segunda-feira, 30 de setembro de 2013
O ADEUS À CASA DE SANTIAGO
Querida Casa:
Não penses que não te amamos.
Quando te vi, anos atrás, não pestanejei e logo te adquiri. Fizemos reformas, te pintamos, até uma piscina aquecida colocamos. O Rudolf ficou morando praticamente sozinho, com uma auxiliar nossa, durante dois anos e frequentando um colégio de lá.
Mas tudo muda, os planos têm que ser revistos a toda hora. É como navegação à vela: a todo momento o vento muda e a gente tem que ajeitar o roteiro.
Ultimamente não te frequentávamos mais. Quando eu ia, nem pousava mais, apesar de estares toda instalada. Sempre conservamos teus jardins arrumados e caprichados, mas estavas completamente em silêncio, sem utilidade, sem habitantes e isso não condizia com tua beleza deslumbrante e teus jardins floridos.
Te passamos para outras pessoas que sentarão na área da frente e contemplarão a rua sete de setembro, que aproveitarão o salão de festas, que se banharão na piscina, que serão felizes e te cuidarão tão bem quanto nós.
Com uma vantagem para ti, baita casa que foste testemunha de tantos encantos e expectativas: abrigarás pessoas cotidianamente.
Terás uma função social de novo.
E nós, quando viermos à estância, entraremos na cidade pela primeiro trevo só para te lançar um olhar e seguiremos para onde agora vamos ficar, que é na sede da fazenda, onde uma outra casa, não tão linda como tu, nos dará abrigo.