Ruyzão e Confrades.
Pra o Ruy, colega ruralista e
conhecedor das elucubrações administrativas que me vão n'alma, não
acrescentarei novidade nem haverá surpresa no que tenho à dizer sobre o tema.
Pros 'paisanos' da agropecuária poderei parecer um pouco mais radical do que me
hão de considerar. Mas afirmo já de arrancada, a comunicação mata a gauchada!
Em algum momento, acho que
comentei isto, ficou mais fácil locomover-se de bicicleta, hoje é pior existe a
moto. Algum dos leitores conhece um trabalhador rural [não, não desse tipo que
não tem terra], um peão, trabalhador de verdade, que não tenha uma
"125"? Tá bem, a maioria tem carro, não necessariamente CARRO, mas
tem, ademais de guardar sua CGzinha atravancando alguma passagem.
Bueno, o antigo trabalhador
'de à cavalo', que troteava de sol-a-sol, recorriendo campo, e
parando rodeio, e curando bicheira recendendo creolina. O peão, que orgulhoso
de ter sido chamado pelo patrão e justado como 'mensual, com casa e
mantido' ele e a família.
Quando o gado é brabo, sai em
trios na temporada de parição, um laça a vaca o outro o terneiro, o terceiro
'cura' o umbigo e tira o laço do terneiro pois será necessário pra laçar
as patas da vaca e, derrubando-a, permitir a retirada do laço da cabeça que 'acama'
cerrado e não afrouxa mais. E ela levanta, berrando, bufando e babando,
esparrama cavalos e homens até encontrar seu rebento chorão e seguir a trote
pra longe.
E a manobra se repete 20, 30,
50 vezes num dia, todos os dias. Já apertados de serviço no pico da parição, o
capataz que tem autoridade pra isso, ajusta um, dois, três jovens solteiros
'por dia, mais cama e comida na mesa'. Alguns, vão ficando, outros se vão, uns
poucos amadurecem, ascendem na hierarquia, e se justam de mensuais, já
podem casar e vir morar na estância.
Mas não era isto que eu ia
contando. Como sempre, divaguei...
Num início de noite,
sexta-feira, planejando o serviço do sábado, lá por oitenta e picos noventa, um
capataz, mulato alto e desempenado, com olhos cinzas e espertos de potro
zarco, me olha bem na cara e sentencia: "Doutor, agora é semana
'ingresa', é 44 hora!"