Nasci em 1947. Minha mãe teve quinze filhos. Destes, só
sobreviveram 11. Hoje estão vivos somente 7. Minha mãe ainda vive. Fez noventa
anos. Meu pai, falecido na década de oitenta, era analfabeto. Por essas coisas
da vida, era motorista profissional. Dirigia o caminhão do engenho de arroz lá
de Cacequi. Bebia muito e morreu com cirrose. Sempre nos disse que deveríamos
estudar. E para isso fez o que pode. Naquela época, na minha cidade, não tinha
nem o antigo ginásio. Quando criaram o ginásio, era particular e obviamente não
tinha dinheiro para pagar os estudos meu e do meu irmão mais velho. Entretanto
o criador do ginásio, quando passei no primeiro exame de admissão que foi
feito, e passei em segundo lugar, chamou-me e me disse que não precisava pagar
o colégio. Ele ia dar um jeito. E assim foi. Estudei até a segunda série ginasial,
quando o mesmo diretor me disse que não poderia continuar aguantando sem eu
pagar. Aí parei de estudar. Fui trabalhar em uma padaria, primeiro entregando
pão, depois fazendo. Até completar 14 anos, quando pude então trabalhar no
engenho como varredor (os caminhões que traziam as cargas de arroz, ao serem
descarregados deixavam cair grãos e a gente varria e juntava ( trabalho com
carteira assinada). Aí então pude voltar a estudar, no ginásio, que a essas
alturas, já era estadual e funcionava no período noturno.
Me formei. Quando fiz dezoito anos, vi que deveria sair de
minha cidade, pois só tinha o ginásio e eu queria estudar. Vim para Porto
Alegre. Cheguei numa sexta feira e na segunda já estava trabalhando de auxiliar
de escritório numa revenda de fogos de artifícios na av. Pernambuco, quase
esquina Farrapos. Consegui uma vaga no Colégio Infante Don Henrique, lá no
bairro Menino Deus, onde terminei o segundo grau.
E por aí foi. Me formei em administração da PUC. Trouxe meus
pais para morarem em Porto Alegre, por problemas de saúde, junto com o resto da
família. Meus irmãos e irmãos nunca quiseram continuar os estudos. Casaram-se,
formaram família e hoje estão espalhados pelo Rio Grande.
Formei uma família maravilhosa. Três filhos e 6 netos
maravilhosos. Mas dei muito duro para isso. E não me arrependo. Um dia, saia de
minha casa, que construí com muita dificuldade, no bairro Santo Antonio, quando
um homem me enfiou uma pistola na cara e disse que ia me matar. Enquanto isso
outro entrava no meu carro, dialogando, consegui com que ele ficasse só com
minha carteira e meu cartão de crédito e levasse o carro junto com seu
comparsa. A partir dai, resolvemos nos mudar para um condomínio fechado, com guardas nas entradas.
Meu filho mais velho, um dia foi assaltado dentro de sua
clínica e levado como refém. Minha filha só não foi raptada em função da ação
de seus colegas de trabalho na clinica onde estagiava. Resolvemos então comprar uma casa num condomínio na
praia, cercado e com guardas, para que pudéssemos veranear com
filhos e netos.
Porque estou contanto tudo isso? Porque fiquei meio
incomodado com o que escreveu nosso confrade Silvio Meincke, sobre essa questão
dos deserdados. É verdade muitas coisas que ele diz. Mas QUE CULPA TEMOS NÓS,
que pagamos impostos, trabalhamos, conseguimos sair da miséria com o fruto do
nosso esforço e trabalho da situação desses deserdados ? É verdade que eles
existem, não nos números citados, mas mesmo que sejam em número menor, não
podemos ignora-los. Temos, inclusive de trabalhar para que consigam sair desse
círculo miserável que é a miséria, deseducação, preguiça, falta de
oportunidades, exploração política da pobreza, etc...etc..., mas daí a dizer
que um dia farão um revolução contra os que estão em melhores condições de
vida, vai um caminho muito grande.
Como diz a Sagrada Escritura, o que tu a mão direita faz,
que a esquerda não saiba. Por isso, acho dispensável falar no que faço como
cristão, praticante, em benefício dos meus irmãos menos aquinhoados.
Acho que conseguiremos ter o país que queremos, quando todos
tiverem oportunidade, mas é fundamental que, tendo oportunidade, tenham
vontade. Isso é essencial. Que todos tenham acolhido o que nos ensnou o Mestre
na Carta Aos Tessalonicenses:"Porque, quando ainda convosco, vos
ordenamos isto: se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato,
estamos informados que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não
trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e
exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu
próprio pão" (2 Tessalonicenses 3:10-12).
