Às vezes operadores do Direito que nunca calçaram uma bota de trabalho, nunca lidaram no campo ou na lavoura, lançam palavras de comiseração , dizendo serem esses furtos de gado meramente famélicos. Furtos que são para matar a fome dos pobres famintos.
Mas não é assim.
Quadrilhas organizadas têm caminhões boiadeiros, cavalos, clientes certos.
O que acontece é o seguinte.
Criar gado hoje em dia não é nada fácil, custa caro e a margem é pequena.
Antigamente vendia-se o boi criado a campo, sem pressa.
Hoje o novilho tem que estar pronto aos 2 anos, é fundamental a pastagem de inverno, a sanidade exige combate a doenças, com vacinas periódicas, quase não se encontram mais peões que queiram trabalhar nas fazendas, conquanto bem remunerados e com todas as comodidades da cidade.
De vez em quando um raio mata quatro ou cinco reses ou algum acidente lastima o animal.
Isso sem falar nos calotes que alguns compradores aplicam.
Nós, pecuaristas, somos os últimos, dentro de uma economia de escala que
a) tem grande estoque;
b) estoque vivo.
E aí, na calada da noite vêm os bandidos, armados ( o que para nós é vedado) e carneiam no campo mesmo ou levam embora, nossos animais.
Quem é que compra essa carne ?
Quem é que compra os bois furtados?
Têm alguém que integra essa cadeia nefasta.
É tão difícil assim descobrir?
segunda-feira, 31 de julho de 2017
sábado, 29 de julho de 2017
MAIL DO DR..ENIO HEINEN
Prezado Ruy.
Mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, quero parabenizá-lo
por sua decisão de voltar a escrever. O senhor tem o dom pra isso e deve usá-lo
para registrar memórias de tempos difíceis e saborosos .
A respeito de Horizontina, junto algumas observações de
experiências
pessoais:
- Fui bastante ligado à SLC, pelo meu trabalho como
fundidor. Destaco dois conhecidos, Dr.Jorge Logemann e Eng. Jorge Kruel. Gente
muito especial.
- Antes de me formar engenheiro na UFRGS (1958), eu já
visitava Horizontina regularmente. Meus avós, com quem morei 5 anos em
Independência, passaram seus últimos de vida por lá.
- Na primeira vez que visitei Horizontina a trabalho, morei
no hotel perto da igreja. Acho que era o único e deve ser o mesmo da sua
crônica. Pela manhã, o despertador era infalível: o tradicional badalar do sino
que já deu margem a processos em duas comarcas onde predomina a imigração
alemã, Panambi e Nova Petrópolis. A ideia do Dr. Jorge de construir o Hotel
Ouro Verde foi sensacional. Tinha que ser para hospedar os gringos da John
Deere.
- Jantando um surubi ao forno no restaurante do Ouro
Verde, de certa feita, tive um encontro inusitado com a figura citada no seu
escrito, Walter Bündchen. Bati um longo papo com ele sem saber quem era. Só
soube pelo garçon que se tratava do pai da Gisele.
- Como nasci em Ijuí, já vim ao mundo adaptado ao barro
vermelho. Sempre fez parte da minha vida.
Desejo-lhe um excelente fim de semana.
Abraços
Enio
sexta-feira, 28 de julho de 2017
VOLTEI A SER COLUNISTA DA GAZETA DO SUL
O jornal diário A GAZETA DO SUL,de mais de 70 anos de vida, sediado em Santa Cruz do Sul, abrange uma vasta região em seu redor. Faz parte de um Grupo que também tem emissoras de rádio AM e FM. O atual proprietário é André Jungblut, meu amigo de infância. Durante algum tempo fui colunista do jornal, mas meus afazeres intensos me fizeram parar.
Agora, no entanto, André me pediu que voltasse, com o que concordei.
Fiquei um pouco envolvido em outras prioridades e por isso deixei de postar uns dias.
Abaixo,minha crônica publicada na Gazeta. Na próxima falarei sobre Santiago.
Agora, no entanto, André me pediu que voltasse, com o que concordei.
Fiquei um pouco envolvido em outras prioridades e por isso deixei de postar uns dias.
Abaixo,minha crônica publicada na Gazeta. Na próxima falarei sobre Santiago.
DE VOLTA
Como diz aquela letra :
De nuevo estoy de vuelta,
después de larga ausencia;
igual que la calandria
que azota el vendaval.
Y traigo mil canciones
como leñita seca:
recuerdo de fogones
que invitan a matear.
después de larga ausencia;
igual que la calandria
que azota el vendaval.
Y traigo mil canciones
como leñita seca:
recuerdo de fogones
que invitan a matear.
Pois por convite de meu amigo de infância
André Jungblut retorno a dar meus pitacos na Gazeta. O convite era para a
coluna ser semanal, mas optei por ser a cada 14 dias para ver como se ajeitam
as melancias na carroça.
A essas alturas do campeonato pouca gente
me conhece na minha querida terra natal. Não tem importância. Vamos charlando
no caminho e nos conhecendo.
Nasci na Linha Araçá, onde meu pai tinha
uma casa de comércio. Na época gravidez não era doença e, especialmente na
colônia, as mulheres davam a luz em casa mesmo, no máximo assistidas por uma
parteira. E não havia nada de alergia ao leite ou a isso ou aquilo. Era mamar
nas tetas da mãe até onde desse e depois leite de vaca, E, lá pelos seis meses,
uma linguiça de porco na dieta.
Quando completei seis anos meus pais se
mudaram para Santa Cruz, onde abriram nova casa de comércio. Frequentei o
jardim de infância das irmãs franciscanas, depois o Colégio São Luiz e,
mais tarde, o Mauá.
Passei no vestibular para Direito na
UFRGS, onde colei grau em 1969. Aos 22 anos prestei concurso para
delegado de Polícia, cargo que exerci por cerca de um ano. Fui advogar em P.
