sábado, 9 de novembro de 2013

SEGUE A POLÊMICA - MAIL DA PSIQUIATRA E COMUNICADORA LAIS LEGG


Parabéns, Rogério. Acrescento que duvido de todos e quaisquer aglomerados caça-níqueis, desde a Disneylândia, Las Vegas, estádios de futebol,  Acampamento Farroupilha, Vaticano, etc.

 

No último que citei, o Vaticano, todos os meus músculos horripiladores eriçaram meus cabelos. Formada em colégios católicos, lembro-me de ver um solene “diploma” vermelho e dourado, assinado pelo Papa, na sala da “ma mère” (Colégio Sévigné). Mais austero, impossível.

 

Aí, visitei o Vaticano, na década de 80. E vi centenas de barracas intra-muris vendendo pirulitos com o rosto do Papa, chinelos com a estampa do Pontífice e impressoras lançando, em leques, frenéticas, pilhas e pilhas daque solene e austero diploma visto na minha infância. E os camelôs gritavam para não comprarmos das barracas extra-muris, pois as mercadorias “de lá” não eram bentas pelo Papa. E foi há 30 anos atrás.

 

Adentrando na Basílica, percebi um painel com cinco fileiras de 10 lâmpadas com formato de velas, tendo, ao lado de cada fileira, uma fenda para enfiar moedas, com os dizeres: em cada fileira, colocando-se uma moeda, 10 almas seriam salvas do purgatório. Quem preenchesse todo o painel, salvaria 50 almas.

 

Mais adiante, elevadores levavam os fiéis aos andares superiores. Mas somente mediante pagamento! Saliente-se que ônibus e mais ônibus depejavam cadeirantes e idosos  do mundo inteiro.

 

Ao chegar na porta da Capela Sistina, a guia nos pediu silêncio, pois o local exigia contrição. Entrei e vi a maior muvuca de minha vida: mãe trocando fralda de criança, japoneses de tênis bordados de pedrarias, mascando chiclé e jogando iô-iô ao apreciar os afrescos de Michelangelo, entre outros fatos estarrecedores.

 

Outro dia, fui na igreja onde estava a estátua de Moisés. Colocada num canto muito escuro, tínhamos que colocar uma moeda numa indefectível fenda, que acendia uma lâmpada por poucos segundos. Extasiados com a maravilhosa obra, as moedas na fenda sucediam-se, até podermos apreciar toda a estátua.

 

Na mesma igreja, havia uma escada, de madeira, com fendas nos degraus, deixando uma parte da pedra ser vista. Dizia o cartaz que Jesus havia subido naquela escada, logo, nenhum mortal poderia subir nela sem ser de joelhos. Indignada, vi velhinhas de cabelos de algodão realizando o tal sacrifício, pois lá em cima “havia uma bela surpresa”, dizia o padre postado ali. Perguntei qual era a surpresa, ele disse  que eu teria que subir para ver. Detalhe: escrito em três idiomas, havia o aviso que, subindo na sexta-feira santa, TODOS os nossos pecados seriam perdoados. Nos demais dias, somente 50% deles.

 

Ao dizer para o padre que não subiria de joelhos, ele me liberou para subir normalmente e foi o que fiz. Sabem o que havia lá em cima? Uma lojinha de souvenirs, que vendia terços, camisetas, binóculos com fotos do Papa, etc.

 

Portanto, o acampamento farroupilha ainda engatinha, perto de outros locais pelo mundo.

 

Abraços,

Laís Legg