Agora, no entanto, André me pediu que voltasse, com o que concordei.
Fiquei um pouco envolvido em outras prioridades e por isso deixei de postar uns dias.
Abaixo,minha crônica publicada na Gazeta. Na próxima falarei sobre Santiago.
DE VOLTA
Como diz aquela letra :
De nuevo estoy de vuelta,
después de larga ausencia;
igual que la calandria
que azota el vendaval.
Y traigo mil canciones
como leñita seca:
recuerdo de fogones
que invitan a matear.
después de larga ausencia;
igual que la calandria
que azota el vendaval.
Y traigo mil canciones
como leñita seca:
recuerdo de fogones
que invitan a matear.
Pois por convite de meu amigo de infância
André Jungblut retorno a dar meus pitacos na Gazeta. O convite era para a
coluna ser semanal, mas optei por ser a cada 14 dias para ver como se ajeitam
as melancias na carroça.
A essas alturas do campeonato pouca gente
me conhece na minha querida terra natal. Não tem importância. Vamos charlando
no caminho e nos conhecendo.
Nasci na Linha Araçá, onde meu pai tinha
uma casa de comércio. Na época gravidez não era doença e, especialmente na
colônia, as mulheres davam a luz em casa mesmo, no máximo assistidas por uma
parteira. E não havia nada de alergia ao leite ou a isso ou aquilo. Era mamar
nas tetas da mãe até onde desse e depois leite de vaca, E, lá pelos seis meses,
uma linguiça de porco na dieta.
Quando completei seis anos meus pais se
mudaram para Santa Cruz, onde abriram nova casa de comércio. Frequentei o
jardim de infância das irmãs franciscanas, depois o Colégio São Luiz e,
mais tarde, o Mauá.
Passei no vestibular para Direito na
UFRGS, onde colei grau em 1969. Aos 22 anos prestei concurso para
delegado de Polícia, cargo que exerci por cerca de um ano. Fui advogar em P.
Alegre. Depois, após novo concurso, assumi como Juiz de Direito,
chegando, ao final, a desembargador, cargo do qual estou aposentado.
Mas na minha coluna não haverá lugar para
juridiquês ou linguagem cifrada.
Proponho-me a reflexões, relatos de
experiências, sempre aceitando e ponderando críticas que me fizerem.
Notaram como este texto está inçado de
espaholismos e termos campeiros?
Pois é. Os idiomas são seres vivos e tanto
as palavras escritas e mesmo faladas denotam imersões em diversas regiões.
Minha primeira Comarca foi
Horizontina. Ali aprendi “o que era bom para tosse”. O asfalto terminava em
Carazinho e daí até Ijui, estrada de chão, De Giruá até Horizontina , barro
vermelho. Levei dois dias para chegar. Tinha carro que atolava dentro da
cidade. O único hotel de então era de madeira. Fiquei um ano.Ali conheci muita
gente que tinha vindo das “ colônias velhas” para as férteis e vastas terras do
noroeste. Começava o período do milagre soja-trigo. Jamais esquecerei as
imagens daquelas montanhas de tocos de árvores nativas resultantes de um baita
desmatamento. As águas dos cursos dágua eram de um vermelho sangue. Nem as
matas ciliares
eram poupadas. Mas tudo em nome do “ progresso”.
Curiosidade: o Prefeto era o sr. Walter
Bündchen, avô da übermodel Gisele. A cidade girava em torno da SLC, cujo
administrador era o dr. Jorge Dahne Logemann.
.
A poucos quilômetros de Horizontina estava
o rio Uruguay. Do outro lado, a Província de Misiones, Argentina, cuja capital
é Posadas, nas margens do Rio Paraná. Muito fui para lá nos feriados e fins de
semana.
E ali entrei em contato com uma cultura
cuja existência estava longe de imaginar. Aprendi a admirar os
chamamés, os vocais, o peculiar jeito de tocar guitarras, a conservação do
idioma guarani, a inspiração poética contida nas composições musicais.
Segue na próxima coluna.