Parabéns, Rogério. Acrescento que duvido de todos e quaisquer
aglomerados caça-níqueis, desde a Disneylândia, Las Vegas, estádios de
futebol, Acampamento Farroupilha, Vaticano, etc.
No último que citei, o Vaticano, todos os meus músculos
horripiladores eriçaram meus cabelos. Formada em colégios católicos, lembro-me
de ver um solene “diploma” vermelho e dourado, assinado pelo Papa, na sala da
“ma mère” (Colégio Sévigné). Mais austero, impossível.
Aí, visitei o Vaticano, na década de 80. E vi centenas de barracas
intra-muris vendendo pirulitos com o rosto do Papa, chinelos com a estampa do
Pontífice e impressoras lançando, em leques, frenéticas, pilhas e pilhas daque
solene e austero diploma visto na minha infância. E os camelôs gritavam para
não comprarmos das barracas extra-muris, pois as mercadorias “de lá” não eram
bentas pelo Papa. E foi há 30 anos atrás.
Adentrando na Basílica, percebi um painel com cinco fileiras de 10
lâmpadas com formato de velas, tendo, ao lado de cada fileira, uma fenda para
enfiar moedas, com os dizeres: em cada fileira, colocando-se uma moeda, 10
almas seriam salvas do purgatório. Quem preenchesse todo o painel, salvaria 50
almas.
Mais adiante, elevadores levavam os fiéis aos andares superiores.
Mas somente mediante pagamento! Saliente-se que ônibus e mais ônibus depejavam
cadeirantes e idosos do mundo inteiro.
Ao chegar na porta da Capela Sistina, a guia nos pediu silêncio,
pois o local exigia contrição. Entrei e vi a maior muvuca de minha vida: mãe
trocando fralda de criança, japoneses de tênis bordados de pedrarias, mascando
chiclé e jogando iô-iô ao apreciar os afrescos de Michelangelo, entre outros
fatos estarrecedores.
Outro dia, fui na igreja onde estava a estátua de Moisés. Colocada
num canto muito escuro, tínhamos que colocar uma moeda numa indefectível fenda,
que acendia uma lâmpada por poucos segundos. Extasiados com a maravilhosa obra,
as moedas na fenda sucediam-se, até podermos apreciar toda a estátua.
Na mesma igreja, havia uma escada, de madeira, com fendas nos
degraus, deixando uma parte da pedra ser vista. Dizia o cartaz que Jesus havia
subido naquela escada, logo, nenhum mortal poderia subir nela sem ser de
joelhos. Indignada, vi velhinhas de cabelos de algodão realizando o tal
sacrifício, pois lá em cima “havia uma bela surpresa”, dizia o padre postado
ali. Perguntei qual era a surpresa, ele disse que eu teria que subir para
ver. Detalhe: escrito em três idiomas, havia o aviso que, subindo na sexta-feira
santa, TODOS os nossos pecados seriam perdoados. Nos demais dias, somente 50%
deles.
Ao dizer para o padre que não subiria de joelhos, ele me liberou
para subir normalmente e foi o que fiz. Sabem o que havia lá em cima? Uma
lojinha de souvenirs, que vendia terços, camisetas, binóculos com fotos do
Papa, etc.
Portanto, o acampamento farroupilha ainda engatinha, perto de
outros locais pelo mundo.
Abraços,
Laís Legg