ADVENT, WEIHNACHTEN foi e continua sendo um tempo mágico para mim. Maravilhoso tempo de
espera, de preparativos, de bolachinhas, de aroma de canela, cravo e baunilha
no ar. Amo sentir-me maravilhosamente envolvida pela magia do advento, um
sentimento que vem de longe, de quando vinha Christkind (menino Jesus)
ornamentar o pinheirinho. Para não incomodarmos Christkind em sua mágica
obra, ficávamos fora de casa, trabalhávamos com a Wowa na horta, no jardim ou
na roça.
Advento era também tempo de ensaio de cantos natalinos
na igreja do Geiselberg, cantos (Leise rieselt der Schnee, O Tannenbaum,
Alle Jahre wieder, Stille Nacht, heilige Nacht, ...) que entoávamos depois
durante o culto natalino.Sempre no dia de natal (véspera não festejávamos)
vinha o mesmo Pelznickel (Papai Noel, denominação vinda do Hunsrück),
franzino e baixinho. Trazia nas costas um saco de linhagem e uma longa vara
(nunca a usou). Sempre fazia questão de que lhe contássemos sobre nossa conduta
durante o ano a findar, queria saber se havíamos sido artig(bem
comportados). Era sempre uma große Aufregung (grande emoção) aquele
momento. Antes do Pelznickel se retirar nos entregava um par de sandálias, em
número superior ao tamanho do pé, ou uns metros de tecido para a Wowa costurar
uma roupinha para nós. Agradecidos rezávamos o Vater Unser (pai nosso) e
juntos cantávamos um canto natalino. Estranhamente meu pai nunca
participava. Estava sempre muito ocupado recolhendo pasto na roça para
alimentar os animais durante o feriado. Muito, muito mais tarde (eu
deveria ter entre 11 e 12 anos) desfez-se parte dessa magia, quando alguém me
disse que meu pai era o Pelznickel (chorei muito). Assim, esta idade
tenho como marco de fim de minha infância, de fim de meu mundo de fantasias.
Mas a fantasia, de algum modo, continua presente em minha alma e a magia do
Advento e do Natal também.