sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

CONSIDERAÇÕES DE FINAL DE ANO

 Com o tempo não há outra solução a não ser rir ou chorar. Ou se isolar numa fazenda. Mesmo lá os peões já estão aderindo aos horrores dos falsos sertanejos.

Com a idade vai se perdendo, sem poder fazer nada, qualquer liame de quando se era feliz.Agora  é complicado dizer o que é ser feliz. 

Claro que é de boa intenção o cara que estaciona seu carro perto do teu, toca a todo volume e te presenteia com infernais bate-estacas, para te converter à verdadeira música chinelona.   

Eis meus propósitos para o ano que vem.

Vou continuar a achar idiotas todos os que soltam foguetes barulhentos nas  famigeradas datas ou fora delas;

é de todos sabido que os pobres animais entram em surto. Qual a graça de ouvir um estrondo? Se há quem goste, então penso ser melhor se inscrever numa milícia dos morros cariocas. Que procure se inscrever cedo, pois é normal morrer baleado aos 23 anos.

Vou continuar a achar idiotas  os que, ante a aproximação de uma câmera, congelam o sorriso, mas esquecem-se dos olhos infelizes; que coisa sem graça uma pessoa esperando o embarque e fazendo caras e bocas.

Vou concordar que Floripa é linda, mas para mim deu.Duas horas para andar 10 kms? 

Continuarei a achar que falar em voz alta ao celular é atestado de “ sem noção”; o que eles adoram é mostrar como é lindo o mundo dos emergentes pobres ricos. 

Jamais poderei perder um amigo, mesmo que haja afastamento por uns tempos.

Sempre continuarei a achar Santa Cruz, P. Alegre , Xangri-Lá, Santiago  e Unistalda o máximo .

Não me interessam os partidos. Melhor votar na  pessoa. Jamais, no entanto, em quem foi condenado ou é nitidamente inapto para ser um chefe de Estado.

Vou continuar a não permitir que falem mal, perto de mim, de alguém que não se encontre presente.

Mais: 

Pretendo jamais usar expressão "com certeza" a cada frase.

- idem com respeito a "beijo  no coração"

- jamais iniciar uma frase com "então!"

- nunca   falar "para MIM  fazer, para MIM ir"

No mais quero continuar a gastar menos do que ganho,

e só comprar aquilo que puder pagar à vista.

  • Me esforçarei para  guardar segredos e 

não dizer tudo o que sei.

Compreenderei que somos passageiros, que a glória é fugaz .Perdoarei quem eventualmente me queira mal.

Não esquecerei que dinheiro e sucesso não  -   se ganha sozinho. Nada como uma parceria eficaz e sincera.

Rezarei para que se pense mais em progresso de empresas, de pessoas e se deixe de lado a politicagem em todos os níveis. 

E que o ano novo nos traga chuva. 

Está preteando o olho da gateada.

Lembrei-me agora das procissões de antigamente pedindo chuva.



quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

UM NATAL MÁGICO

 De nuevo estoy de vuelta/ Después de larga ausencia/ Igual que la calandria/ Que azota el vendaval/ Y traigo mil canciones/ Como leñita seca/ Recuerdo de fogones/Que invitan a matear

(JOSE IGNACIO RODRIGUEZ)

Cumpri meu período sabático. Andei por serras e campos,  espiei possibilidades. Recorri caminhos passados.

Tudo muito lindo.

Mas me convenci que o Brasil não está tão ruim. O Brasil do agro é que nos empurra para o sucesso. 

Então aqui estou para uma conversa sentada.

Um forte abraço ao pessoal da Gazeta, gente querida, aos quais quero muito bem. 

Aproveitei para varrer umas cataratas das vistas, minha mulher também o fez.

Quero pedir de novo que não me queiram mal ou me rotulem de pretensioso. Mas a verdade tem que ser dita. Fui e sou um homem feliz  e como diz o poeta "soy feliz, soy un hombre feliz y quiero que me perdonen".

Tive a grande ventura de nascer no interior de Santa Cruz. Aos 6 anos nos mudamos para a cidade.

Estudei no São Luiz e no Mauá. Só boas lembranças.