Alegre. Depois, após novo concurso, assumi como Juiz de Direito,
chegando, ao final, a desembargador, cargo do qual estou aposentado.
Mas na minha coluna não haverá lugar para
juridiquês ou linguagem cifrada.
Proponho-me a reflexões, relatos de
experiências, sempre aceitando e ponderando críticas que me fizerem.
Notaram como este texto está inçado de
espaholismos e termos campeiros?
Pois é. Os idiomas são seres vivos e tanto
as palavras escritas e mesmo faladas denotam imersões em diversas regiões.
Minha primeira Comarca foi
Horizontina. Ali aprendi “o que era bom para tosse”. O asfalto terminava em
Carazinho e daí até Ijui, estrada de chão, De Giruá até Horizontina , barro
vermelho. Levei dois dias para chegar. Tinha carro que atolava dentro da
cidade. O único hotel de então era de madeira. Fiquei um ano.Ali conheci muita
gente que tinha vindo das “ colônias velhas” para as férteis e vastas terras do
noroeste. Começava o período do milagre soja-trigo. Jamais esquecerei as
imagens daquelas montanhas de tocos de árvores nativas resultantes de um baita
desmatamento. As águas dos cursos dágua eram de um vermelho sangue. Nem as
matas ciliares
eram poupadas. Mas tudo em nome do “ progresso”.
Curiosidade: o Prefeto era o sr. Walter
Bündchen, avô da übermodel Gisele. A cidade girava em torno da SLC, cujo
administrador era o dr. Jorge Dahne Logemann.
.
A poucos quilômetros de Horizontina estava
o rio Uruguay. Do outro lado, a Província de Misiones, Argentina, cuja capital
é Posadas, nas margens do Rio Paraná. Muito fui para lá nos feriados e fins de
semana.
E ali entrei em contato com uma cultura
cuja existência estava longe de imaginar. Aprendi a admirar os
chamamés, os vocais, o peculiar jeito de tocar guitarras, a conservação do
idioma guarani, a inspiração poética contida nas composições musicais.
Segue na próxima coluna.
segunda-feira, 24 de julho de 2017
COMOVENTE CRÔNICA DE MEU COLEGA DE FACULDADE (DIREITO UFRGS) EMANUEL MEDEIROS VIEIRA
ALFREDO, MEU PAI!
Para o meu Alfredo,
no dia em que lembramos os 39 anos de sua morte (24 de maio de 1892-22 de julho
de 1978)
EMANUEL MEDEIROS
VIEIRA
“Você é seu corpo/Sua voz seu osso/Você é seu cheiro/E o cheiro do
outro/O prazer do beijo/Você e o gozo/O que vai morrer/Quando o corpo morra/Mas
é também aquela/Alegria ‘verso , melodia’/Que intangível, adeja/Acima do que/a
morte beija.”
(Ferreira Gullar –
“Isto E Aquilo”)
Breve a vida. Quando morreste, eu tinha 33 anos e escrevi um
texto com o título acima.
Algum recorte está
nas minhas pastas “candangas”.
O senhor foi um homem nascido no final do século XIX (24 de
maio de 1892 – mesmo dia do seu neto Lucas, meu filho ( filho do amor) –24 de
maio de 2003).
“Encantou-se” em
22 de julho de 1978 – mesmo dia de aniversário do seu neto, o querido Luciano –
22 de julho de 1964.
Meu pai: o senhor foi
o melhor homem que eu conheci.
Católico fervoroso, de uma autenticidade raríssima: sempre generoso,sempre compassivo com os mais humildes,
Combatia os exploradores do Homem, brilhante e culto professor
e Inspetor Escolar.
Em toda a sua vida, a Fé e o Amor estavam acima de tudo!
Não deixou bens –
coisas fugazes, passageiras, “madeiras” da cobiça que o cupim rói e o tempo faz
desaparecer.
Mas deixou para todos os seus 17 filhos (sim, 17 – alguns já
lhe fazem companhia).
Legou esse bem maior
que carregamos em cada dia de nossas vidas: o sentimento de justiça, de
solidariedade, de respeito ao próximo, de honra (sem formalismo) – não a honra fácil dos protocolos –, tão
apreciada pelos medíocres e vaidosos –, mas de fundo e total respeito ao outro, de amor ao próximo– nada
retórico, absolutamente vivenciado.
Não adianta que
apenas nossas ideias sejam justas e boas.
É fundamental que
sejamos justos e bons.
Como o senhor sempre
foi.
Nunca vi um homem (papai) e uma mulher (mamãe) lutarem com tanta
dignidade, obstinação, pertinácia, estoicismo, mesmo nos momentos difíceis,
quando papai precisou vender a casa, a querida mamãe indo para outro lugar (com
outros familiares), deixando suas amigas, suas plantas tão amadas, e lembro-me
que ela carregava dois vasos de flores que estavam no varandão de nossa casa.
Antúrio? Samambaia?
Na casa chegavam quase todos os dias o “Curvina”, o cego
Antônio, com a sua bacia de moedinhas, seus andrajos, o Chico Barriga D’Água. E outros que meus
irmãos e irmãs poderão identificar.
Eu morria de medo da Barca-Quatro, furiosa, jogando pedras
em que a chamava pela alcunha, e contam que uma das pedras passou pela janela e
caiu no berço onde eu , bebê, estava deitado. .. Tinha uns três meses? Hoje: 72
anos.
Então: a “Indesejadas das Gentes”, andou me seguindo desde cedo, mas a vida foi sendo
maior.
Vai chegar a hora, meu pai. Não te preocupa, mas teu filho
andou pegando um câncer (que o poeta Jayme Ovalle chamou de a “tristeza das células”).
Alfredo e Nenen: intercedam
junto ao Pai, à Maria e a São Miguel Arcanjo– intercedam por todos nós,
habitantes de um país e um mundo complicados, difíceis, carentes de utopias.
