QUANDO ESCREVO
Normalmente acontece no intervalo entre duas tarefas.
Às vezes no final de uma que quanto mais perto de terminar, mais demora.
Alguma coisa em certos dias é sorteada para ser interrompida.
Uma sensação que vem como um convite pra me desconectar do que for.
Do que estiver me prendendo.
Chega sutil, tateando o foco da minha atenção.
Como alguém que assopra suavemente o ouvido de uma pessoa bem próxima.
Mas, sem dizer nada, se afasta devagar e na ponta dos pés.
Começo a caminhar errático. Bagunço meu apartamento com uma facilidade incrível!
Já é madrugada de terça para quarta-feira e algumas coisas... já poderiam estar prontas.
Algumas semanas são iguais aos anos no Brasil: só começam mesmo depois do carnaval.
Hoje não vou encontrar solução pra mais nada.
Nem vou parar para escrever: fica bom o que eu escrevo troteando.
Quando viajo também. Escuto música, que, junto com a paisagem, me alisam as ideias.
A que não estiver pronta puxo pelo rabo. Gravo áudios que depois escuto, lapido e passo a limpo.
No próprio celular ou numa folha de papel, só depois de pronto que meu texto vira um alvará para ter uma boa noite de sono.