Outro dia eu dizia ao Grão Mestre, em correspondência
privada, sobre sua capacidade de estimular-nos mentalmente pelo seu blog. Onde
os temas propostos nos conduzem a elevação moral [ou espiritual, como queiram]
através da reflexão aprofundada e do questionamento desde o ponto de vista
filosófico. Admiro, principalmente, tendo dito à ele no início da nossa
amizade, a capacidade do Dr. Gessinger de congregar, nesta nossa irmandade,
personalidades tão diversas - homens e mulheres, liberais e socialistas,
advogados e veterinários, agnósticos e religiosos - cujo traço comum, além da
admiração pelo homem Ruy, é a inteligência. Desnecessário dizer que, tirando eu
[a falsa modéstia exige], o alemão sabe se cercar de gente pensante, muitos
românticos e sonhadores, como ele sabe ser na estância ou na praia, outros
tantos, realistas como o tipo que "assiste o mundo ao vivo", viajando
ou desde as janelas de suas torres portoalegrenses.
Chega de bajulação. O negócio é o seguinte Dr. Ruy, tô desde
ontem quebrando a cabeça com esta coisa de "colapso social", o
Villela e o Wartchow, se deixaram seduzir pela tua proposição e abordaram
lindamente o assunto - as civilizações suicidas e as dificuldades forjando a
organização social. Passei a noite escorregando no mesmo sentido, buscando
explicações científicas - ou pseudo, no meu caso, dado que empíricas - na nossa
história, etnias y qué sé yo.
Acordei com a certeza de que, motivado por desilusão,
propositalmente nos induziste ao erro, falaste em colapso social, contrato
social e até nas cuecas do Getúlio, querias nos convencer de que existe algo
passível de ser chamado Sociedade no nosso amado Brasil. Minha teoria é muito
melhor, posto que mais confortável [ou risível], nosso contrato social ainda
está por ser escrito, nosso tecido social por ser tramado, nossa Nação por ser
unida sob algum pretexto, qualquer pretexto, que não seja humanóide - o Imperador,
Gegê, Collor, Lula... - nem abstrato como a Seleção, a Bandeira ou a
Constituição, todos incapazes de nos tornar "patriotas permanentes", de
por vida [toda la vida?!?!?!]. Nós "O Povo", temos que ser
Nacionalistas e Populares - "Nac&Pop" - não os governantes, não a
mídia, não os educadores, não os pais.
Nos une sob o mesmo guarda-chuva a educação que carregamos,
não a educação frouxa e indulgente que está voltada ao ensino de macetes para
lograr aprovação, do Kindergarten até o Doctor of Philosophy,
onde contempla-se a especialização em detrimento do generalismo, isto é, o
econômico em detrimento do humanismo. No mundo das corporações, formam-se
trabalhadores ávidos pelo êxito individual, traduzido em salário, ao invés de
formar homens que visualizem "o todo" e suas implicações pessoais, a
famosa "qualidade de vida".
Como educador que fui - ou sou, já que não existem
ex-educadores, não entre os vocacionados - vejo a solução para o colapso, e
renovo minhas esperanças num Brasil melhor, sonhando com o dia em que o ensino
virá a ser tratado com seriedade por aqui. Esta é a esperança traída pelas
esquerdas e pelas diversas faces do neoliberalismo, através da falsa impressão
de democracia e de bem-estar generalizado trataram de nos convencer de que
quando o Estado vai bem regozija-se a Nação.
E o pecado contra a esperança, meus amigos, ainda é o pior
pecado que se pode cometer. Retirar-se do homem a esperança é devolvê-lo à sua
condição de animal falante.
Fraternal abraço... Ivan