Sou colorado. Sempre fui. Mas não
doente. Mesmo porque quando, nas poucas ocasiões de minha vida em que
adoeci, ninguém do Inter veio me visitar. Torço pelo Inter mas a triste sina de
nós colorados é ressuscitar os mortos, como o Avaí e a Chapecoense e tomar gol
dos grandes aos 50 minutos do segundo tempo. O Rio Grande sempre foi assim, vocês sabem. A eterna luta de chimangos contra maragatos. Gremistas e colorados.
O futebol dá muito dinheiro, especialmente para empresários, jogadores, advogados
da área. Há coisas, porém, que me repugnam no futebol.
Raciocine comigo. Eu sou teu advogado numa causa de alto vulto. Sei de todos os teus
pontos fracos. Mas, de um dia para outro, passo para o outro lado e vou advogar
contra ti. Inimaginável. Esses dias um treinador que defendia os interesses de um clube foi demitido. No outro dia chefiou o time contra aquele do qual fora dispensado, aproveitando-se
de informações privilegiadas.E o que dizer da falta de ética de alguns jogadores, simulando faltas?
Apesar de eu ser colorado admiro muito o Renato Gaúcho.Recentemente Renato não gostou da
maneira como um clube que o queria contratar agia. Imediatamente renovou com o Grêmio.
A aparente arrogância de Renato creio ser fruto de sua infância quase pobre. Mas,
ao invés de ficar chorando pelos cantos, se manteve forte e foi galgando posições.
E porque seria aparentemente arrogante?
É porque a arrogância calculada enquanto causa revolta nos adversários e fortalece seus
comandados. Está fora de qualquer cenário Renato treinar o Inter, nem na próxima encarnação. Daí porque ele pega pesado nas suas manifestações. Conhece futebol, foi excelente
atleta.Apenas considera o Colorado fraco e insignificante. Essa tomada radical de posição guerreira, ajuda na união do seu grupo.Gostei de uma entrevista dele após uma derrota nos pênaltis. Disse: “ chegará o dia em que o treinador vai cobrar os pênaltis”.
Renato, eu sei , eu vi, era o rei da noite. Até nisso mudou. Anda quieto e discreto.
Mas ele conhece tudo dos bastidores e, principalmente, dos meandros extra
campo. Sabe como pensa a gurizada que saiu da favela, mas a favela não
saiu deles. Segundo sei não corteja dirigentes. Hoje, com o Bolzan, que é um lord inglês, não tem atrito.
Em seguida será técnico da seleção brasileira, salvo se o Grêmio lhe oferecer uma
grana mais preta ainda.
Mas não irá para o exterior. É monoglota, só fala o português. Não creio que tenha lido o Pequeno Príncipe, muito menos qualquer obra de Paulo Coelho (no que empata comigo).