Não era só um prato
de comida que papai e mamãe sempre ofereciam. Eram cobertores, roupas, camisas,
calças, vestidos, tudo, charque, leite ninho, café, feijão, arroz etc.
Era a palavra amiga, evangelizadora – e a ternura.
Ah, minha mãe, como lembro
dos seus “bolinhos de chuva”, de suas
tainhas, fritadas ou assadas no fogão de lenha, de suas balas enfeitadas, das
deliciosas cocadas que Nenen, a mãe, fazia.
(Outros preferem Nenê. Ela não gostava do seu nome
cartorário: Cidolina.)
Quanto tudo, pecuniariamente, ficou mais difícil (parecia
que tudo caía sobre as nossas cabeças, papai perseguido por seres perversos e
invejosos ( que devem ter morrido sem a solidariedade de si mesmos – usando a
expressão de Mário de Andrade) .
Ele foi, sem exagero,
um humanista em tempo integral.
Os cestos de balas e as cocadas, preparados – ficavam
belamente coloridos e ajudavam no modesto
orçamento doméstico.
Mas eu escrevi acima: não deixou bens materiais.
Deixou um legado incomparável com a matéria finita, algo que
não se mede em moedas – o senhor era do campo do SER, não do TER.
Sim: eu fiquei com um boné que era dele.
Mamãe era a mulher “prática” – um carvalho. E o senhor, como
os seus filhos, um intelectual.
Alguns queriam mudar o mundo.
Papai escrevia,
deixou livros evocativos e elos. Ele sempre lembrava – com orgulho – da conferência de Rui Barbosa , na qual esteve presente, em Petrópolis, RJ.
Havia um quadro do “liceu” (como se dizia na época), com o
retrato dos seus companheiros.
E toda vez que morria
um do grupo, o senhor colocava um X na testa do falecido.
E foram ficando poucos – muito poucos.
E, naquele sábado,
começo da tarde, pelas 13h30, de 22 de julho de 1978, alguém colocou o X no seu
retrato. Era a sua hora.
Não posso esquecer: o senhor era da Ordem Terceira de São
Francisco e ajudava a carregar o andor em muitas procissões,
Poderia ter escrito
algo com mais “encantamento”.
É verdade.
Sei como o senhor sentiu a morte da sua “patroa”.
Mas queria dar um exemplo para os filhos – não chorar na
presença deles.
Contemplou-a através
de um vidro (na época, falava-se em “sala de recuperação”, não de UTI).
Lembro-me de um lençol branco. De um balão de oxigênio. E de
um cheiro de menta, álcool, suor, morfina. Era 29 de março de 1968.
Mas depois, um irmão viu o “velho” Alfredo chorando em um banheiro do hospital de Porto Alegre.
Até, meu pai!
Vamos lutando – é da humana lida lutar –, fortalecidos pela tua incansável batalha prévia.
Sustos não faltaram.
”Ao longo do tempo/morri
muitas vezes: vida/mata mais que a morte”. (Olga Savary)
Alfredo: meu pai!
Alfredo: meu amigo – amigo dos seus filhos, dos seus netos,
dos seus amigos.
Esse homem que formou
gerações.
Seu nome era Alfredo
Xavier Vieira.
(Salvador, julho de
2017)
AGRONEGÓCIO - MENSAGEM DO COMUNICADOR MARCELO BRUM
Tenho repetido várias vezes que o "agro tem atuado
como bombeiro ". Tenho sugerido ideias e nos próximos dias vamos lançar um
plano de parceria de produtores e simpatizantes a causa . Algumas ideias: 1 - Em cada município, nós do agro vamos falar com vereadores e prefeitos pra
instituir Dia de Campo nos municípios e levar crianças da rede escolar pra
visitarem as fazendas pra conhecerem a produção. 2 - Também nos municípios
vamos falar com vereadores e prefeitos pra que coloquem na grade curricular dos
municípios às disciplinas de técnicas agrícolas e Moral e Cívica, onde não tem.
3 - É preciso investir em educação e nas crianças. Essas são ideias simples,
porém profundas que podem trazer um resultado gigante. Detalhe! Cada um de nós
temos que fazer a nossa parte. Se cada um de nós em nosso município, fizermos a
nossa parte nesse sentido, vamos começar a virar o placar do jogo. É preciso
semear essa ideia na cabeça das crianças que vão encher as redes sociais de
imagens da produção de alimentos. As crianças precisam saber que só tem
chocolate da Nestlé, picolé da kibon, pizza, Hamburguer, porque tem produtor
produzindo no campo. É um trabalho de formiguinha, mas que pode dar resultados
extraordinários e positivos.
domingo, 23 de julho de 2017
DOS NEGÓCIOS RURAIS E DA SUCESSÃO FAMILIAR
Vinte e três anos de contato com o agronegócio e a observação dos negócios comerciais de meu avô Rudolf Gessinger e de meu pai Armando, me ensinaram algumas coisas.
Com meus ancestrais aprendi que é fatal a inadimplência dos compradores. Você vai confiando, vendendo fiado e quando vê, está sem capital de giro. E..babaus.
Daí que, ao enveredar para o agronegócio, me obriguei a um propósito pétreo: não vender meus produtos sem ter certeza de que seria pago. Mais: achei melhor vender à vista, com desconto, mesmo diminuindo a margem de lucro. Também aprendi que a qualidade se defende sozinha. O comprador pode achar caras as novilhas, mas isso não é grave. Grave é ele dizer: " não era bem isso que eu queria" ( ou seja: que porcaria de novilhas esse cara tá me oferecendo).
Sem liquidez fica difícil acompanhar a modernidade.
Estava lendo no Caderno Campo e Lavoura de ZH o relato de um filho que convenceu o pai a se apropriar de técnicas de diversificação e integração agricultura x pecuária.
Aí chego no assunto sucessão familiar.
Nem sempre nossos filhos têm vocação para o agronegócio. Preferem seguir suas carreiras ou encontram obstáculos para morar perto da propriedade às vezes por exigências de seus cônjuges.
