Terminei minhas coisas em P. alegre e saí a toda brida de volta ao meu refúgio marítimo, meu útero no qual me protejo em posição fetal virtual.
Chego, dispo-me dos paramentos citadinos e saio de bermuda à praia, que dista menos de 50 metros.
Increible. Janeiro, alta estação. E a praia , em xangri la , está deserta. O mar , com seus bramidos, tenta me chamar a atenção. Sopra um vento quase frio. São 21,37.
Sento-me no alto de um cômoro e deixo que o vento me conte as novidades de outras paragens.
Não me sai da cabeça a frase da poeta Else Laske-Schüler-
Die Gedanken..., fallen mich wie Wölfe an.
( Gedank - pensamento; Wolf - lobo; Wölfe-lobos)
Os pensamentos me assaltam como lobos.
Estou na melhor fase de minha vida.
Liberto.
Trabalhei uma vida para me dar condições de me fazer liberto.
Agora vou me dar ao luxo de ouvir o que o vento tem para me contar de outras paragens.
Para início de conversa ele me traz um sopro de vento frio.
Frio, sim, frio que me traz as melhores lembranças da vida.
frio. Como te necessito. Como te extraño.
( essa crônica vai para o jovem Matheus Gessinger-Bremm, de 1 ano de idade que me acompanha nas minhas meditações)