domingo, 10 de fevereiro de 2013

O CARNAVAL - GENIAL COMENTÁRIO DE MENDELSKI

 O bom de ficar em casa no carnaval é que o ócio nos proporciona mais reflexão sobre o que estamos vendo na televisão neste período de Rei Momo. Estamos preocupados com as verbas públicas destinadas ao carnaval, as quais só não rolaram como a marchinha ("as águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar") em Santa Maria por força da tragédia da Kiss.
 Há dois pontos a destacar nessa situação. 1- Prefeito carnavalesco substituiu a sua autoridade pela de celebridade. 2- Qualquer prefeito se entrega à moda da Ideologia do Espetáculo. Prefeito que não faz carnaval na sua cidade é elitista e não ouve o apelo das "comunidades".
 Na verdade quem somos nós, hoje, em casa, evitando o carnaval? Uma minoria silenciosa que se nega a ouvir o coreano Psy num arranjo em axé para o seu sucesso mundial ou entender por que Ivete Sangalo comanda a folia em Salvador.
Rejeitamos essa "simbiose cultural" - Claudia Leitte e Psy - como os glóbulos brancos rejeitam corpos estranhos no nosso sangue. Acredito que alguém para ser celebridade deveria antes ter alguma autoridade.Um professor, um cientista, um político decente, mas pode ser também um Pelé que ganhou notoriedade pelo seu talento no futebol, sem precisar reforçar a sua imagem com cortes de cabelo ridículos e brinquinhos na orelha.
Acontece que nossas atuais celebridades se tornaram "autoridades do provisório" como diz Jurandir Freire Costa no seu livro "O Vestígio e a Aura". Eu também queria ver a Marta Rocha nua quando foi miss e hoje mulheres nuas vestindo apenas uma pintura no corpo (Globeleza em qualquer horário) acabaram até com as fantasias juvenis.
O Ideologia do Espetáculo tornou-se uma atividade econòmica. Vejam que maravilha: 2.500 empregos na montagem de carros alegóricos no Rio de Janeiro, mas a Petrobrás não tem técnicos e engenheiros suficientes para sua atividade-fim.
O Brasil é maior centro de cirurgia plástica do mundo para a implante de próteses de silicone nos seios e nas bumbas, mas precisamos de apoio internacional para cuidar de pessoas queimadas. É a inversão das prioridades. Bumbas e seios siliconados à vontade, mas escassez para o tratamento plástico reparador dos segurados dos SUS.
Autoridade é ter sabedoria fundamentada no conhecimento. Celebridade é estar em dia com a futilidade, idolatrando a instantaneidade. Exemplo: perguntem a dez baianos do povo, na rodoviária de Salvador, quem foi Ruy Barbosa e, depois, repitam a pergunta sobre Ivete Sangalo. Eu fora!
Rogério Mendelski, ouvindo o quarteto de Jonah Jones