Vou contar o acontecido cheio de dedos, pois não quero dar nos dedos de ninguém. Quem sou eu que já cheguei à conclusão de que a cada dia menos sei.
Deixando essas sedas ciciantes para lá, contou-me um daqueles Delegados de antigamente, que não precisavam ser bacharéis, que, há dezenas de anos, uma alta autoridade municipal, notabilizada por seus arroubos puritanos e sempre de dedo em riste, ensinando bons modos ao povo, teve seu automóvel furtado e sua casa arrombada. Levaram até um crucifixo de ouro.
Foi ter com o delegado. Esse lhe disse:
- dr., pelo jeito e maneira, isso é obra do Hermenegildo, ladrãozinho contumaz..
- E aí, delegado?
- perguntei pra ele e ele disse que não foi ele.
- e o sr. não deu um pau nele?
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Nós, brasileiros e muitos do primeiro mundo quando estão no 3. mundo , adoramos ultrapassar em lugares proibidos, passamos os pontos da carteira para os outros, queremos subornar os azuizinhos e votamos em quem votamos.
Surge uma acusação contra um político, exigimos no mínimo executá-lo pelo garrote vil em praça pública.
Olvidados de que nós somos partícipes da comédia. Ou como agora se pode dizer ( dado o novo livro ), " sêmos cumprice". Ou tão " arcaide" quanto eles.
Salvantes as exceções: como no nosso caso, caro leitor.
Ou seja, como diz o sr.Muricy Ramalho: tu e eu, novisfora, caro amigo, querida amiga, que me lêem.