domingo, 1 de julho de 2012

A JUDICIALIZAÇÃO DE NOSSAS VIDAS - REFLEXÕES À FRENTE DA LAREIRA


Estou há dias exilado em meu paraíso secreto, cuja localização só sob ameaça de tortura revelarei.
Abstive-me do consumo de carne, que tive de trocar pela Lagosta à Thermidor e pelo Linguado à Belle Meunière. Na falta de água da chuva conformo-me com a Perrier. E na ausênccia da Sidra Cereser vou de Sekt da região do Mosel.
Enquanto vou aviventando o fogo com meus livros jurídicos que só para isso passaram a ter serventia de uns tempos para cá, volto a pensar na  liminar do Beira Rio.
Um dos livros que está custando mais a queimar está aberto na página dos requisitos para concessões de liminares. Vejo ali as palavras ou frases absurdas como " fumus boni juris", periculum in mora", e outros brocardos.
No século passado concediam-se liminares quando RESPLANDESCIA o direito postulado, quando havia real perigo na demora.
Hoje o Estado Jurisdição passa por cima dos médicos e estabelece a ordem de atendimento em Hospitais, fura filas de transplantes.

Mas isso tem seu lado bom.
Ficaram sem valia as organizações como o Cremers, como o Crea, os cargos de fiscais de obras das Prefeituras e do Estado, podemos fechar o setor de fiscalização do Ministério do Trabalho. Que legal, quanta economia.
Vai mermando o fogo e atiro  um Tomo de Tratado de Direito Administrativo onde se ensinava que o administrador estava adstrito à vontade da lei, o administrador tinha o poder discricionário etc, tudo coisa do passado pois agora a coisa mudou e todo mundo está sem um norte, mas ao menos há essas ações que param tudo, que engessam tudo, tudo para nosso bem.
A pena é que o Governo dos Juízes só tem um probleminha: ninguém será responsabilizado financeiramente por uma barbeiragem.