A Maristela tem dentro de si,com muito mais relevo do que eu, uma criança.
Tudo é pretexto para ela se empolgar e enfeitar as casas que habitamos.
Aqui em Xangri La - posso estar enganado - (as coisas mudam), mas as luzinhas e enfeites das casas " mermaram",como se diz em Unistaldês. Parece que a Globo não aconselha mais a prática.
Maristela tem que ser contida porque, nem bem terminou o mês de novembro, já quer colocar guirlandas nas portas, luzinhas piscantes sobre as folhagens, Papai Noel com lâmpadas nos olhos, essas coisas.
Sobe em escadas, fixa os enfeites, testa, sai para comprar mais.
Dei a ela um marco temporal ( dies interpelat pro homine) para retirar todas essas benfeitorias " voluptuárias", como se fala em juridiquês. O marco final é o dia dos "Santos Reses",como se diz na região dos catarinas. Dia 6 de janeiro tem que tirar o Papai Noel e toda sua pompa.
Temos um jovem casal de vizinhos, que tem dois pequeninos gêmeos. Todos os dias passam com cadeiras etc rumo à praia. Os meninos sempre abanam para o grande Papai Noel e seguem relutantes ,torcendo os pescocinhos. Na volta estaqueiam e abanam de novo para o Bom Velhinho, tendo que ser compelidos pelos pais para seguirem. Da minha cadeira contemplo a cena.
Mas,como dizia, Maristela , sem incorrer em contumácia, retirou a parafernália no dia seguinte ao esgotamento do prazo.
Acabaram de passar os piazinhos.
-Mãe! o Papai Noel fugiu!
