quinta-feira, 12 de setembro de 2019

MORO, MOURÃO, GUEDES E BOLSONARO


Com Sérgio Moro eu me preocupava muito. Ele era um juiz singular, ainda não tinha a prática de julgamentos em colegiado. Explico-me: o juiz singular  despacha, instrui o processo e ao término profere a sentença, que tem que ser fundamentada. Isso o juiz vai fazer solitariamente, ele e Deus. Talvez se valha de pesquisas de assessores, mas quem tem a caneta é ele sozinho. No colegiado, Tribunais de Justiça, STJ, STF etc, a regra é que uma turma, um grupo, decide. Isso exige serenidade, acatar quando a maioria decide em contrário a suas convicções. É uma fase para a qual o magistrado tem que estar consciente de que a maioria decide e não ele sozinho.Por vezes se vêem em Tribunais, discussões acirradas, o que não é e nunca foi de meu gosto. Moro, portanto, se já não tinha a experiência de ser contrariado, muito menos tinha a vivência dos meandros  da política.
Por isso  esteve na corda bamba pronto para levar um empurrão e ser defenestrado sem cerimônia. A meu ver - e posso estar errado- o que o salvou foi a opinião pública. Com efeito, quando surgiram as pesquisas dando Moro com alto percentual  de aprovação, ligou-se a sirene do mundo político. Com Bolsonaro em baixa nas pesquisas, só um louco para dar o cartão vermelho a Moro. As ruas seriam tomadas por manifestantes e tudo mais.
Moro maneirou a expressão de suas contrariedades e vai surfando, calmo e fagueiro, na onda de seu prestígio ante as massas.
O General Mourão logo de início não se deu conta de que, conquanto ele fosse general e Bolsonaro capitão, este era Presidente. Mourão quis ajudar, mostrar seu potencial  de , na falta do Presidente, ser o homem certo para continuar no leme do barco. Acontece que isso não pegou bem, começaram as críticas e Mourão fez o certo. Diminui as aparições públicas. 
O nosso ministro Guedes é de pavio curto o que às vezes é bom. É muito preparado para a área, não estava precisando desse cargo para viver, ao contrário, está deixando de ganhar dinheiro. Muitas de suas posições causam certo temor, mas creio que o navio está no rumo certo. Por vezes me pareceu que ia chutar o balde, mas deve ter tido bons conselheiros que o dissuadiram. Posso estar errado mas o caminho para o bem estar de um povo não passa pelo coitadismo, por medidas populistas e por óbices à livre iniciativa.
No que tange ao Presidente, vamos ter que rezar para que seus excessos verbais não causem uma situação de irreversibilidade, se é que me entendem. 
Bolsonaro saiu das praias do Rio, mas a espontaneidade da maioria dos cariocas não saiu dele