terça-feira, 6 de outubro de 2015

ACONTECEU ANOS ATRÁS EM BUENOS AYRES


Esses dias, no Canal Cult passou o filme Melancholia. As cenas do baile de casamento, todo mundo vestido a rigor e dançando junto, são lindas.Aliás na Europa é comum os adolescentes irem a escolas de dança. Em matéria de dança eu sempre fui um coreógrafo fraco, se bem que muito mal intencionado.
 


Mas o que queria contar é que lá por l985 fui com uma turma de juízes e promotores a Buenos Aires . Jantamos no bairro La Recoleta e depois fui com um amigo na Calle Florida. Tinha uma casa de tangos chamada Volver. Subimos uma escada e demos com um ambiente  “ a media luz” com tudo enfumaçado de tanto cigarro.


Agora vem o incrível. O salão estava repartido: homens para um lado, mulheres para outro . Perguntei a um senhor do meu lado como se fazia para “ tirar” uma muchacha para bailar?


Ele me explicou que eu deveria olhar fixamente para aquela que me agradasse, “ hacerle un cabeceo” e se ela respondesse com um meneio, estava feito o brique.


Fiz tudo certo e a “ morocha” me indagou:


Como te llamas rubiezito?


Ruy, respondi.


Ah Ruyz? Que hermoso,  encantada, Mabel!falou ela.


Pois ela se atirou em mim, me enlaçou pela cabeça, tronco e membros e saiu dando pinote e retruques para lá e para cá, tinha uma saia com fenda, levantava a perna, enroscava em mim e eu me sentindo como um terneiro enrolado pela sucuri e  me condenando por não ter perguntado “ como hacer para salir”.


Como tinha tomado uns goles antes, fiquei com medo de cair e fazer um fiasco.


Ia fingir uma tosse repentina e compulsiva e sair campo , digo, porta afora, mas ela, desolada com minha absoluta inépcia  para esses meneios que beiravam às primícias do jogo genésico, me dispensou mal terminada a “marca”


-Perdón, nene,  sos muy guapo, pero tengo más que hacer...


-


Voltei ao hotel com meu colega me gozando e contando para os demais meu fracasso como tangueiro.


Gostava bem mais dos bailes do Club União, com a Orquestra Cassino.Se bem que para as gurias deixarem dançar de rosto colado era uma missa. Mas antes assim do que aquele enrosco com a castelhana. Na real foi nos carnavais do Corinthians que eu tinha mais sorte. Tanto que certa vez... mas isso é outra história...