https//www.gaz.com.br/reflexoes-sobre-porto-alegre/
RUDOLF GENRO GESSINGER
Antes
de ir morar na capital, eu não conhecia praticamente nada de Porto Alegre.
Assim como acontece com o Rio de Janeiro, a grande imprensa prefere exaltar
fatores negativos - principalmente a violência urbana, mal comum a todas as
cidades grandes – a efetivamente informar a população a respeito de o que de
relevante ocorre na vida em Porto Alegre.
Por
exemplo, não entendo por que seria interessante para nós, em Santa Cruz do Sul,
ouvirmos numa rádio de alcance estadual que há um ônibus quebrado na Avenida
Protásio Alves, nem que ocorreram, na madrugada, duas mortes na localidade de Buraco
Quente, provavelmente relacionadas a disputas territoriais de traficantes de
droga.
Essa
visão provinciana de quem já se proclamou “a tua voz” pode estar relacionada ao
fato de que nossa capital está afastada de outros grandes centros urbanos do
país, especialmente considerando que a cidade de porte semelhante mais próxima
é Curitiba.
Porto
Alegre é uma cidade de serviços e de convenções. Apesar de alguns
embelezamentos promovidos por iniciativas público-privadas, como a lindíssima
Orla do Guaíba, a vocação da cidade não é turística e provavelmente nunca será.
O funcionalismo público domina as oportunidades profissionais, o que me parece
contribuir para engessar a mentalidade dos habitantes da capital.
Quem
chega do interior obstinado a se destacar tende a conquistar seu espaço na capital.
Importa
ir para Porto Alegre buscar um atendimento médico ou jurídico especializado,
fazer um curso de excelência em alguma grande instituição de ensino superior,
ou desfrutar da rica gastronomia e dos variados bares que a cidade oferece.
Como
eu já tinha escrito em texto anterior, nesse mesmo espaço, as regiões
metropolitanas de Porto Alegre e de Salvador tiveram reduções de quase 10% de
seus habitantes entre os censos populacionais de 2010 e de 2022. No caso gaúcho,
há uma notória e progressiva debandada de gente rumo a Santa Catarina, atrás de
objetivos de vida como morar perto da praia e ter boa qualidade de vida.
Os
limites estruturais e logísticos do estado vizinho me geram dúvidas sobre a
sustentabilidade de todo esse crescimento que temos visto nos últimos anos, mas
isso é assunto para um futuro texto próprio.
Reparei
que o trânsito de Porto Alegre retomou os níveis pré-pandemia, o que é mais bom
do que ruim. Na última semana, o South Summit trouxe bastante movimento para a
cidade, como tem sido em todos os anos, se consolidando como uma vitrine cada
vez mais interessante para o empreendedorismo de toda a região sul do Brasil.