E a idade vai pegando.
Penso que o melhor seja, enquanto é tempo, reunir a família e acertar quem será o que vai continuar tocando o negócio, sendo os demais futuros herdeiros contemplados com quotas partes ideais consistentes em outros ativos, tais como apartamentos etc.
Tenho minhas sérias dúvidas sobre formar um condomínio gestado por todos. Nisso sou conservador. As coisas têm que ter um gestor ou você já viu uma reunião ser muito produtiva quando todo mundo fala e ninguém escuta?
Ok. e se na sua família não tem ninguém que possa tocar os negócios?
Se você já está cansado e sem entusiasmo, vai perder a excelência de seus produtos e devagar, mas inexoravelmente, vai quebrar.
É a hora da terceirização da administração.
Mas aí é outro capítulo.
Dedico este texto a um gênio no mundo dos negócios: Paulo Nicola, el Pablyto.
Com meus ancestrais aprendi que é fatal a inadimplência dos compradores. Você vai confiando, vendendo fiado e quando vê, está sem capital de giro. E..babaus.
Daí que, ao enveredar para o agronegócio, me obriguei a um propósito pétreo: não vender meus produtos sem ter certeza de que seria pago. Mais: achei melhor vender à vista, com desconto, mesmo diminuindo a margem de lucro. Também aprendi que a qualidade se defende sozinha. O comprador pode achar caras as novilhas, mas isso não é grave. Grave é ele dizer: " não era bem isso que eu queria" ( ou seja: que porcaria de novilhas esse cara tá me oferecendo).
Sem liquidez fica difícil acompanhar a modernidade.
Estava lendo no Caderno Campo e Lavoura de ZH o relato de um filho que convenceu o pai a se apropriar de técnicas de diversificação e integração agricultura x pecuária.
Aí chego no assunto sucessão familiar.
Nem sempre nossos filhos têm vocação para o agronegócio. Preferem seguir suas carreiras ou encontram obstáculos para morar perto da propriedade às vezes por exigências de seus cônjuges.
E a idade vai pegando.
Penso que o melhor seja, enquanto é tempo, reunir a família e acertar quem será o que vai continuar tocando o negócio, sendo os demais futuros herdeiros contemplados com quotas partes ideais consistentes em outros ativos, tais como apartamentos etc.
Tenho minhas sérias dúvidas sobre formar um condomínio gestado por todos. Nisso sou conservador. As coisas têm que ter um gestor ou você já viu uma reunião ser muito produtiva quando todo mundo fala e ninguém escuta?
Ok. e se na sua família não tem ninguém que possa tocar os negócios?
Se você já está cansado e sem entusiasmo, vai perder a excelência de seus produtos e devagar, mas inexoravelmente, vai quebrar.
É a hora da terceirização da administração.
Mas aí é outro capítulo.
Dedico este texto a um gênio no mundo dos negócios: Paulo Nicola, el Pablyto.
sábado, 22 de julho de 2017
MEU BLOG ACABA DE ATINGIR UM MILHÃO DE ACESSOS
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“ De primeiro” eu tinha um blog que era complicado. Não dava
para publicar imagens.
Por sugestão de Júlio Prates,Prévidi e Loeffler migrei para o blogspot.
Acabo de constatar que atingi um milhão de acessos.
É muito, é pouco?
Não sei.
O que sei é que estou mais faceiro do que pintinho em
quirera.
Meu blog é meu canal de confidências, opiniões, preocupações
. Procuro ser didático.
Me preocupo em evitar, tanto o banal, como o “
juridiquês”.
Me lê quem quer.
Essa é a grande sacada.
Fico grato a todos.
SEQUESTRARAM O BRASIL - ARTIGAÇO EM ZH DE HOJE
| CARLA ROJAS BRAGA
SEQUESTRARAM O BRASIL
Síndrome de Estocolmo é um estado no qual vítimas têm um relacionamento afetivo com o captor. Recebeu este nome em referência ao famoso assalto do Kreditbanken, quando as vítimas continuavam a defender os sequestradores mesmo depois de dias em liberdade. Manifesta-se assim: durante o processo, os reféns começam por se identificarem com os sequestradores como defesa, por medo de retaliação.
As tentativas de libertação são vistas como uma ameaça porque o refém corre risco de ser agredido. Os sintomas são consequências de um estresse físico e emocional intenso. O amor e ódio para com o captor é estratégia inconsciente de sobrevivência das vítimas. A mente faz a ilusão para proteger a psique e a identificação com o sequestrador ocorre para propiciar uma fuga da realidade perigosa e violenta à qual a pessoa está sendo submetida.
O sequestrador danifica a mente da vítima porque é um psicopata.
Talvez possamos verificar tal tipo de personalidade em alguns políticos. Têm a expectativa de explorar os demais e grande inclinação para violação das regras, sem se importarem com os direitos alheios.
Não sentem temor de enfrentar ações punitivas, completamente carentes de sentimentos de culpa. Normalmente, suas relações duram tempo suficiente em que acreditam ter algo a ganhar.
Têm facilidade em influenciar pessoas, com eloquência, ora adotando um ar de inocência, ora de vítimas, ora de líderes.
Portanto, o povo-eleitor-refém é uma presa fácil.
O povo-refém é aquele que, em função do estresse decorrente dos crimes cometidos pelos políticos fica tão assustado, que é capaz de defendê-los nas próximas eleições. Os sentimentos de frustração, decepção e revolta podem mascarar-se defensivamente e hipnoticamente como idolatria e apatia para manifestar-se.
O medo leva à desesperança e à morte moral através da submissão. O povo brasileiro precisa acordar e querer a liberdade! Caso contrário, seremos eternamente reféns de políticos sequestradores de votos e de almas!
Está na hora de sairmos da zona de DESconforto e agir!
quinta-feira, 20 de julho de 2017
BELO ARTIGO DE UM JOVEM SANTIAGUENSE
Juventude
mais próxima da política sim!
