TITO GUARNIERE
SHOW DE HORRORES
O governo Bolsonaro, o presidente ao vivo e em cores, os seus auxiliares e aficionados, marcam presença todas as semanas, nos mais variados estilos e cenários, como que fazendo questão de demonstrar incompetência, sabujice e opiniões alopradas.
Na recente reunião do Conselho de Saúde Complementar quem brilhou foi o ministro da Economia Paulo Guedes – aquele que muito fala e pouco faz, que adora ditar cátedra sobre todos os assuntos, ele que, a estas alturas, na melhor das hipóteses, é apenas um personagem cujo fracasso lhe subiu à cabeça.
Naquela reunião, criticando o excesso de gastos na saúde, disse que "todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130. E não há investimento para que o estado consiga acompanhar". Está aí, portanto, a solução para a falta de recursos na área: cada um reduzir um pouco a expectativa de vida, de modo a adaptá-la aos limites do orçamento. Cerca de 400 mil brasileiros que morreram de Covid-19 já atenderam ao apelo do Posto Ypiranga.
Guedes não gosta da China, deu uma de Ernesto Araújo, o dinossáurico ex-ministro das Relações Exteriores, e na mesma reunião, disse que "os chineses inventaram o vírus" e que mesmo assim a vacina americana Pfizer era mais eficiente do que a chinesa Coronavac. O ministro da Economia não se vexa de agir como um bolicheiro inábil que maltrata a clientela: a China é a nossa maior parceira comercial e praticamente única fornecedora de vacinas e insumos da covid-19.
O homem distribui pitacos à vontade. Ele propõe uma solução genial para a falta de dinheiro na saúde: substituir o SUS por um "voucher" a ser concedido a toda pessoa que precisa de assistência médica e hospitalar. Com o "voucher" do governo na mão, o paciente irá ao hospital de sua preferência, que poderia ser, no exemplo mencionado por Guedes, nada menos que o Albert Eisntein, um dos mais caros do Brasil. As velhacarias são ditas com a petulância comum do "superministro".
O ministro Guedes parece que tinha sandices acumuladas e, na mesma reunião, reclamou do FIES, o programa de financiamento estudantil, que "até filho de porteiro recebeu". Além do preconceito social em que ele é reincidente (já anteriormente havia feito uma declaração deplorável sobre as empregadas domésticas) ele confunde o PROUNI (programa de bolsas de estudos a fundo perdido) com o FIES (que é um financiamento ao aluno para ser pago após a conclusão do curso).
O ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos também compareceu ao show de horrores, quando confessou que havia tomado a vacina do covid-19 "escondido", "para não criar problema". Com quem? Ele não disse nem lhe perguntaram. Mas só pode ser com seu superior no governo, o presidente Bolsonaro. Ramos teve o cuidado de se vacinar com a AstraZeneca. Se fosse com a Coronavac, do Butantã e do governador João Doria, poderia ficar mal na foto com o chefe. A biografia do general, que já não é grande coisa, ficaria melhor sem a inusitada confissão.
Bolsonaro, agora, começou a marcar de cima a Butanvac, a vacina brasileira do Instituto Butantã. Para o presidente, é a vacina "Mandrake". Bolsonaro é assim, não faz e tem raiva de quem faz.