Implosão demográfica: um sismo social e econômico que se aproxima
“AS BASES DEMOGRÁFICAS DO MUNDO ESTÃO SE FRATURANDO. O AUMENTO DO NÚMERO DE IDOSOS E A DIMINUIÇÃO DA NATALIDADE, INICIARAM UM ABALO SÍSMICO DEMOGRÁFICO NA PIRÂMIDE DE IDADE DAS POPULAÇÕES. NUM FUTURO PRÓXIMO, O NÚMERO DE IDOSOS SUPERARÁ O DE JOVENS E NA MAIORIA DOS PAÍSES SE DARÁ UMA VERDADEIRA “IMPLOSÃO DEMOGRÁFICA”.
PAUL WALLACE
(Economista da Universidade de Cambridge e da London School of Economics)
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Na maioria dos países industrializados e prósperos está começando a produzir-se uma transformação extraordinária à medida que, pela primeira vez na história da humanidade, as pessoas de idade avançada superam em número as mais jovens. Paralelamente, já se iniciou um decréscimo da população, uma reversão acelerada do crescimento demográfico que se registrava há dois séculos. Na verdade, este é um fenômeno global em que os países ricos do Ocidente estão na frente, mas o resto do mundo o segue.
Nos últimos anos os demógrafos se olham surpresos ante a redução sem precedentes das taxas de natalidade, fato que poderá estabilizar a população mundial antes da metade do século XXI. Embora esta segue crescendo, o certo é que a taxa de crescimento alcançou o seu pico no final da década de 1960 e agora está caindo aceleradamente.
Um triunfo da humanidade, dizem alguns, tendo-se em conta a perspectiva de um mundo superpovoado. Porém, o decréscimo demográfico está sendo acompanhadopari passu pelo envelhecimento das populações e a diminuição do número de jovens. Um dos aspetos negativos deste fenômeno, é o fato que os governos têm reduzido os gastos em educação, saúde e pesquisa científica para poder enfrentar os custos que geram as aposentadorias, pensões e assistência médica.
Atualmente, este fato demográfico está ocorrendo também nos países subdesenvolvidos.Estima-se que lá por 2016, mais 28 nações em vias de desenvolvimento atinjam taxas de crescimento populacional estáveis e um rápido envelhecimento de seus habitantes. Entre estas estão certamente a Índia, Indonésia, Tailândia, China, Egito e Brasil.
As decrescentes taxas de fecundidade, já estão quase atingindo os níveis de substituição ( 2,2 filhos por mulher), e alguns, como a China e a Tailândia, já estão abaixo dessas taxas. Prevê-se que o Brasil, entre 2015 a 2025 chegue às taxas de substituição e a população se estabilize, mesmo sem qualquer interferência governamental ou qualquer surto paranóico da classe média e da mídia.(Ambos setores julgam ser os pobres os causadores diretos e inevitáveis da pobreza )
As projeções da ONU indicam que a população mundial prevista anteriormente para chegar a 9 bilhões em 2050, com a reavaliação feita baseada nas atuais taxas decrescentes de fertilidade, alcançará o pico de sete e meio bilhões em 2040 e depois começará a decrescer.
Esta situação, de verdadeira implosão demográfica, já é motivo de alarme nos países do Primeiro Mundo. Com taxas de fertilidade de menos de dois filhos por mulher, existem extrapolações demográficas que assinalam, por exemplo, a extinção do povo italiano e alemão dentro de dois séculos !!!
Na Europa, mesmo Portugal e Irlanda que há 25 anos tinham taxas de fecundidade de 2,7 filhos, hoje estas taxas são de 1,3. E os governantes portugueses, imitando o que já fazem os alemães, franceses e suecos, por exemplo, estão estimulando os nascimentos por meio de incentivos monetários e fiscais. Ou, como fazem os italianos, outorgar a cidadania nacional aos seus oriundi.
Porque as taxas de fertilidade estão caindo em todo o mundo.
Fundamentalmente há as seguintes explicações.
Em primeiro lugar observou-se que as melhorias econômicas, de distribuição de renda, de educação, de saúde se acompanham de diminuição das taxas de fertilidade. Mas, mesmo em países em que estas melhorias não foram muito acentuadas, houve decréscimo da natalidade. A explicação dos demógrafos é que a urbanização crescente, também um fenômeno mundial, é que proporciona mudanças de comportamentos culturais, entre estes, o de ter menos filhos .
A disseminação dos vários métodos anticoncepcionais, também têm colaborado junto com a larga prática legal e ilegal de abortamentos.
A crescente participação da mulher no mercado de trabalho e o custo cada vez mais elevado na criação dos filhos são dois outros fatores de incentivo à desnatalidade.
A médio prazo estaremos velhos.
Na década de 30 do século passado, o famoso economista John Maynard Keynes querendo acentuar a urgência das reformas econômicas dos EEUU para fugir da depressão, disse que “a longo prazo todos estaremos mortos“. Nós queremos sugerir outra frase: “a médio prazo todos estaremos velhos “. O grande número de idosos e o pequeno número de jovens, estabelecerão os parâmetros econômicos e sociais em futuro próximo. As verdadeiras consequências deste sismo demográfico se farão notar dentro de 20 anos. Mas, os tremores premonitórios já estão repercutindo na economia. Os mais fortes que logo virão, sacudirão todos os aspetos das nossas vidas, desde o panorama dos mercados de valores até o preço das vivendas, desde as perspectivas de obtenção de trabalho até o futuro da assistência social, dos seguros-saúde, das aposentadorias, das relações familiares. Enfim, toda nossa a forma de viver e de morrer.
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