Me lembro bem do  Natal daqueles tempos.

Nada de porres, festas ruidosas, perus (nem se sabia o que era isso). Era receber um presentinho singelo, cantar o Noite Feliz e ir dormir.

Mas hoje quero narrar um Natal absolutamente diferente.

Eu recém tinha me casado com Maristela (a minha rainha do gado e das ovelhas) e compramos uma gleba relativamente grande de campo onde havia mangueiras, galpões, poço artesiano, mas a casa de moradia era mal cuidada e não tinha energia elétrica.

Nos pusemos, na véspera do Natal,  a tirar fora coisas velhas, limpar cozinha, banheiro e quartos, com baldes.

Exaurido falei: "vamos dormir aqui mesmo? trouxe umas linguiças, pão, e duas garrafas de vinho (quente, é claro)”.

Nos deitamos na cama precária e quis ligar o rádio de pilhas para adormecer. Maristela me disse: "pára um pouco com rádio e  vamos ouvir os bichos, passarinhos, o balir das ovelhas, o ronco dos bugios". 

É incrível o que acontece ao amanhecer ainda madrugada. É uma sinfonia de trinados. Parece que os seres que habitam os campos e matos estão sob a regência de um ser supremo.

Saímos e nos dirigimos até uma sanga que corre perto da casa. Está protegida por árvores nativas, compondo assim as florestas ciliares. Estas são as heroínas quando começa a estiagem: são a garantia contra a seca. 

Entramos, então, no arroio e juntos tomamos um banho de várias horas.

Foi aí que resolvemos recuperar a casa, puxar a energia elétrica, aumentar o número de açudes e adquirir mais glebas de campo encostadas às nossas. 

Aquele natal mudou nossas vidas.


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

IMAGINA - RUDOLF GENRO GESSINGER

 Teu horizonte, Sissi, não é mais largo que 5 km².

O mesmo que se enxerga da beira da praia, ou quase. Admiro que, sabendo que podes correr longe, te importas mais em como voltar. Concordo que esse é o jeito mais prudente de se planejar.

Imagina, então, o lugar onde mora o meu pensamento.

Imagina a faixa de areia, Sissi. Num espaço largo, muito mais largo, se estende o verde dos campos.

Nele pastam as tropas, os rebanhos e os mistérios.

Imagina os terneiros; os miúdos são do teu tamanho! Eles não brigam com as marrecas para beberem água no açude ou na sanga.

O que são esses? Imagina o mar. Menores e menos melequentos, mas a mesma coisa, só bem menores.

Garças têm aqui e lá. Vento também, só aqui é um exagero!

Perigos? Não sabes o que é isso.

Caranchos, cruzeiras, leões baios... os sorros, imagina que são os cuscos errantes que cruzam por fora do pátio da frente. Não confia neles.

Imagina o rigor do inverno: no campo é muito maior. Mas aquele céu, Sissi, imagina a paisagem mais linda que existe!

As estrelas na noite campeira, Sissi, faíscam o mesmo brilho que o sol presenteia às ondas.

Imagina, Sissi, o que eu converso com aquelas estrelas!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

IMPORTANTE ARTIGO DE FRANKLIN CUNHA

 

GENÉTICA E COMPRTAMENTO É A DEPRESSÃO UMA PANDEMIA?


GENÉTICA E COMPRTAMENTO

 

É A DEPRESSÃO  UMA  PANDEMIA?

"Eu sou eu e minha circunstância"

 

Jose Ortega y Gasset

 