Em tempos de tanta polarização política partidária e ideológica em nosso país, cresce também o número de jovens interessados pela política e pelo funcionamento do poder no Brasil. Mas o que cresceu não foi exatamente o envolvimento dos jovens com partidos ou com seus programas doutrinários, mas sim com a política de “P” maiúsculo.
Ao se aproximarem da política, os jovens querem entender como o poder é distribuído, como funciona e a quem é delegado essa poderosa ferramenta, capaz de decidir o futuro de todos nós. O jovem quer saber quais são os seus direitos e por que eles não estão sendo cumpridos. Eles não querem saber se o Lula irá preso, se o Aécio será cassado ou se o Temer vai conseguir cumprir seu mandato até o fim. Eles querem sim questionar os motivos pelos quais o Brasil é um dos países que tem a maior carga tributária do mundo e mesmo assim o Estado não consegue cumprir suas funções bá sicas como segurança, saúde e educação. Ele questiona qual a razão de pagarmos três vezes mais por um produto só por causa dos impostos.
Os jovens querem questionar a omissão do poder público e por que um conchavo de políticos acaba tendo muitas vezes mais força que o sentimento de centenas de milhares de brasileiros, seja nas ruas ou praças públicas, refletido nas telas das redes sociais. Essa mobilização da juventude brasileira que dia após dia se interessa mais pela política e reconhece através disso o poder de seus votos, se pulveriza por todas as classes e faixas etárias, somado muitas vezes ao sentimento de abandono e injustiça de seus pais e demais familiares.
Com toda certeza, cada vez que o jovem se aproxima da política ela melhora, pois sua inquietude, vitalidade e determinação são as maiores ameaças aos poderosos políticos que tratam a nação como se fossem meros criados em tempos de escravidão e escuridão. Viva a juventude que representa o futuro, capaz de mudar a realidade em que vivemos e fazer com que a política seja de fato um agente de transformação positiva da vida das pessoas. É a política encontrando seu espírito fundamental!
*Fernando Silveira de Oliveira
Acadêmico e presidente do Diretório Acadêmico de Direito Moysés Vianna - URI de Santiago
SE FOI MEU INSPETOR DE POLÍCIA DE SAO JERÔNIMO
Eu estava no 4. ano de Direito na UFRGS quando soube que poderia participar do concurso para Delegado de Polícia. Fui aprovado, cursei a Academia de Polícia ( desculpem a imodéstia, mas fui o Primeiro classificado da turma). Assumi em Triunfo e logo depois em São Jerônimo. Formado em Direito em 1969, decidi pedir exoneração para advogar.
Voltando.
Na delegacia de São Jerônimo estava lotado um Inspetor, mais velho que eu, chamado Paulo Sant'Anna. Passava usando uma camiseta do Grêmio por baixo da camisa. Muito risonho, gostava de cantar e frequentava programas nas rádios e nas TVs. Era alucinado pelo Grêmio.
Depois que que saí da Polícia raramente me encontrava com ele, mas quando isso acontecia era papo de quase uma hora.
Conquanto frequentemente eu discordasse de algumas coisas que escrevia, não restava dúvida de que era um fenômeno em matéria de comunicação. De seus textos se notava , claramente, que estudava e lia muito.
A última vez que o vi foi numa janta na Sede Campestre da Ajuris.
Viveu intensamente mesmo.
Este " se puxou", como se diz. Veio de um lar humilde, mas subiu os degraus da vida com muito denodo.
Passa, agora, para a História.
Voltando.
Na delegacia de São Jerônimo estava lotado um Inspetor, mais velho que eu, chamado Paulo Sant'Anna. Passava usando uma camiseta do Grêmio por baixo da camisa. Muito risonho, gostava de cantar e frequentava programas nas rádios e nas TVs. Era alucinado pelo Grêmio.
Depois que que saí da Polícia raramente me encontrava com ele, mas quando isso acontecia era papo de quase uma hora.
Conquanto frequentemente eu discordasse de algumas coisas que escrevia, não restava dúvida de que era um fenômeno em matéria de comunicação. De seus textos se notava , claramente, que estudava e lia muito.
A última vez que o vi foi numa janta na Sede Campestre da Ajuris.
Viveu intensamente mesmo.
Este " se puxou", como se diz. Veio de um lar humilde, mas subiu os degraus da vida com muito denodo.
Passa, agora, para a História.
quarta-feira, 19 de julho de 2017
O LADO CAMPEIRO DE SANTIAGO E UNISTALDA ESTÁ NO DNA DE RUDOLF E MARISTELA
Conquanto fiquemos a maior parte de nosso tempo em P. Alegre e Xangri La , é incrível como puxa esse tal de DNA campeiro.
Maristela é nascida em Santiago e Rudolf morou e estudou lá uns tempos. Os dois permanecem escandindo as sílabas nesse falar tão sonoro e correto dos habitantes da região pecuária. Nada do sotaque portoalegrês.
Pois não é que os dois não descansaram enquanto não permiti que se instalasse em nossa casa de Xangri La um fogão a lenha?
Ora, essa casa é do estilo moderno, de que jeito poderia abrigar um móvel desses? E a fumaceira? e o cheiro de picumã.
Mas a duplinha campeira insistiu.
Resultado. Consegui um especialista em lareiras e instalação de fogões que providenciou canos inoxidáveis e furou a parede da salinha onde ficaria o fogão. Passou chaminé para o lado de fora e furou duas lajes de concreto, sem deixar margem a goteiras. E láááá em cima, no terraço, terminou a chaminé. Sem voltar nada de fumaça. E dê-lhe os dois a cozinhar de tudo.
Em X La é fácil adquirir lenha, tanto para fogão como para lareira.
O que é o DNA campeiro!!
Mas até eu me apaixonei e agora, até quando não esteja muito frio, mesmo assim chimarreio na frente do fogão ou da lareira.
Será que o DNA me passou por osmose?
