Ola, bom dia a todos
bem, doutor Ruy, as suas fotos também mostram outras cenas, mais precisamente de uma certa falta de organização e limpeza.
Com todo o respeito aos cultuadores da historia e da tradição ( e esses dois temas por si só já seriam motivo de um longo debate)
acho que esse acampamento está a merecer uma exame mais acurado...
sobre seus propositos, sua razao de ser, etc
qual o sentido disso? é turistico? e a questão ambiental(da micro-região)...? é estético (em que sentido?)?
eu ousaria dizer que é uma caricatura
digo mais: querem algo assim historicamente representativo?
montem um acampamento gaucho/farroupilha permanente, de natureza turistica e cultural,
e que poderia ser administrado e mantido em rodízio pelos CTGs habilitados...
de modo que fosse algo que poderíamos mostrar com orgulho a qualquer visitante
agora se o modelo for esse vigente
que o façam la no meio do campo
tipo um Woodstock gaudério
abraços a todos, gauchos de todas as querencias
astor
JF ROGOWSKI
Há anos dei uma passada pelo acampamento farroupilha e nunca mais retornei. Essas imagens me deram uma sensação estranha, algo amarga, pareceu-me um grande “malocão”. Talvez reflitam uma verdade escondida, porem, percebida pelo inconsciente coletivo, a situação calamitosa do Estado do RGS. Carl Jung explica!
IVANHOE EGGLER FERREIRA
Beberagem, anarquismo, imbecilidade, uma declaração
escarrada de ignorância coletiva, aliás , muito em voga no Rio Grande do Sul.
Isso aí, é um arremedo do que seja cultura de um povo. Muuito pelo contrário.
Tudo isso capitaneado por esse movimento ridículo chamado MTG que congrega e
conduz essa tropa de ignorantes que compõe o tradicionalismo dito
"gaúcho". Me tapo de vergonha em ver isso, escolado que fui na escola
campeira la nas missões riograndenses, em meio aos campos missioneiros e a
gente do lugar. Quando aqui em São Paulo chega o ufanismo dessa gente, fico
perplexo entre os demais desta terra que escutam e vêem toda essa gabolice de
se achar mais que os outros da federação. O gaúcho que eu conheci e convivi
muitos anos não é isso aí. Me recuso a aceitar tal idiotice desses
"fandangueiros de zona de meretrício" fantasiados com bombachas
cheias de alegoria, faca atravessada na guaiaca, e gritando a toda boca o
gauchismo atual. O Rio Grande do Sul, meus caros amigos confrades, nunca
foi isso aí, me perdoem os "gauchinhos". O Rio Grande sempre foi um
exemplo a todos os seus irmãos brasileiros, a todos os estados da federação.
Mas como, sinal dos tempos, tudo se degradou e virou vinagre, talvez esse
vinagre sirva para tempêro de alguma salada de hortaliças ou até de um
carreteiro desvirtuado, mas com gosto de saudade do que era nossa gente e dos
nossos costumes.
Um abraço. Ivanhoé;
AFIF JORGE SIMÕES NETO
Estimados confrades: não percamos tempo com teses. É simples: essa gente quer apenas matar um pouco da saudade das coisas do campo - a maioria veio do interior, tangida pela falta de oportunidades. Ando por lá sempre que dá no jeito, e me emociona o malocão sazonal de cada acampamento farroupilha. Prefiro aquele ambiente fumacento aos refrigerados gabinetes, e mil vezes a prosa tosca em torno de um fogo de chão às conferências sobre o novo CPC... Abraço de campanha. Afif
JULIO CESAR DE LIMA PRATES
Prezado Ruy:
Pertinentes tuas fotos,
afinal ensejam belas reflexões.
Alegorias e
estereótipos..
Esse ufanismo, aqui no
interior, reveste-se numa dessas válvulas institucionais de escapes sociais, ao
melhor estilo do carnaval. Não sem razão, todos se fantasiam para forçar uma
identidade. Fazem supostos galpões dentro das repartições públicas, inclusive
dentro das agências bancárias, almoçam arroz com charque e tomam guaraná em
copos descartáveis. (Depois morrem de sede o resto do dia).
A noite, bailes nos
piquetes e dê-lhe arroz com charque, cerveja, cachaça e Mano Lima. Dançam até
madrugada e brigam boa parte das noites. Não sem razão as ocorrências policiais
AUMENTAM e os plantões dos hospitais super-lotam nesses dias de comemorações
farroupilhas. A forma de um provar que é mais macho que o outro, encontra
justificativa subjetiva nos porres. Bêbados, (convenhamos, movimento
farroupilha é sinônimo de beberagem, senão não é coisa de gaúcho) encontram no
álcool razão e vazão para tudo aquilo que reprimem ao longo dos demais meses do
ano.
Pela madrugada, após os
ritos tresloucados dos galpões e piquetes, saem bêbados para suas casas, batem
os carros, e os que andam a cavalos, são puxados por esses. As ruas são
infestadas por cocô de cavalos, literalmente.
Como tudo começou ainda
dia primeiro e isso vai estender-se até o dia 20, é quase um mês produzindo
esse caricato quadro social, onde o tradicionalismo reveste-se de fantasias e a
identidade que mais aflora é do bêbado, do irresponsável, do inconsequente ...
E nem estou falando que
- aqui no interior - é cena comum o gaúcho bêbado urinar pelas ruas, acrescentando
um aroma humano ao xixi e cocô de cavalos e éguas que infestam e desgraçam o
perímetro urbano das cidades (no tradicionalismo, vale tudo). Em cima do cocô
vem o mosquedo...