Torna-se tão oportuna quanto lúcida a abordagem sobre o tema DEPRESSÃO exposta pelo eminente causídico Dr. João-francisco Rogowski. Trata-se em verdade de uma verdadeira pandemia mundial que avança de forma expansiva,  a causar preocupações e formas  de combatê-la por parte das entidades sanitárias dos países governados por políticos sensatos e humanamente responsáveis e solidários com suas populações. O autor Dr.Rogowski, aborda o panorama social, a gênese, o diagnóstico, o prognóstico e a possível resolução das alterações psicossomáticas que caracterizam a depressão. No presente prefácio objetiva-se abordar alguns aspetos importantes sobre a patogenia e a patologia da depressão. Pensamos que em termos individuais e sociais, o uso disseminado das drogas em todo o mundo, configuram as tentativas dos seus inúmeros usuários que procuram amenizar e/ou evitar estados anímicos depressivos. Para isso, necessitamos entender como surgem e se desenvolvem sentimentos e sensações emocionais e físicas da depressão, pois já sabemos que os sentimentos podem ser os sensores mentais do interior do organismo e testemunhas do estado vital do ser humano. Assim, cabe perguntar como os fatores internos  e externos modulam a estrutura neural do cérebro e como os processos biológicos produzem eventos mentais. E em que grau esses processos biológicos são determinados por fatores genéticos e por contingências familiares e sociais" .Este enfoque está sendo utilizado no momento para o estudo da depressão e da esquizofrenia.

Existem agora evidências de que a susceptibilidade para as principais doenças psicóticas – alguns distúrbios maníacos depressivos e a  esquizofrenia – possam ser  transmitidas de pais para filhos. Segundo essas evidências as referidas doenças mentais seriam o resultado de alterações genéticas no mecanismo do funcionamento neuronal e sináptico, a envolver um grupo populacional  carreador de um ou mais alelos anormais.

A moderna psicologia cognitiva tem mostrado que o cérebro armazena uma representação interna do mundo contingente, enquanto a neurobiologia assinala que essa representação pode ser entendida em termos de células nervosas individuais e de suas interconexões.

É intrigante se pensar então, até que ponto a psicoterapia é eficaz em produzir alterações importantes do comportamento e se ela o faz provocando modificações da expressão gênica.

Um corolário desses argumentos é o de que uma doença neurótica deveria depender de alterações da estrutura e do funcionamento de certos neurônios, do mesmo modo como as doenças psicóticas dependem de alterações estruturais (anatômicas) do cérebro.

Assim, o tratamento das neuroses e dos distúrbios de caráter por meio de intervenções psicoterapêuticas deveria, caso bem sucedido, produzir também alterações estruturais.

Importante advertência, deve ser assinalada, pela responsabilidade profissional de quem exerceu a medicina por mais de cinquenta anos e por ser autor do presente prefácio, cujo tema, " Depressão" foi proposto por um conhecido profissional do Direito o Dr. João-francisco Rogowski.

Reproduzo, portanto, trechos de um texto de minha autoria inserido  no livro Sexo, Política,Poder, editado pela EST em 2018.

"As grandes perguntas ainda estão sem plenas respostas: existe uma conexão física entre os  gênes e o comportamento humano e em que extensão e intensidade este comportamento é produto da hereditariedade? Inúmeras experimentações sugeriram aquilo que os genes podem fazer, sem saber exatamente  que os genes são.

O biólogo Jonathan Weiner observou que inúmeros estudos afirmaram  a relação entre os genes humanos e a depressão, a violência, as psicoses, o alcoolismo,  o autismo, o déficit de atenção, a síndrome de Tourette e outras alterações do comportamento. O que restou de comum entre eles é que vários desses estudos tiveram de ser revisados e contraditados  quando submetidos a críticas bem conduzidas.

Os estudos da relação dos genes com o comportamento humano, nasceram sob o signo do pecado" escreveu Weiner  referindo-se às ideias de purificação racial e de eugenia que mancharam tais estudos.

Enfim, a mensagem contida neste prefácio é a de que os estudos teóricos e/ou práticos sobre a genética e a hereditariedade devem ser interpretados com cuidados e com necessário espirito crítico. Isto porque, este ramo da ciência biológica, em épocas obscuras da história humana, foi empregado com objetivos políticos e com a finalidade de se eliminar da vida social e econômica - e mesmo da vida física - , algumas etnias e setores minoritários das populações  que não faziam parte da cultura, do estilo de vida e dos objetivos dos poderosos  eventualmente dominantes.