AINDA OS FOLGUEDOS INFANTIS - MENSAGEM DO DES. ELISEU TORRES
Antes da adolescência, tinha um
saquinho de bolitas (águeda, acinho, umas floreadas, listas lindas). A
gente jogava na rua e era um jogo limpo, brihante para quem tinha “nhaque”. Eu
não era dos melhores ; havia, na turma, quem se rebuscava e era temido. Nossas
armas eram o canivete e o bodoque. Eu fazia os meus próprios, forquilha
caprichada, borracha de câmara de pneu, sola bem arrochada para receber a
pedra. E, nisso- na arte de usar o bodoque, era um ás, Pobres passarinhos. Era
certeiro. Quando passava férias na fazenda de meu avô, a vó Gregória sacudia a
cabeça e dizia : menino malvado, matou os pobres bichinhos. Mas fazia a
passarinhada com arroz. Depois, ja na adolescência,queria namorar, curtia
amores lindos dos quais, na maioria das vezes ela não sabia. Troquei a
bolita e o bodoque por bicicleta e a vida seguia. Na plana
Riachuelo, onde nasci e cresci, o calçamento de cascalho não impedia as
corridas vertiginosas de fim de tarde. Uma vez, o Zé Babão, na minha bicicleta
e num fim de tarde, no afã de bater o melhor tempo, levou por diante o
Salvador, um negão de dois metros que seguia em paz, terno branco, rumo ao
carnaval. Não deu prá avisar. O Babão levantou o negão e caiu, embolado com
ele, naquela polvadeira de verão. O negão ficou marrom, o terno imprestável e o
Babão só se desculpava, dizendo que quebrara a clavica...Salvador era
amigo de minha família e só por isso levou livre o Babão. Mas teve que voltar
para tomar um banho, trocar de roupa e voltar aos folguedos de Momo. Ninguém
tinha telefone, muito menos computador, televisão e I-Phone. Eramos felizes e
não sabíamos...
terça-feira, 18 de julho de 2017
SOBRE RITOS E CERIMÔNIAS -DOIS PRECIOSOS COMENTÁRIOS
DA PSIQUIATRA E COMUNICADORA DRA. LAIS LEGG
Prezados, concordo com tudo que foi dito. O tal
comportamento "galhofeiro"
também anda invadindo a minha profissão - a Medicina. Há
poucos dias, vimos médicos sendo punidos por postarem fotos, num corredor de
hospital, de jalecos e com as calças arriadas. Inúmeros outros postam
"selfies" ao lado de pacientes e uma médica permitiu que seu filho,
adolescente, ingressasse em sala de cirurgia, onde fotos foram tiradas com o
menino todo paramentado e empunhando
bisturis.
O Conselho Regional de Medicina teve que proibir que os médicos
publicassem "selfies" com os pacientes. A que ponto chegamos! É
preciso que se normatize condutas que deveriam vir de berço. Os pilares
hipocráticos foram jogados no lixo, me parece.
A humanidade se avacalhou, ser educado é careta.
Laís
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DO DES. ELISEU GOMES TORRES
Bom dia, amigos. Creio mesmo que
sou um ser ante-diluviano Dizem que todos os homens, com o passar do
tempo e o avançar da idade, tornam –se duros, calejados, mais refratários às
emoções. Comigo acontece o contrário. Quanto mais velho fico, mais sensível,
emotivo e , porque não dizê-lo ? Chorão. Há pouco ouvi a marcha triunfal
de Verdi, enviada pelo querido colega Nerio Letti. Parei tudo e, sem
resistências, voltei àquela noite de dezembro de 1959, quando, ainda quase um menino,
percorrj o corredor do austero auditório da PUC (na Praça São Sebastião|) e
galguei os degraus que levavam ao palco. Foi, creio, o momento mais solene de
minha vida, até então. Sonhos e ideais povoavam minha cabeça, a ânsia de
batalhar por meus clientes, de impor um nome e uma presença no meio jurídico,
entendi que o momento era de reflexãp e compromisso. Há alguns an0s deixei de
assistir formaturas. Não há qualquer solenidade. Predomina a galhofa.
Ora, direis : são jovens, descompromissados, alegres por vencer uma etapa tão
importante. Logo, extravasam essa alegria aos gritos, cânticos e gestos.
Não é minha praia. Prefiro a obediência aos rituais, a observância de
certas regras que não podem ser abandonadas, sob pena de voltarmos ao non sense.
E tudo, parece, ainda vai piorar. Meu pai, não tolerava ver alguém, em
local público, sentar a mesa com chapéu na cabeça. Pois hoje vejo parlamentares
participando de sessão congressual, com chapéu como se estivessem ao relento.
Prá mim, deu ! Um abraço do confrade Eliseu
segunda-feira, 17 de julho de 2017
ESTOU SÓ REFLETINDO: SERÁ QUE CABEM GRACEJOS EM CERIMÔNIAS ?
Digo a vocês baseado em minha experiência. Assumi o cargo de juiz de direito aos 26 anos. E ouvi de um Desembargador que fora Juiz em minha terra natal o seguinte conselho
- Não bebas em público. Não brinques durante as audiências.
---
Claro que as formaturas de hoje são " happenings", alguns de mau gosto.
Mas para os avós, os pais, aquilo é de uma gravidade, de uma emoção, de valor que nem se pode aquilatar.
Quando alguém recebe uma homenagem ou algo que o valha , por pouca repercussão que possa ter, para o contemplado aquilo é tudo na sua vida, aquilo é uma coroação!
---
Há pouco tempo fui a uma solenidade em P. Alegre. Não interessa onde.
Não gostei de observações brincalhonas a cada passo. Claro que o público ria.
Aí me lembrei: muito riso, véspera de muito choro.
E será que os pais e avós ou os próprios homenageados gostaram?
Não é melhor manter as galas e as liturgias?
Penso que a jocosidade prostitui a comenda e a homenagem.
Estarei em erro?
