do Vale do Rio dos Sinos, de Igrejinha, de Lajeado e assim por diante.

        Para quem se interessar mais pelo trabalho que a Comissão do Bicentenário da Imigração Alemã e suas subcomissões têm desenvolvido, o site da Secretaria de Cultura do Rio Grande do Sul possui uma página que contém um manancial de conteúdo, cujo link colaciono a seguir: https://cultura.rs.gov.br/noticias-6581cd59ef762.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

FUTEBOL EM DECLÍNIO

 

RUDOLF GENRO GESSINGER


Vocês têm visto como está baixo o nível do futebol na Eurocopa? Até o fechamento desta coluna (antes das semifinais), os quatro artilheiros possuem três gols cada, sendo que foram marcados dez gols contra em toda competição. São jogos sem muitas alternativas de jogadas de ataque e de defesas exageradamente abertas e esculhambadas, como a da Itália.

Não que a Copa América esteja enchendo os olhos, afinal historicamente não é o que acontece. Nos jogos que terminaram empatados e foram para os tiros livres da marca do pênalti, foi entregue alguma emoção ao espectador. Na disputa, os goleiros perdedores também brilharam defendendo cobranças.

Na Eurocopa, a prorrogação era só mais 30 minutos de suplício para quem jogava e para quem assistia.  

Esboçada a caricatura, pintemos o fundo do quadro.

O futebol, enquanto produto, deve(ria) ter como foco entregar entretenimento para seu consumidor. Logicamente é importante vencer, mas não sacrificando o espetáculo.

Não ignoro que o futebol se tornou mais físico que nos anos 1980, por exemplo, época marcada por times técnicos como a inesquecível Seleção Brasileira de 1982. Para dar espaço a uma musculatura presa para aguentar a carga de jogos, saíram o drible, a técnica e o tempo de treinamento para cobrar uma falta com perfeição.

Os goleiros são os únicos jogadores com prerrogativa de serem atendidos pelos médicos em campo, interrompendo a sequência da partida. Não é concebível, entretanto, que a cada grande defesa o goleiro se contorça no gramado e chame atendimento médico para “ganhar” tempo.

Circunstancialmente, é uma estratégia para esfriar o ímpeto do adversário, mas usada com muita frequência, só torna o jogo chato, picotado. Nenhum acréscimo devolve a naturalidade do jogo, que os goleiros consomem fazendo cera.

Aliás, será que não poderíamos repensar a extensão do jogo? E se fossem dois tempos de trinta minutos ou três de vinte? Seria condizente com uma época em que aceleramos tudo no mínimo para a velocidade 1.5.

No basquete dá certo jogar em tempos curtos.

A essência popular do futebol, que germinou e fez florescer o esporte, está há tempo minguando.

A começar pelos campos: é preciso uma organização semiprofissional para juntar vinte e duas pessoas para jogar futebol de campo, em qualquer horário que seja. Mesmo no Society é uma luta para fechar dois times, fora que não existem quadras a menos de 10 reais por jogador.

Sem a grama sintética que arrebenta joelhos e tornozelos, beach tennis e padel, por exemplo, têm se mostrado mais atrativos para quem quer praticar um esporte no tempo livre.