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O Acampamento Farroupilha.
Porto Alegre, Sexta-feira, 09 de Setembro de 2011.
Como enaltecer o passado de luta e glória dos maragatos e chimangos se a pretendida síntese da história está se transformando em uma caricatura deformada?
Com todo o respeito, devo confessar que por onde ando a simples menção do Acampamento Farroupilha vira motivo de piada. O acontecimento, que deveria representar e honrar as mais profundas tradições, está descendo ladeira abaixo no conceito, inclusive, de muitos ditos tradicionalistas que se esmeram em apresentar na mídia o encontro como uma espécie de entrevero de aborígenes esgualepados. Passamos ontem por vários piquetes que ensaiavam pequenos bailinhos e, pasmem, a música privilegiada era a tal de tchê-music, uma espécie de forró missioneiro, com o perdão da comparação desavisada. Mas estão querendo o que? Transformar em circo o único espaço ainda destinado à cultura gaudéria? Foi para desanimar assistir em um dos tantos piquetes um grupo de gaúchos e prendas pilchados dançando ao som de Bruno e Marrone, enquanto as novas gerações de cantores e compositores genuinamente gaúchos não têm a menor chance de receber apoio para ocupar um espaço que deveria ser exclusivamente ocupado por gente daqui, por artistas do pago!
Não tenho tradição de frequentar CTGs, sequer conheço os métodos ou fórmulas que produzem a lógica do acampamento e sua exposição pretendida, apenas nesta edição, a mais de um milhão de visitantes. Porém, não é preciso ser gênio para perceber que alguma coisa vai muito mal, obrigada! Onde estão os novos valores apresentados nos inúmeros festivais que ainda sobrevivem pelo interior do Estado mais politizado do País? Segundo um taxista explicou para uma turista que chegava do Rio de Janeiro, é preciso muito cuidado para frequentar o acampamento, pois os integrantes dos piquetes passam o dia bebendo cachaça e comendo churrasco, ouvindo músicas pornôs e nas horas mais perturbadores se engalfinham em lutas corporais com direito a faconaço e lambada de relhos! A tia da minha colega, que está na capital dos gaúchos para passar férias, ficou traumatizada com as terríveis previsões do taxista, que deveria, salvo melhor juízo, conquistar os turistas com indicações positivas sobre a nossa cultura.