Ao eminente Dr.João-francisco Rogowski, agradeço - ao me confiar a redação do atual prefácio - ter me proporcionado a ocasião de expor ideias, das quais há muitos anos, penso, leio e escrevo em livros ,jornais, revistas científicas ou de divulgação, sobre o tema tão importante e atual como a relação da genética e do comportamento de homens e mulheres de todas as idades inseridos na atual  sociedade global.

 

Franklin Cunha

Médico –

Cremers - 3254

Tego  - 256/66

Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

ENTÃO É DEZEMBRO!

                                                          Então é dezembro!


                            Lourdes Hübler- professora aposentada

 

      Nesta época do ano em que afloram nossos sentimentos e pensamos nas nossas idas e vindas de cada dia, nos passos que não damos, nos passos apressados que nos levam aos últimos preparativos, ao encontro de outros Natais mais doces, em que a ausência de amigos e familiares se fazem mais presentes, os quatro ventos decidiram viajar.

           Os ventos não tinham casa. Eles vão, vem, param e quando param, às vezes, ninguém se entende porque falavam muito, falavam daquilo que viam e que não deviam contar. Então o encontro virava vendaval. O povo comentava: - Orai, são os ventos!

           O vento norte era quente.  De bom humor andava de bermuda, chinelos e óculos escuros. Adorava ficar estendido na areia da praia. Era um harpista inigualável. Infiltrava-se nas fendas das cavernas e tocava estalactites e estalagmites provocando estranhos sons. Alegrando alguns. Assustando outros. Quando estava de mau humor revirava a terra, trocava o ninho dos pássaros, corria desvairado. Por distração, sem saber como, foi parar noutro canto do mundo, no Polo Sul. O vento acelerou. Nada a ver com foca-leopardo, lobo-marinho. Melhor ficar longe deles. Quando ia ventando pelo mar ouviu um casal de pingüins pedindo socorro. Estavam cansados de nadar e afastados da costa. O vento soprou forte e eles caíram no gelo amigo. - Como sou atrapalhado! Daqui a pouco derreto o iceberg. Preciso ir embora. Lá se foi ventando, ventando...

          O vento sul sopra das regiões frias, sempre vestido de touca, casaco e cachecol. É mensageiro das boas notícias. Num dia gelado, depois de assobiar pelo canto das casas e galpões, vento sul fez uma parada. Enrodilhou-se na grossa manta de lã. Ficou em volta do fogão à lenha de vó Carmela. Tomou chá e comeu broas de milho. Vó era benzedeira, noventa anos e já o curara de contração nas ancas. Apesar da idade ainda tratava das dores do corpo e da alma.

      O vento oeste, suave como os dias de abril, respirava poesia. Levava sempre uma sacola de livros. Na sombra das laranjeiras lia trechos de poemas. Seus ouvintes? Borboletas, pássaros, abelhas. No outono dançava com folhas e, comovido, acompanhava sua trajetória desde o ramo da árvore até o solo. Era testemunha da vida e morte. Um dia ajudou o beija-flor de asa ferida. Ele precisava alimentar os filhotes, mas não tinha força. Amparou-o, carinhosamente, para que sugasse néctar e o levou para o ninho.

     O vento leste é mensageiro das chuvas e trovoadas. As plantas, os rios, a cidade, os agricultores saudavam o vento porque ele trazia vida, mas temiam sua ira. É um vento que não perdoa. Amado por uns. Temido por outros. Quando, de mau humor, rugia sem menor cerimônia. Destelhava casas, arrancava árvores, irritava o mar, provocando ondas gigantescas. Apesar de sua rudeza, curtia as coisas simples da vida. Feijão, arroz, salada, ovo cozido de cinco minutos.

        Então é dezembro!

        Mas, antes da partida... tropeços.

     Vento oeste emprestara sua sacola de livros e não queria viajar sem ela.

        Vento leste teve problemas digestivos. Comera feijão demais e necessitou doses extras do chá de carqueja.

      Vento sul, com dores ciáticas, mancava.

     Vento norte, sempre distraído, esquecera a data do encontro.

        Nova data foi marcada.

        Véspera de Natal.

