sábado, 5 de janeiro de 2013

A ESTÉTICA DO FRESQUINHO

Está imperdível o caderno de Cultura de hoje em ZH. Gostei demais do artigo A ESTÉTICA DO CALOR,  de Ismael Canepelle.
No contraponto da estética do frio, da qual já fui partidário, por achar que reflexão, seriedade, filosofia,   trabalho, ordem, só tem lugar no FRIO.
Nem com os mil splits que  mandei instalar lá  na estância, consigo resistir ao calor aplastante do Pampa gaúcho. O zumbido das cigarras me faz sentir mais calor ainda, o que se agrava bastante com o ciciar das cascavelas e o sibilar das cruzeiras, sempre prontas estas a picar as vaquinhas. Nem as moléculas se mexem. Aureliano, tão incensado e tão pouco lido, narrou tudo isso  nas Memórias do Coronel Falcão. Ninguém como ele descreveu as ressolanas que fazem as tardes parecerem  eternas.
Mas agora fiquei adepto da estética do fresquinho.
A estética do fresquinho é o cara ter uma casa a no máximo 50 metros da praia em Xangri La. Não pode ser em Capão, nem em Remanso. nem nas ilhas Seychelles, talvez possa ser em Tôrres. Sempre tem um ventinho, o que os brochonildos que só gostam de sol, chamam de nordestão. É esse bendito vento nordeste que nos deixa dormir com um edredonzinho à noite e sestear de janelas abertas.
- ´, mas nesse mar não dá pra tomar banho....me redargui um amigo
- sai dessa, otário, - replico eu -  praia é só para caminhar, ou  tu queres te afogar e levar um boca a boca de um salva-vidas?