“ Com noantri o senza noantri il mondo girará stesso” (
Com nós ou sem nós o mundo vai girar da mesma forma)
De uma mensagem pessoal de Frei Rovílio Costa
Era assim, no “talian “ que trocávamos comentários,em
geral críticos de minha parte,
confortadores e sábios da parte dele.
A epígrafe deste texto foi a propósito de um protesto que fiz sobre a
falta de divulgação de um livro da autoria dele e da equipe da editora EST. No
caso, foi “ Povoadores de Antônio Prado “, trabalho de um fôlego oceânico, de mais de mil páginas sobre quase todas as
famílias de minha cidade natal – inclusive a dos meus avós maternos – suas origens
nas diversas regiões da Itália até a relação de todos seus descendentes, seu
destino e localização posterior em todo o país.
Jorge Luis Borges, disse em certa entrevista que os
prefácios, as oratórias de sobremesa e de beira de túmulo são sempre elogiosas
e nem sempre reais.
Pois às do Frei Rovílio Costa e do Maestro Hardy Vedana ,
contrariando JLB, só podem ser
extremamente elogiosas e fidedignas.
Frei Rovílio foi um prolífico escritor e bibliófilo, dos maiores e
melhores que nosso meio cultural conheceu.E o Maestro Vedana além de músico
talentoso e apaixonado, teve várias obras publicadas e mais de vinte, lamentavelmente, ainda a procura de
editores. E um homem extremamente magnânimo e solidário com os músicos que,
como ele, lutaram e ainda lutam bravamente pela sobrevivência física e
artística..
Era de se emocionar, ao vê-lo em sua modesta casa,
reproduzindo para seus amigos, em raras gravações, um chorinho do Octávio
Dutra, um samba do Lupicínio ou o Alto da Bronze do Paulo Coelho
interpretado pela voz de Horacina
Correa, além de composições do Túlio Piva e interpretações de Caco Velho. Lutou
toda sua vida, tanto que foi presidente
do Sindicado dos Músicos, para que seus colegas de profissão fossem respeitados
e justamente valorizados.
Dos cerca de vinte livros de sua autoria e ainda não
publicados, já lemos , “ Cabarés de meu tempo “ , verdadeiro e maravilhoso tratado sociológico da vida noturna de Porto
Alegre da década de 40 em diante. Na verdade, trata-se de uma preciosa crônica de nossa história a espera
de um editor que tenha a suficiente e
necessária sensibilidade pra publicá-lo.
Enfim, fica entre nós a memória de dois artistas de raro
talento e a certeza de que sem eles
“ il mondo non girará stesso “
Franklin Cunha
Médico