quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

MEUS DIAS DE VERÃO EM SANTA CRUZ DURANTE A INFÂNCIA


Santa Cruz do Sul, minha terra natal, sempre foi muito quente.
Mas, na época em que eu era um piá de 8 anos, a cidade era circundada por uma rede de arroios cristalinos, cercados por matas ciliares, que nos quebravam o galho.
Pescávamos lambaris e cascudos, que nossas mães fritavam na banha.
Eu  passava o dia de calção, sem camiseta.Isso nas horas em que não tinha aula ou em que não era requisitado para ajudar a descarregar um caminhão no comércio do meu pai.
Aos domingos íamos à missa bem cedo, 6 da manhã. E então embarcávamos na flamante Dodge l952 do meu pai e partíamos para o Rio Pardinho, na localidade de Fingerhut. Ali acampávamos e a nossa diversão era ficar boiando com câmaras  de pneus, arranhando-nos todos no roçar com o ventil.
Pegávamos um vermelhão, que a mãe amenizava com maizena e água sobre as regiões  doloridas.
Meu pai tinha medo de água, não entrava no rio e ficava preparando o churrasco, que comíamos sem talheres.
Lá pelas 18 hs retornávamos para nossa casa e geralmente vinha a parte de que eu gostava muito,aqueles aguaceiros de verão. Hora de correr para a rua junto com a gurizada da vizinhança, tomar banho de chuva, ou armar uma pelada de futebol, no meio da rua mesmo, com uma bola de borracha.
E os raios e trovões sacudindo as torres de nossa catedral.
Imagina, meu leitor: eu gostava de tempestades.
Como diz o Loeffler: estou falando sério.
E as praias de mar? só vim a conhecer aos 18 anos.