Na minha meninice era colégio de rapazes , com professores homens, e colégio para moças ( geralmente de freiras) com professoras.
A primeira professora que tive foi no Científico do Mauá de Santa Cruz, era a Helen Riesch que lecionava inglês.
Nos colégios públicos parece que o alunado era misto.
Mas o que moldou o pouco de cultura e tirocínio que tenho foram os anos que passei no Kappesberg, no Colégio Santo Inácio dos Jesuítas.
O regime era de internato. Ia-se para o Colégio em Março e só se voltava em dezembro, quando pai e mãe tinham engordado um pouco e as manas tinham adquirido novas falas, inacessíveis para nós que não ouvíamos rádio.
Não havia banho quente, nem no inverno. As refeições obedeciam a um ritual de rodizio de colocação à mesa. Se ralava quem estivesse do outro lado da mesa onde as travessas já chegavam vazias.
Mandávamos cartas aos pais que o padre coordenador da divisão lia. E as missivas que recebíamos estavam abertas quando a nós entregues.
Alvorada ainda de madrugada e logo a descida ao pátio, no meio da neblina para a ginástica diária.
Aulas de manhã e de tarde. Lá pelas 16 horas todos de enxada na mão para capinar nas hortas do colégio.
E dê-lhe ler e estudar o tempo todo.
Tínhamos aulas de Grego, Latim, Francês e se podia optar entre alemão e inglês.
Nas exatas a coisa não era tão puxada.
Dou-me contra hoje que ali a gente aprendia a sobreviver.
De sorte que as dificuldades que me assolaram mais tarde eram fichinha , aprendi a dormir em qualquer canto até em cima da lage, roupas finas nunca me atrairam, até hoje não sei o que são férias longas. Nunca o sol me pegou na cama.
Mas isso são tempos passados que não tem volta, nem na China, nem na Coréia, nem nas escolas talibãs.
Hoje o professor não pode sequer dar um reguaço nos dedos de um aluno nefasto.
Deixêmo como está.
Só não quero mais estar aqui quando o soldado der ordens ao coronel.