RUDOLF GENRO GESSINGER
Os últimos cinco anos têm
enrugado o couro de nós gaúchos. Foram dois anos de pandemia, dois anos de seca
e agora uma enchente de dimensões estaduais sem precedentes que muda os rumos
de 2024. Aliás, esse era o ano para a agricultura do Rio Grande do Sul
desatolar, mas quem ainda tinha a soja “do tarde” ou arroz para colher perdeu o
resto da lavoura.
Essas perdas inerentes ao risco do negócio acabaram sendo
insignificantes perto da devastação na vida de quem perdeu alguém ou perdeu
tudo. A coragem dos voluntários e a solidariedade de quem doa o mínimo que seja
têm unido nosso povo de uma maneira comovente e exemplar.
Corremos
risco de ficar desabastecidos de água potável e por isso é fundamental
poupar.
Estamos
vivendo o paradoxo da água: o donativo mais importante para os desabrigados é
água, o mesmo elemento que invadiu suas casas e os forçou a estarem ali. Falta
água encanada apesar de não parar de chover.
Por enquanto, estamos sobrevivendo à enchente. Quando a
catástrofe tiver números finais, começa a parte mais demorada e difícil que
será a reconstrução de casas, de estradas e de vidas inteiras.
Será um desafio que dependerá da união, do trabalho e da
solidariedade do nosso povo.
A
Alemanha ficou debulhada depois das guerras mundiais, mas se tornou potência em
todos os sentidos depois de ter sido reconstruída pelo seu povo. Os imigrantes
alemães, de quem descende maioria da população de Santa Cruz, abandonaram o
mundo que conheciam levando fé e trabalho. Abrindo picada, construíram do zero
um dos municípios mais imponentes do Rio Grande do Sul.
Quanto ao Governo Federal, precisaremos de ajuda para criar empregos
para toda a gente que precisa recomeçar a vida. Já passou da hora de ser menos
burocrático e caro empregar formalmente um trabalhador. Ao mesmo tempo, precisa
ser facilitado o acesso a crédito para quem quiser empreender.
De uma forma ou de outra, é inadiável que respeitemos a força
da Mãe Natureza. Se for necessário, deixe tudo para trás e saia de casa, pois o
nível de um rio pode subir ligeiro.
Não
faltam estudos para entendermos como viver sem agredir nosso planeta, que é
nossa casa. As consequências das ações da humanidade não respeitam os limites
territoriais que criamos.
Assim
que conseguirmos nos recuperar, já precisaremos pensar em como ajudar os
outros. Os problemas ambientais são comuns a todo Brasil, logo as soluções
devem ser mais amplas que os problemas locais.
Aliás,
a região do Pantanal está enfrentando uma seca que pode atingir níveis críticos
até o final do ano. Sabiam?