Pessoal
!
Depois
de tantos balaços, planchaços e outras cositas, me meto na briga. Vou armado
com minha alma simples de gente de Cacequi. Nascido de familia pobre, com 14
irmãos, consegui superar o circulo da miséria e hoje consigo levar uma vida de
classe média, com meus tres filhos crescidos e bem encaminhados na vida e que
já me deram 5 netos que tornaram ainda maior a minha alegria de viver. Sou
grato ao bom Deus que me proporcionou tudo nisso e por tudo que tenho dou e
sempre darei graças ao Senhor.
Dito
isso, pois acho necessário que saibam de onde venho e o que sou, para verem que
as idéias abaixo são fruto, antes de tudo, de uma vivência de 66 anos.
Creio
que alguns confrades assumiram, certamente sem querer, um pouco de preconceito
sobre essa questão de gauchismo, de gente de botas e bombachas, acampamentos e
CTGs. Na verdade, para o homem de interior, na segunda metade do século passado
ele tinha que achar formas de conviver socialmente. Como a maioria não podia
associar=se aos clubes finos das cidades (que sempre se chamvam comercial ou
caixeral), encontraram nos CTGs o local onde podiam dançar, conviver e
ali a cultura gaucha de expandiu. Não são palhaços ou caricatos aqueles que, na
capital do estado ou em outros lugares do Brasil e do mundo, colocam suas
pilchas para reviver um pouco o passado, do qual se orgulham. Que, como
todo o passado, tem as coisas boas e ruins. Mas se é para cultivar, vamos
cultivar as coisas boas. As ruins, esquecêmo-las. Não poderemos negá-las, mas a
vida continua.....
Sempre
me perguntei porque as pessoas, na sua maioria de Porto Alegre, ficam que nem
sardinha em lata no trensurb, para irem a expointer. Afinal, a maioria jamais
poderá ter um sitio ou uma fazendola para, se fosse o caso, criar alguns
bichinhos que eles vêem lá. Acho que isso é um verdadeiro amor ao seu passado,
vivido no interior e, na capital, encontram essas formas de lembrar o passado e
reviver algumas tradições. Me desculpem os mais letrados, mas querer um um
homem simples do interior tenha condições de discernir sobre fatos históricos
sobre os quais os próprios historiadores discordam, é querer demais, ou quem
sabe a expressão de uma forma de exclusão, que acho não ser o caso dos caros
confrades. Nunca fiz uma cavalgada (do mar, da serra e até mesmo
internacionais), mas já me dei o trabalho de conversar com alguns cavaleiros
que as fazem. Olha pessoal, tem de ver o orgulho deles, com seus animais, suas
roupas. Claro que temos de relevar eventuais excessos (mas quem não os faz ?)
Atire a primeira pedra !!!! Me lembro dos bailes do CTG General Osório lá em
Cacequi, onde as familhas se encontravam, trocavam idéias e falavam, pois a
musica permitia. Tentem fazer isso num baile nos dias de hoje na Capital ( ou
mesmo no interior, pois a praga da musica a 200 decibéis já chegou por lá). Não
se trata pois de falso gauchismo, mas sei lá, uma forma de expressão cultural
da grande maioria da população riograndense. E isso que perdemos a guerra. Já
pensou se a gente ganhasse ? E posso garantir ( essa é para o Prévidi)
que essas pessoas, ao contrário, querem o progresso e não são contra nada disso
que foi dito. Convivi mui com o saudoso Glauco Saraiva e ele sempre me dizia
que o cavalo do gaucho no futuro seria nave espacial , que confundir
gauchismo com atraso era burrice. Acho que ele tinha razão. A propósito disso,
tenho quase certeza de que as pessoas que são contra aquilo que o Previdi
disse, são na verdade, em sua maioria, gente que estudou e jamais colocou uma
bombacha, seja para trabalhar na fazenda ou para ir a um baile. O assunto
vai longe. Por enquanto, paro por aqui. Abraços a todos e que o bom Deus os
ilumine.