O falecido historiador , poeta,
advogado Nico Fagundes gostava muito de passar alguns dias na nossa fazenda. Eu
até destinara uma égua bem mansa só para uso dele. Depois do AVC que o atingiu
era-lhe muito penoso cavalgar, de sorte que ele preferia ficar perto do
fogo quando era frio e quando era calor. Mas eu era bem claro com ele: “ Nico,
eu te busco em P. Alegre, te trago para a estância e te levo de volta. Mas
podes trazer junto só uma
pessoa”. Minha intenção era ele realmente
ter paz, escrever, ler, cochilar,dormir quando lhe desse na telha. Era de fino trato e sua formação enciclopédica. Vez por outra eu convidava
amigos para as tertúlias. Mas os grandes momentos foram as charlas a dois,
máximo três..Um dia ele deu um sorvo do vinhote que bebia e me falou: “
Alemão, tu já viste alguém que serviu de milico no quartel, falar mal daquele
tempo?” Realmente eu também nunca
testemunhara uma queixa.
É que nos
quartéis impera a disciplina. Isso é fundamental. Sem isso, impossível se
pensar em Forças Armadas . E concluímos os dois, naquela noite de frio, que a
disciplina é indispensável em todos os lugares. A começar pelo lar, passando
pelas escolas, clubes, empresas, ruas, estacionamentos.
Nos lares
está visto que em muitos reina quase absoluto o “ laissez faire, laissez
passer”. Geralmente o mote é : “ meus filhos não vão passar o que eu passei,
vou dar tudo o que eles pedirem ,não vou proibir nada”. Pois eu decidi, assim
que nasceu meu primeiro filho, fazer da minha casa uma caserna, no bom sentido
( bah, já sei que vêm patrulhas do politicamente correto). Acho que não errei
porque estão todos colocados, formados e não se queixam do fato de não
ter “ floxado” para eles. Um filha minha, a Milène, que é juíza de direito, é
ainda mais rigorosa do que eu era.Terna, mas enérgica.
Onde
quero chegar com toda essa arenga?
Naquilo
que disse no recente artigo que aqui escrevi! Não há mais autoridade em nosso
país que é super indisciplinado. Tenta bloquear uma rua em Londres, New York ou
Tel Aviv para ver o que te acontece! Aqui as autoridades vão aos tribunais
pedir licença, sim pedir licença para cumprirem seu dever, como se isso fosse
preciso.É o medo de cumprir seu dever
e ser acusado de “ abuso de autoridade”.
Sucedem-se tratativas e mais
enrolações, enquanto o povo sofre.Como diz meu amigo Tito Guarniere , “Se uma categoria pode
assim agir, botando de joelhos o governo, mantendo-nos como reféns de suas
vontades, paralisando o país, então todos podem”. Ora, ora, quando alguém se candidata para exercer uma função, deve
saber que há os bônus e os ônus. ( Abraços para Fernando Bartholomay
e Eliceu Scherer)