Em tempo: eu observei os conselhos do idoso desembargador. Acho que me dei bem.
Muito riso, pouco siso.
- Não bebas em público. Não brinques durante as audiências.
---
Claro que as formaturas de hoje são " happenings", alguns de mau gosto.
Mas para os avós, os pais, aquilo é de uma gravidade, de uma emoção, de valor que nem se pode aquilatar.
Quando alguém recebe uma homenagem ou algo que o valha , por pouca repercussão que possa ter, para o contemplado aquilo é tudo na sua vida, aquilo é uma coroação!
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Há pouco tempo fui a uma solenidade em P. Alegre. Não interessa onde.
Não gostei de observações brincalhonas a cada passo. Claro que o público ria.
Aí me lembrei: muito riso, véspera de muito choro.
E será que os pais e avós ou os próprios homenageados gostaram?
Não é melhor manter as galas e as liturgias?
Penso que a jocosidade prostitui a comenda e a homenagem.
Estarei em erro?
Em tempo: eu observei os conselhos do idoso desembargador. Acho que me dei bem.
Muito riso, pouco siso.
INTEGRANTE DE NOSSA CONFRARIA FESTEJA SEU DOUTORADO EM TÜBINGEN -ALEMANHA
Consigne-se que na Alemanha os critérios e exigências são rígidos.
Nossos cumprimentos à nossa amiga!
domingo, 16 de julho de 2017
AS TRAQUINAGENS INFANTIS HOJE DESAPARECIDAS
Estava olhando para a praça de Xangri La, onde há uma pista de skate. Dois ou três adolescentes com seus malabarismos. Uma dezena ou mais, sentadinhos, curvos, teclando em seus celulares.
Um turbilhão de lembranças me vieram dos tempos infantis.
Subir em árvores. Inimaginável hoje . Na casa de meus pais, em Santa Cruz, havia um caquizeiro. Eu dava um salto até o primeiro galho e ia subindo até o topo. Ali ficava refugiado, pensando, pensando.
Acredito hoje ser impensável uma mãe deixar seus filhos subir em árvores. Mas não tenho na memória nenhum caso de , no meu tempo, alguém ter caído.
"Roubar" bergamotas.
Minha casa ficava a duas quadras da catedral. E aí praticamente terminava a cidade. Dali para diante moravam os colonos. Nosso prazer era fazer incursões pelas propriedades rurais e colher bergamotas nas árvores que ficavam perto da estrada. E laranjas umbigo. Estas descascávamos com nossos canivetes. Não havia nenhum guri que não tivesse um canivete. O meu sempre ia comigo, até para a escola.
Isso sem falar na caçada às pombinhas rolas, que davam uma sopa daquelas.
E as peladas de futebol no meio da rua ( que não eram calçadas)? As goleiras eram duas pedras.
Tênis, chuteiras? isso não existia. Era tudo de pés descalços. Caiu, se machucou? água e sal. Feito o curativo.
Doces recordações enquanto o dia vai nascendo...
Um turbilhão de lembranças me vieram dos tempos infantis.
Subir em árvores. Inimaginável hoje . Na casa de meus pais, em Santa Cruz, havia um caquizeiro. Eu dava um salto até o primeiro galho e ia subindo até o topo. Ali ficava refugiado, pensando, pensando.
Acredito hoje ser impensável uma mãe deixar seus filhos subir em árvores. Mas não tenho na memória nenhum caso de , no meu tempo, alguém ter caído.
"Roubar" bergamotas.
Minha casa ficava a duas quadras da catedral. E aí praticamente terminava a cidade. Dali para diante moravam os colonos. Nosso prazer era fazer incursões pelas propriedades rurais e colher bergamotas nas árvores que ficavam perto da estrada. E laranjas umbigo. Estas descascávamos com nossos canivetes. Não havia nenhum guri que não tivesse um canivete. O meu sempre ia comigo, até para a escola.
Isso sem falar na caçada às pombinhas rolas, que davam uma sopa daquelas.
E as peladas de futebol no meio da rua ( que não eram calçadas)? As goleiras eram duas pedras.
Tênis, chuteiras? isso não existia. Era tudo de pés descalços. Caiu, se machucou? água e sal. Feito o curativo.
Doces recordações enquanto o dia vai nascendo...
quinta-feira, 13 de julho de 2017
O PRESTIGIOSO SITE MIGALHAS FAZ PONDERÁVEIS RAZÕES SOBRE A SENTENÇA DE MORO
Um aviso aos queridos leitores: não tenho partido, nem torço por este ou aquele. Critico o que acho errado, mas não enveneno meus textos por paixões ideológicas ou partidárias. Fui juiz uma vida inteira: gosto de ouvir os dois lados.
Eis o que publica Migalhas hoje:
Eis o que publica Migalhas hoje:
Companheiro
Moro
condena Lula a nove anos e meio por corrupção e lavagem. O ex-presidente poderá
recorrer em liberdade porque, segundo o juiz, a prisão cautelar de um
ex-presidente da República envolve certos traumas, sendo prudente que se
aguarde o julgamento na 2ª instância. (Clique aqui)
1.
Ao
juiz é dado o poder de livre apreciação das provas. Dito isso, explica-se
facilmente a longa sentença do juiz Moro condenando Lula a 9 anos de prisão.
Mas o fato é que o direito não se resume nesse preceito aparentemente
autoritário. É preciso que estas provas venham em ordem correta, isto é,
acusação primeiro, defesa depois, e que sejam revestidas de legalidade.
2.
No
caso do famoso processo do triplex, muitas questões pululam. As provas de
acusação seriam, fundamentalmente, matérias jornalísticas corroboradas com
depoimentos de delatores. E as de defesa não teriam sido suficientes para
explicar o que disse a acusação.
3.