        Antes que surgisse novo imprevisto, nunca se sabe o que pode acontecer, por conta de tanto nervosismo e ansiedade. Os ventos fizeram, a mala, roupas para todas estações, sem esquecer do álcool gel, máscaras e uma sacola de bolachinhas coloridas, afinal iriam encontrar diferentes temperaturas, povos e crianças de todas raças e línguas.

        Tudo pronto.

        Estabeleceram um ponto de partida: o oriente, junto a Sagrada Manjedoura onde receberam bênçãos.

        Assim ungidos, saíram ventando de leste a oeste de norte a sul por toda Terra, badalando esperança, boas novas, paz e alegria ao Planeta coberto de feridas, carente de amor.

 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

SE FOI UM GRANDE GAÚCHO CAMPEIRO E RURALISTA.

 Refiro-me ao senhor Elizeu Almeida de Jesus, um homem correto, campeiro sem igual.

Seu Elizeu foi o primeiro que veio me visitar quando adquirimos as primeiras glebas de campo no Município de Unistalda, que fica ao lado de Santiago. Ele era meu vizinho de campo. Homem simples, mas muito sábio .

Muito, mas muito mesmo, me ensinou nas artes e práticas da Pecuária.

Conversávamos muito. Seu Elizeu conhecia tudo sobre pecuária, lidava com maestria na criação de ovelhas, seu  gado era de alta qualidade. Era um  cavaleiro, elegante e guapo, laçava como poucos nos rodeios.

Durante um tempo foi político. Também por sua iniciativa muito se deveu a ele na emancipação de Unistalda.

Seu Elizeu foi cavalgar no céu e que o Patrão Celeste o mantenha perto de si.


 

terça-feira, 30 de novembro de 2021

TUITES DE TITO GUARNIERE

 TUÍTES 

 

Vira-Casaca 

 

Sempre soube que Bolsonaro era torcedor do Palmeiras. Nesta decisão da Libertadores me surpreendi com ele bradando a palavra de ordem: "Agora, somos todos Flamengo". 

Nem quando ele declara o time que torce a gente pode acreditar. 

Além de vira-casaca, pé-frio. 

 

Liberdade de quem, cara-pálida? 

 

Bolsonaro a sargentos da Aeronáutica: "Querem roubar nossa liberdade". 

Quem, cara-pálida? PSDB, PT e MDB passaram quase 30 anos no poder e nunca houve uma sombra de ameaça à nossa liberdade. 

Depois da redemocratização, as ameaças à liberdade, à democracia vieram todas do governo Bolsonaro. 

 

O cara 

 

Sérgio Moro, juiz, acelerou todos os prazos para afastar Lula da disputa presidencial de 2018, quando era o favorito. Teve êxito. O grande beneficiário foi Jair Bolsonaro. 

Depois, aceitou o cargo de Ministro da Justiça no governo, que, se não fosse por ele, provavelmente não teria existido. 

É esse o cara? 

 

A luz do mundo 

 

A luz do mundo, segundo Dilma Rousseff (PT) vem da China, e ilumina a decadência e a escuridão das sociedades ocidentais. 

Da China, o colosso totalitário – e talvez de alguns outros regimes absolutistas do Oriente Médio, como os Emirados Árabes, Bahrein, Qatar, que Bolsonaro visitou dias atrás. 

 

Lendas urbanas 

 

A decadência das sociedades ocidentais vem sendo apontada por profetas de fancaria há muito tempo. É prima-irmã da crise geral do capitalismo, que dá uns sinais tímidos, aqui e ali, e logo se recupera para retornar ao antigo esplendor. 

A decadência das sociedades ocidentais, o colapso do capitalismo, são lendas urbanas, docemente cultivadas por certa esquerda. Mas é como Mark Twain reagia diante das notícias do seu falecimento: "As notícias sobre a minha morte são um tanto exageradas". 

 

Lula-Alckmin 

 

A Chapa Lula-Alckmin parece muito forte, mas tem uma vulnerabilidade. 

São dois políticos notórios, manjados, juntos já disputaram mais de dez eleições. 

A chapa pode concentrar o sentimento antipolítico que ainda é forte em amplos setores do eleitorado brasileiro. Para Lula, é menos arriscado um vice neutro (um empresário de prestígio, um político honrado, mas não tão ostensivo, uma mulher). 