Um
caos, amigo Ruy. Ninguém me convence de que isso é reviver tradições e cultuar
uma identidade. Essa esteriotipização não tem nada a ver com sentimentos
cívicos e culto às tradições ancestrais e suas páginas de glória, se é que são
de glórias mesmoIVAN SAUL
Tendo em vista que sou um
tradicionalista atávico, não posso me furtar de opinar quando o assunto
Tradicionalismo entra em pauta, note-se que as maiúsculas e minúsculas são
propositais. Em postagem anterior tive oportunidade de comentar sobre meu
passageiro envolvimento com o culto às Tradições Gaúchas ou, bem como, por um
ou outro caso familiar, também tive oportunidade de narrar um pouquinho do meu
intenso envolvimento com a cultura campeira e tipicamente riograndense.
Muita gente, com muito mais
luzes que eu, já escreveu sobre o gauchismo e, me parece, à ninguém foi dada a
capacidade de esgotar tema tão extenso e vibrante. Analisando apenas alguns
expoentes da literatura, João Simões Lopes Neto, no Brasil, e José Hernandez,
na Argentina, que aí estiveram na época certa e puderam conviver com uma
"personalidade coletiva" [acabo de desafiar as leis da física] em
fase final de formação, a qual prontamente entrou em declínio como consequência
do sistema democrático e representativo republicano [eu sei que a Argentina
tornou-se independente e republicana simultaneamente, quem não sabia era D.
Juan Manuel de Rosas tiranete local metido a monarca]. Pedro II, à frente da
Tríplice Aliança, com sua insistência em eliminar fisicamente o outro tiranete
com aspirações totalitárias, Francisco Solano Lopez, deu início à degradação
cultural e continuidade ao extermínio de uma linhagem particular de homens,
processo já em curso na Argentina de Domingos Faustino Sarmiento. Linhagem
esta, produto do isolamento geográfico e do abandono intelectual, por parte do
Estado e da Igreja.
Sem querer polemizar sobre
tema polêmico, preciso dar voz aos que pensam diferente, os que em geral
permanecem calados. Sei que há, e respeito, uma corrente de pensamento, que
pretende negar as diferenças do caráter da gente do sul. Digo
"pretende" por, pessoalmente, não ser capaz de aceitar argumentação
subjetiva baseada principalmente em preconceito, negação ou
ressentimento/revanchismo. Palavras fortes que não devem ser lidas fora do
contexto da questão cultural que abordamos no momento, são simples definição,
conceituação.
Aliás, culturais são as
diferenças de caráter citadas e, convenhamos, descontados os ufanismos
guerreiros, ainda resta grande variedade de traços culturais a nos diferenciar
dos povos do resto do país, e dos
seus variados caráteres. Tomemos como exemplo, não os diversos gêneros musicais
encontrados, porém, a sutileza das diferentes cadências do samba produzido no
Rio, São Paulo, Salvador, Porto Alegre... Para "eles" que não chegam
a compreender, é "chato" o que cantam, por exemplo, Lupicínio
Rodrigues e os Engenheiros. Nós os defendemos por bairrismo, simplesmente? Falo
aqui de amenidades, samba, rock, futebol e, sinceramente, não vejo
possibilidade de negar as diferenças.
Voltando ao tradicionalismo,
quero crer que aqueles à quem não foi dado entender a Saga de Érico Veríssimo -
o expoente do romance histórico, gênero tão atual - em que o autor, como pano
de fundo, descreve a formação histórica e geográfica do nosso estado e seu
povo, quem sequer folheou "O Tempo e o Vento", deveria ser proibido
de usar bombacha e intitular-se gaúcho. Assim, aquele que, como eu, não leu,
nem nas condensações do Reader's Digest, Karl Marx ou John Maynard
Keynes não poderia intitular-se Liberal, Comunista, Socialista ou
Neoliberal.
Beber cachaça, viver acampado, maltratar animais [gosto do
inglês mistreating pois remete a confusão, malentendido - não
acredito na maldade pela maldade, simplesmente], são manifestações culturais
bem arraigadas e, de um ponto de vista moderno, traços deploráveis da
personalidade gaúcha, como o são as Corridas de Toros ou os Rodeos,
as matanças de focas, golfinhos, cangurus... que ocorrem em países e povos,
pretensamente, muito mais desenvolvidos e educados.
Então, não podemos catalogar o "favelão gaudério" - que
para quem gosta é melhor que futebol e carnaval - na pasta "Efeitos da
Ignorância [e pobreza de espírito]", encerrando o caso, precisamos como
disse, sempre certo na sua concisão, o Confrade Wartchow, examinar os
propósitos dessa tal manifestação. Ao MTG, autointitulado, entidade máxima do
Tradicionalismo Gaúcho, que há uns 80 anos consegue congregar essas pessoas em
torno de "manifestações culturais" [em parte duvidosas, posto que não
ultrapassam o campo das teorias - supomos que tenha sido assim], não caberia
uma revisão de seus procedimentos? Não é chegada a hora do movimento cultural
tornar-se, também, educacional? Do Estado intervir, no bom sentido?
Prezadíssimo Confrade Prates, concordo em gênero, número e grau
com a tua manifestação, me reservo, porém, o direito de divergir no que se
refere ao protesto relativo à bosta de cavalo. Com tanta bosta de governante
que temos por aí?!
Grande e fraterno abraço do Ivan.
"Me queiram bem que não lhes custa!"