No
conjunto probatório, o que fica transparecendo é que - sendo verdade o que diz
a acusação -, houve precipitação da denúncia e estamos diante de um crime
interrompido. E, sendo assim, a questão deveria ser tratada no campo do
eventual arrependimento ter sido eficaz ou não. Não tratando a questão dessa
forma, o magistrado viu-se obrigado a uma ginástica argumentativa, baseando-se
em contradições da defesa.
4.
Ademais,
há o fato de que Moro tentou afastar a importância do Direito Civil, mas não é
possível falar em vantagem indevida sem discutir o ingresso ou não do bem no
patrimônio do réu. De maneira que ou tem-se a propriedade ou a posse, ou a
promessa de posse, como parece o caso.
5.
Enfim,
a sentença é juridicamente questionável em vários pontos. Mas em alguns deles
não é questionável. Ela é reprovável. Referimo-nos, por exemplo, ao ponto em
que o magistrado critica Lula por não ter feito uma emenda constitucional para
que pudesse haver prisão em segundo grau. Moro diz que Lula deveria ter agido
para tentar reverter antes jurisprudência do STF nesse mesmo tema. Veja com
seus próprios olhos:
795.
Algumas medidas cruciais, porém, foram deixadas de lado, como a necessária
alteração da exigência do trânsito em julgado da condenação criminal para
início da execução da pena, algo fundamental para a efetividade da Justiça
Criminal e que só proveio, mais recentemente, da alteração da jurisprudência do
Egrégio Supremo Tribunal Federal (no HC 126.292, julgado em 17/02/2016, e nas
ADCs 43 e 44, julgadas em 05/10/2016). Isso poderia ter sido promovido pelo
Governo Federal por emenda à Constituição ou ele poderia ter agido para tentar
antes reverter a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
"Lula
poderia ter agido para reverter jurisprudência do STF"? Valha-nos Deus.
Mas o pior ponto é quando diz que resolveu não prender Lula porque a prisão
cautelar de um ex-Presidente envolve certos traumas. Ora, seria o trauma uma
excludente legal da preventiva, ou não estariam presentes os pressupostos para
tal? Enfim, certamente é uma sentença que entra para a história, porque nunca
antes na história desse país um ex-presidente foi condenado criminalmente.
quarta-feira, 12 de julho de 2017
A SENTENÇA DO JUIZ MORO E A CONDENAÇÃO DE LULA
Reproduzo apenas a parte final da sentença, para tecer algumas considerações.
A primeira delas é que a possível apelação será julgada pelo TRF da 4a. Região, sediada em P. Alegre.
O STJ e o STF só serão chamados a decidir sobre esse processo, caso os Recursos Especial e Extraordinário consigam subir. Ou, em caso dificílimo de acontecer, que uma dessas Cortes de Brasília conceda algum remédio heroico.
A sentença deixou claro que o momento é delicado e que não seria interessante mandar o Ex Presidente desde logo cumprir a pena.
Creio que andou bem o julgador, porquanto pode ser que a apelação seja provida.
Agora, é aguardar.
Na atual situação, não tendo transitado
em julgado a condenação, nada impede de Lula concorrer a cargo eletivo.
....................................................
Eis a parte dispositiva da sentença.
O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu ao
processo em liberdade. Há depoimentos de pelo menos duas pessoas no sentido de
que ele teria orientado a destruição de provas, de José Adelmário Pinheiro Filho
(itens 536-537) tomado neste processo, e ainda de Renato de Souza Duque. O
depoimento deste último foi tomado, porém, em outra ação penal, de nº 5054932-
88.2016.4.04.7000.
958. Como defesa na presente ação penal, tem ele, orientado por seus
advogados, adotado táticas bastante questionáveis, como de intimidação do ora
julgador, com a propositura de queixa-crime improcedente, e de intimidação de
outros agentes da lei, Procurador da República e Delegado, com a propositura de
ações de indenização por crimes contra a honra. Até mesmo promoveu ação de
indenização contra testemunha e que foi julgada improcedente, além de ação de
indenização contra jornalistas que revelaram fatos relevantes sobre o presente
caso, também julgada improcedente (tópico II.1 a II.4). Tem ainda proferido
declarações públicas no mínimo inadequadas sobre o processo, por exemplo
sugerindo que se assumir o poder irá prender os Procuradores da República ou
Delegados da Polícia Federal (05 de maio de 2017, "se eles não me prenderem
logo quem sabe um dia eu mando prendê-los pelas mentiras que eles contam,
conforme http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/se-eles-nao-me12/
07/2017 Evento 948 - SENT1
https://eproc.jfpr.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=701499865861150550083652403176&evento=70… 218/218
5046512-94.2016.4.04.7000 700003590925 .V61 FCM© SFM
prenderem-logo-quem-sabe-eu-mando-prende-los-diz-lula/). Essas condutas
são inapropriadas e revelam tentativa de intimidação da Justiça, dos agentes da lei
e até da imprensa para que não cumpram o seu dever.
959. Aliando esse comportamento com os episódios de orientação a
terceiros para destruição de provas, até caberia cogitar a decretação da prisão
preventiva do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
960. Entrentanto, considerando que a prisão cautelar de um ex-
Presidente da República não deixa de envolver certos traumas, a prudência
recomenda que se aguarde o julgamento pela Corte de Apelação antes de se extrair
as consequências próprias da condenação. Assim, poderá o ex-Presidente Luiz
apresentar a sua apelação em liberdade.
961. Por fim, registre-se que a presente condenação não traz a este
julgador qualquer satisfação pessoal, pelo contrário. É de todo lamentável que um
ex-Presidente da República seja condenado criminalmente, mas a causa disso são
os crimes por ele praticados e a culpa não é da regular aplicação da lei. Prevalece,
enfim, o ditado "não importa o quão alto você esteja, a lei ainda está acima de
você" (uma adaptação livre de "be you never so high the law is above you").
962. Transitada em julgado, lancem o nome dos condenados no rol
dos culpados. Procedam-se às anotações e comunicações de praxe (inclusive ao
TRE, para os fins do artigo 15, III, da Constituição Federal