É sempre a mesma coisa: o desprezo da investigação científica e o acolhimento mais fácil da truculência.
Para que existe a figura do promotor? O juiz tem que se policiar para proceder serenamente.
Vejamos o que diz o blog Migalhas de hoje:
Uma tarde em Curitiba
As
oitivas ontem em Curitiba foram penosas. Depuseram testemunhas de acusação
contra Lula no caso do famigerado tríplex. Na mesa, o delator do Pantanal,
Delcídio do Amaral.
Cena 1 - Moro faz os esclarecimentos de praxe.
Cena 2 - O membro do parquet começa a questionar
coisas desenxabidas. O advogado de Lula, Cristiano Zanin, reclama, porque o
escopo daquele feito era o apartamento, no que Moro se adianta e diz que o
colega, digo, o promotor está apenas contextualizando. Essa cena se repete
outras vezes.
Cena 3 - Moro, desinquietado, diz que a defesa
está tumultuando a audiência, e o advogado presente, Roberto Batochio, lembra o
magistrado que ele não é dono do processo. "Aqui os limites são a lei. A
lei é a medida de todas as coisas e a lei do processo disciplina esta
audiência. A defesa tem o direito de fazer uso da palavra, a defesa tem direito
de fazer uso da palavra pela ordem."
Cena 4 - Tartamudeante, o juiz recomeça a oitiva.
É o momento de a defesa inquirir o delator. Na primeira pergunta, o jovem
integrante do parquet questiona o advogado acerca da pertinência da indagação.
Moro observa que é hora da defesa e pede para seguir. O depoente, ensaboado,
responde a tudo. Ao final, e o que interessa, não sabe nada do tal Tripléx.
Cena 5 - Moro então começa a reperguntar. Diz que
está fazendo esclarecimentos. Para a defesa, Moro quer fazer a prova que o MPF
não conseguiu. Moro não aceita intervenções e diz que os causídicos podem usar
a retórica nas alegações finais. A defesa pergunta se Moro acha que o papel da
defesa é meramente retórico. Conduzindo o raciocínio, Moro vai extraindo de
Delcídio os "esclarecimentos" que lhe interessam.
Pode-se
até dizer que Moro agiu em busca da verdade real. Mas para se ter uma ideia do
ineditismo da situação, chegou-se ao ponto de Delcídio, em evidente ato falho,
dizer o seguinte : "corroborando o que o dr. Moro falou" (parte 1 -
14:00).