  

Doria 

 

Não consigo ver onde João Doria (PSDB) vai buscar votos. A estas alturas, com o mérito indiscutível de ter adiantado a vinda da vacina anti-Covid em pelo menos três meses e, portanto, salvado milhares de vidas, ainda assim, o ato competente e corajoso não lhe rendeu as simpatias esperadas – as pesquisas não detetaram. 

Ele terá de encontrar seu caminho, definir os seus flancos vulneráveis, resolver a falta de carisma, nos próximos meses. 

Tenho um palpite para as suas dificuldades: Doria é muito "Mauricinho"; e parece com aquelas estátuas de cera dos museus de madame Tussaud. 

 

Vexame 

 

O pastor bolsonarista Marcello Crivella não vai mais para a embaixada da África do Sul. Misturando interesses de Estado e de Igreja, Crivella estava indicado para resolver os rolos da Igreja Universal da África. 

O vexame não rolou. 

 

titoguarniere@out.look.com 

twitter: @TitoGuarnieree 

 

domingo, 28 de novembro de 2021

CRÔNICA DO MÉDICO E ESCRITOR FRANKLIN CUNHA




OS INGLESES E SUAS FAÇANHAS COLONIAIS CANTADAS EM PROSA E VERSO POR FAMOSOS INTELECTUAIS

 

" Lá longe, do outro lado do mar, temos umas quantas pessoas da raça negra às quais deixamos demasiadamente livres. Sentados com seus formosos focinhos  - que chegam até as orelhas – cravados em abóboras , bebendo a polpa e o doce suco., com os incisivos dispostos para qualquer tarefa nova... afinal as abóboras são tão baratas  como a grama nesses climas exuberantes. Enquanto isso  a cana de açúcar apodrece sem ser colhida porque não se pode contar mão de obra, afinal as abóboras são tão abaratas  ... e os belos negros , sentados , com as abóboras até as orelhas  e os patéticos homens brancos aí sentados sem uma única batata para comer.

Thomas Carlyle (1795-1881), o celebrado escritor, autor da famosa obra literária Sartor Resartus  é o autor dessas linhas.

Em outros textos ele também afirmou que "A democracia é o caos povoado de urnas eleitorais", afirmação que alguns autores afirmam se constituir na base ideológica do nazismo..

Em 1865 o governador britânico da Jamaica, E.J. Eyre, comandou um massacre de negros, em retaliação ao assassinato de alguns brancos. O fato revelou a muitos ingleses as injustiças e os horrores de vida colonial. A discussão subsequente envolveu personalidades públicas famosas, tanto favoráveis a Eyre (Ruskin, Carlyle, Arnold) com suas declaração da lei marcial e massacre dos negros  jamaicanos, como contrários a ele (Stuart Mill, Thomas Huxley). Muitos "massacres administrativos" ocorreram nas colônias inglesas de todos os continentes. Nas palavras de um historiador " a Grã-Bretanha consegui manter a distinção 

 entre a verdade para o interior do país ( menos para a Irlanda), e a autoridade imperial para o exterior que ele define como " repressão e terror". 

Um outro venerado escritor inglês foi Rudyard Kipling ( 1865-1930), laureado com o Nobel de literatura  em 1907. No entanto, nas palavras de George Orweell ele foio um "profeta do imperialismo britânico".[ Muitos viam preconceito e militarismo em suas obras principalmente quando se sabe que seu divulgadíssimo e sempre recitado poema If (Se é símbolo dos Cadetes da Academia da Força Aérea Britânica.

Para quem não conhece a obra de Kipling,  de apoio ao imperialismo britânico aos massacres dos nacionalistas das colônias,  tomadas à força, as controvérsias sobre esses temas perduram até hoje em seu acervo literário.

A história do aguadeiro Gunga Din, a serviço de  uma guarnição militar inglesa, nos emocionava ao vermos esse pobre indiano soprando um clarim e despertar os soldados de Sua Majestade num momento em que alguns andrajosos guerrilheiros  indianos  tentavam, à noite, assaltar um forte inglês, E ao vermos o filme baseado no livro, torcíamos para os ingleses que  com o ato heroico de Gunga Din, liquidaram a tiros com os patriotas indianos.

