terça-feira, 14 de abril de 2015

CONSIDERAÇÕES DURANTE A RESSOLANA UNISTALDENSE




São 13.30. Está um calor abafado. Céu nublado, deve chover hoje ou amanhã.
Neste momento, no auge da ressolana, a peonada já almoçou e todos estão sesteando. Alguns no galpão, outros sobre os pelegos debaixo de uma alve ( termo unistaldês para designar árvore). Os cuscos dormem  com um olho aberto e outro fechado e as duas orelhas em alerta. As cobras em geral  tomam seus  últimos banhos de sol. Os átomos estão parados. Não tem vento.
Só eu que não estou sesteando. Acho sem graça sestear sem companhia  .
Então só me resta pensar na vida.
Lembro-me dos escritos antigos, gregos e romanos. Quando um cara era apeado do poder, ia para o campo, repensar as próximas jogadas.O campo cura todos os lanhos.
Estou passando uma semana aqui enterrando o rico dinheirinho que ganho no escritório. Prefiro fazer mais dois açudes, arrumar cercas e aramados, pedir uma licença ambiental para roçar umas capoeiras, classificar os terneiros que venderei amanhã, do que aplicar o áureo metal na Bolsa ou especulação.
Estava pensando, do que  mais gostei na vida, fora namorar?
Tocar violino? ser advogado? Ser juiz? ser um maravilhoso zagueiro central que fui?
Acho que calçar botas, bombachas de algodão cru, montar a cavalo, lida de mangueira e charlar com a peonada. Os da cidade não proseiam ( conversam) mais. Só falam pelo uotsapi. Isso é tão sem graça como dançar com a irmã.