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LAIS LEGG
há gente querendo levar vantagem sem fazer
esforço, ou seja, sem trabalhar. Tal qual uma luta, vence o mais hábil.
Mas considero que o grande ausente em tudo isso
é o pensamento lógico, que deve ser ensinado em casa tão logo a criança
abandone as fraldas. O pensamento mágico só é aceito em crianças (observem-nas
brincando), índios aculturados, esquizofrênicos e artistas (quando estão
criando). Portanto, meus amigos, com tanta informação que nos chega por todas
as espécies de mídia, acreditar que alguém que se intitule juiz e ande em
cafeterias oferecendo imóveis que irão a leilão, cujos processos estão sob sua
batuta, é querer associar-se à vigarice, não lhes parece?
As grandes vigarices encontram eco porque alguém
escuta o que sonha ouvir. Por isso, tantos homens espertos pegam as economias
de uma vida toda de algumas mulheres só dizendo “eu te amo”. Por isso, tantos
homens carecas compram as melecas mais absurdas para ter o cabelo de volta. Por
isso, tantas pessoas obesas compram substâncias milagrosas e milagreiras para
perder peso (basta ligar a TV, à tarde). Por isso, tantos homens impotentes
compram elixires e licores. É o pensamento mágico assassinando o pensamento
lógico. Acredita em dogmas quem quer.
Claro que, em tempo que vemos que há juízes que
vendem sentenças, que recebem propinas, etc, sabemos que pode ser verdade. Mas
seria correto negociar com eles? Felizmente, são poucos os juízes que assim
agem, a maioria tem conduta irretocável. Aplico o mesmo pensamento à Medicina:
há milhões de médicos competentes, confinado dentro de hospitais, labutando por
horas a fio para salvar vidas, porém há aqueles que pertencem à mafia de
branco. Recentemente, foi veiculada a notícia que um médico oncologista dava
falsos diagnósticos de câncer e submetia os pacientes a caríssimos tratamentos
quimioterápicos.
Cientificamente, já está comprovado: 1% da
população mundial é sociopata. É gente p´ra caramba! Somente em Porto Alegre,
temos 15 mil pessoas com desvio de caráter. É claro que há hierarquia, temos os
sociopatas “leves” (falsários, gente que rouba bolachas – não é, Prévidi?, pede
dinheiro emprestado e não paga, etc) e os “pesados” (assassinos de aluguel,
“serial killers”, etc).
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ÉLVIO LOUREIRO
penso que os tempos são outros, lembro-me que nunca tivemos
abertura com nosso pai, o respeito superava o medo, na mesa ninguém podia
falar, diálogo era muito raro, compartilhar experiências era coisa rara, sinto
falta até hoje de não ter tido chances de aproveitar melhor as oportunidades de
aprender um pouco das mais de suas habilidades ,,,
Na escola Marista, onde estudei, não era nada diferente, tínhamos
o hábito de rezar no inicio e fim de cada aula, nada de conversas paralelas,
qualquer desvio virava castigo, questionar alguma coisa era sinônimo de
contestação, que resultava em alguma punição ,,,
Coincidentemente, hoje comemoramos aproximadamente 191 anos da
imigração alemã no Brasil, povo desbravador, batalhador, colonizaram muitas
regiões, ajudaram no desenvolvimento, cultura forte, que enraizou-se em muitas
comunidades, famílias composta por muitos filhos, que ao atingirem determinada
idade, grande maioria com menos de 14 anos eram obrigados a trilhar seus
próprios destinos, saíam de casa com uma maleta e algumas peças de roupas na
busca de seu próprio sustento.
O tempos são outros, hoje há uma grande interferência dos meios
que conspiram para uma realidade muito diferente daquela que herdamos de nossas
famílias, tudo aquilo que se constrói dentro de casa, na esquina os grupos
predadores se encarregam de influenciarem no sentido contrário, o mundo das
oportunidades fáceis destruiu princípios importantes na formação dos nossos
filhos, razão de hoje ser muito importante compartilhar de uma forma mais
intensa, não que a maturidade daquela época era precoce, pelo contrário, mas
diferentemente e contrastantemente a de hoje é mais dependente de conseguir a
sua própria autonomia de vida ,,, e carente de uma boa orientação ,,,