Estava eu dentro de uma caminhonete Chevrolet pelos idos de 1967 (13 anos de idade) quando a mesmo capotou dando três voltas até parar.
Não foram três segundos, foram centésimos de segundos para que o cérebro processasse um filme de uma vida inteira, inclusive de detalhes tais como a insistência de ter ido àquela pescaria, do que fiz nas últimas semanas e do que ainda não tinha feito. Paralelamente a tudo isso, minha grande preocupação no momento, era meu irmão que ia na caçamba.
Foi uma eternidade até ela parar de rolar e eu ver que ele estava bem, ele voara de cima caindo contra um barranco e felizmente ficou só no susto.
Na segunda volta, o banco que era solto se desprendeu e algum ferramental bateu em minhas costas, detalhe que também processei claramente o que estava acontecendo.
O tempo passava em câmara lenta para a percepção e os detalhes eram registrados com extrema nitidez.
Um único questionamento que me faço até hoje... Porque não pensei, em momento algum, que poderia ter morrido?
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IVAN SAUL - DO PARANÁ
Permito-me, dada a jurisprudência firmada, quebrar o silêncio para, também, oferecer meu testemunho.
Tu, amigo velho, olhaste nos olhos do velho Thanatos e, graças aos deuses do teu Walhalla ancestral, estás aí contando-nos o ocorrido! Oremos para que alguma divindade do tráfego desperte a condução responsável nos "apressadinhos" e preserve a vida de seus familiares, amigos e circundantes...
Bueno, menos dramaticamente ou, talvez diga melhor, menos tragicamente (quando penso, enfim, que o melhor seria ficar calado...), quero dividir contigo, e todos os nossos amigos, minha (mais ou menos) recente experiência.
Sem dúvida, causou estranheza, curiosidade e, até mesmo (quem saberá?!) regozijo, meu mutismo pós Expointer. Algum, mais afoito, brindaria ao fim das manifestações de ignorância fantasiada de erudição de profeta do apocalipse amador.
Voltando da divagação... Já fui até Esteio 'forçando a barra', cansado, sem fôlego, desestimulado... péssima companhia afinal, tanto que não envidei meus melhores esforços para te encontrar (ainda que tenha te procurado - sem ir até a Casa da Pampa - quer dizer: "eu" não queria ser encontrado). Penso que este é um bom momento para um pedido de desculpas. "Me desculpa Ruy!"
... em frente e encurtando:
Coisa de duas semanas depois (da Expointer), 'sofri' meu segundo Infarto Agudo do Miocárdio - 13 anos após o primeiro, quando pensava que já 'não morreria disso' - novamente brando, obstrução da coronária anunciada, na localização esperada, com consequências imprevistas. Desta vez, durante o cateterismo e a insuflação do balão, parada cardíaca!
Não sei, meus amigos, a duração da 'coisa' - suficiente, posso afirmar com certeza, para sentir dores (da massagem) e exibir queimaduras do cardioversor no tórax, por mais de uma semana após o acontecido.
Disse o médico chefe da equipe de radiologia intervencionista, por coincidência o mesmo do infarto anterior, que a parada teve a duração de um minuto... Pouco importa! O que "eu" sei, ou pude aprender, da eternidade de um minuto?! A vida é muito mais frágil do que se imagina, morrer é extremamente fácil e, até onde eu pude ver, senhoras e senhores (desculpem-me), a morte é uma merda, o nada, a escuridão total!
Curioso (engraçado, se diz popularmente), meu amigo, eu também, naquele momento, não tive taquicardia e, também, não senti medo - total, morto não tem dessas frescuras! Fiz, ao ressuscitar, piada com a equipe: "pelas caras, sacaneei vocês, morri durante o procedimento!"
Olhei, meus queridos, bem dentro dos olhos da magra da gadanha.
Vi? Absolutamente nada!
Certeza?
Quando Deus não te quer lá...
Ivan
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ELVIO LOUREIRO - SANTA CRUZ
Dizem que até os ATEUS
quando experimentam momentos de aflição frente a um risco de morte eminente
instintivamente expressam-se mais ou menos assim : ,,, " ai meu Deus !!!
" ,,, ,,, " My God "
Talvez esta expressão, as lembranças
relâmpago da vida, representem o medo que todos temos de enfrentar a transição
da morte física ,,, por que ,, não sei exatamente (?), mas parece-me que muitas
vezes possa estar relacionado a uma responsabilidade íntima de não termos
cumprido em sua totalidade nossa missão, sempre tem algo inacabado, em curso,
talvez por este mesmo motivo quando encontramos agonizantes pelo desgaste
físico ( extenuados pela idade avançada), isto seja de certa forma um
sentimento atenuante, ou seja, nos resignamos naturalmente por que sentimos (
intuição natural ) que não há mais o que fazer aqui na terra ,,, ou que não
possuímos mais condições orgânicas de nada mais fazer por nós mesmos ou outros
como os familiares mais próximos ,,,,,
Vivamos cada momento
como se fosse o último ,,,
Abraços - Élvio
DESEMBARGADOR VON BERG
DESEMBARGADOR VON BERG
Já que cada um está contando sua
história, aproveito pra contar a minha:
já sofri DUAS CIRURGIAS DE PEITO
ABERTO, com paralização do coração
e circulação extracorpórea, por
ANEURISMA DA AORTA. Aos menos
avisados vou esclarecendo: não tem
nada de STEND, ponte-safena ou
algo desse gênero. Se o aneurisma
dissecante da aorta se instala não
tem remédio, É MORTE CERTA, pois não
dá prá abrir o peito e fazer
todo o procedimento que EU JÁ FIZ
DUAS VEZES.
A primeira foi de seis horas (em 7
de setembro de 2008) e a segunda de
sete horas. Já voltei a jogar tênis,
o que faço duas vezes por semana.
Óbvio qque também trabalho
normalmente.
Abraços a todos.
Ramon G. von Berg.