E a Família Real sempre se locupletou, sem arriscar seu pelo, com todas essas façanhas da nobre estirpe de políticos, generais e almirantes da velha Albion.

E na St. Paul Cathedral de Londres, os Almirantes, Generais e escritores  que dizimaram povos coloniais e glorificaram  e enriqueceram a Grã Bretanha ( e a Família Real) ,lá estão enterrados e homenageados com belas e brilhantes placas de ouro e prata, extraídos do solo (e do sangue)de suas conquistas territoriais.

 

Franklin Cunha

Médico

Membro da Academia Rio-Grandense de Letras

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

PROGRAMA DE GOVERNO

 TITO GUARNIERE 

 

PROGRAMA DE GOVERNO 

 

Nenhum presidente brasileiro foi mais dependente, em economia, do que Bolsonaro em relação ao seu ministro Paulo Guedes - ao menos até certa altura. Bolsonaro dizia não entender nada de economia, no que foi sincero e está plenamente evidenciado. 

 

Por algum tempo prevaleceu a ideia de que Paulo Guedes era o Posto Ipiranga, a estação de passagem de toda a administração da economia. A ilusão durou pouco. Faltava a Guedes o conhecimento técnico e o estofo político para desempenhar papel de tal envergadura. 

 

O ex-juiz Sérgio Moro, ao que consta, já escolheu o seu economista de preferência: Affonso Celso Pastore. Não se sabe ainda até que ponto Pastore pode ter, para Moro, o mesmo significado do que Guedes para Bolsonaro. 

 

A escolha de um economista de renome, como Guedes e Pastore, é uma solução medíocre. Em geral eles vêm da economia privada, achando que os problemas do Brasil só não se resolveram, antes, porque faltava um verdadeiro condutor. Poucos se dão conta de que a lógica da administração privada, empresarial, só tangencia de leve, só coincide em questões pontuais, com as singulares exigências da administração pública. 

 

Para ficar em um só exemplo, na iniciativa privada os maiores salários (em geral) são destinados aos trabalhadores mais hábeis, qualificados e engajados no projeto. Na pública, os maiores salários com frequência são apenas isso – os maiores salários. Na empresa, um trabalhador relapso, impontual, inassíduo, não se cria por muito tempo. Na repartição pública, esse mesmo trabalhador fará carreira, receberá os mesmos benefícios dos seus colegas, sobreviverá sem maiores sobressaltos no emprego – graças à estabilidade funcional. 

 

Nas agências públicas, o funcionário estável pode até mesmo – se quiser – se opor às diretrizes do chefe imediato, e de todas as chefias superiores. Claro, ele nunca o fará por capricho, birra, ou seja lá o que for – sempre poderá alegar razões altruístas e republicanas, as quais são aquelas que ele defende e abraça. 

 

Então, antes do ministro, é preciso escrever o programa para a economia, o que supõe uma equipe afinada com as ideias do candidato e do partido, capaz de realizar um diagnóstico confiável e de apontar caminhos e soluções. O programa de governo será sempre uma obra coletiva, permeado de insights políticos e de considerações teóricas que identifiquem o projeto e apontem o rumo. 

 

Candidatos "outsider", recém-chegados na política ou na vida partidária, com frequência, "encomendam" programas como um ornamento, um documento artificial, pois é preciso tê-lo para apresentar ao distinto público. 

 

Mesmo um programa de governo laboriosamente elaborado, refletindo a história e os compromissos do partido, é peça mais de aparência do que de compromisso real. Imaginem os programas construídos "por obrigação", saídos de uma única cabeça, apenas para que o candidato possa exibi-lo como seu. 

 

Enfim, não é no programa que o eleitor tem de confiar. E menos ainda em uma ou outra figura exponencial que acompanha o candidato. Então com base em que fazer uma boa escolha? Não há fórmula mágica. É assunto para um novo artigo. 

 

titoguarniere@outlook.com 

twitter: @TitoGuarnieree