quinta-feira, 24 de março de 2022

A FORÇA DE UM JORNAL

 A FORÇA DE UM JORNAL

Como vocês talvez recordem, consegui por gentileza do meu amigo Borowsky, colunista da Gazeta, localizar o exemplar que contém um artigo que escrevi aos 16 anos. Eu brandia contra a descriminação racial nos Estados Unidos.

De vez em quando, quando já adulto, escrevia algo, sempre lia a Gazeta, cujos exemplares minha mãe guardava com muito zelo, para eu ler quando a visitava.

Sei que  não sou uma unanimidade, mas que tenho muitos amigos leitores é fato. Muitos me mandam comentários pelas redes sociais.

Recebi um  e-mail do Odilo Mallmann,meu amigo, assinante da Gazeta, comentando o assunto do Kappesberg. E narrou episódios de sua vida que muito me tocaram, pela semelhança do que comigo aconteceu.

" Nos últimos dois anos do antigo "primário" tive um professor formado num internato.Me convidou, falou com meus pais e lá fui eu em março de 1968. Recém fechado 14 anos. Um choque na vida. Nunca tinha saído de casa por mais de um dia. Tinha que passar no exame de admissão. Na chegada ao colégio,tinha que levar roupas e materiais de higiene pessoal, colchão e, uma enxada para trabalhar na horta e na roça uma vez por semana. Os alunos anteriores costumavam sentar no cabo da enxada e quebravam para fugir do trabalho, embora todos vindos de famílias de minifúndio agrícola.  Meu número de identificação dos pertences era 92. A limpeza do colégio, servir as mesas nas refeições, lavar a louça, etc, era feita em equipes escolhidas por um de confiança da direção. E uma freira supervisionava. Na limpeza, a ordem era simples. Não fez direito, faz de novo. Na volta, banho de chuveiro, claro, frio. Das 8 às 12h. E das 13:30 às 17 aulas. Liberdade para visitar a família, na Páscoa, férias de julho e fim de ano. Ah! Para quem tinha optado em trabalhar na granja, para não ir no sol, tipo fazer ração, tratar os porcos, coelhos, galinhas poedeiras e tirar o leite das vacas, nas férias, tinha que manter o serviço pois o colégio não tinha como pagar funcionários além do único gerente da granja. O regime do quartel era generoso na comparação. Disciplina, dedicação aos estudos, exigências de notas mínimas de 7, respeito aos colegas, etc, era o mínimo que se exigia de um futuro professor. Até me emociono hoje pela gratidão ao sistema."


Outro amigo, Alceu Lau, me mandou  comentário sobre os banhos gelados no Colégio Santo Inácio:

“No inverno a piscina quase chegava a ficar com uma placa de gelo em dias de geada.Mas o frio não era impedimento para dar mergulhos nas águas geladas”.

Aí está a força da Gazeta! A interação.