quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

SÔBRE O BIOMA PAMPA


A região do Bioma Pampa pode não ter grandes cidades, enormes chaminés industriais, shoppings, condomínios fechados. Muitas áreas são de afloramento basáltico, os chamados “campos duros”. Aí é complicada a agricultura de escala, apenas alguns pedaços, aqui e ali, permitem o plantio direto.
Mas a flora e a fauna nativas são ricas.
Se fizeres uma gaiolinha de tela de  três metros quadrados e a colocares no chão, evitando que os animais comam as plantas, vais ver, depois de algumas semanas, que há uma diversidade incrível de gramíneas de várias espécies. O campo nativo, portanto, não é como um campo de futebol onde só há uma espécie de gramínea. Ademais, nos campos nativos medram arbustos e árvores raras. Dou como exemplo o Pau Ferro, cuja madeira  dura  dezenas e dezenas de anos, conquanto se desenvolva no meio de um pedregal. As florestas ciliares, que protegem arroios e sangas, evitam que falte água durante a estiagem.
Os córregos têm como base as pedras, em muitos trechos há a formação do que se chama de “lagoões”, verdadeiras piscinas que armazenam a água, sob a proteção de frondosas árvores nativas. O gado solto no campo não costuma tomar água em balde ou tanques, é bom lembrar. E poços artesianos são caríssimos e interferem no aquífero guarani.
Assim que começamos a comprar terras contíguas à nossas propriedades víamos, pelos campos, esqueletos de animais silvestres. Percorrendo as invernadas não se viam perdizes, perdigões, veados campeiros, pombões, emas, capinchos, jacus, bugios, marrecas.
O que aconteceu? um milagre! Hoje voltaram os bandos  de jacus, as capivaras (capinchos) banham-se nas sangas e assim vai. É claro que alguns bichos dão uma roubadinha nas lavouras de pastagens, mas isso é pouco se se pensar que o homem roubou bons pedaços de seus “habitats”.
Um dia o falecido Nico Fagundes me disse que o sorro,  tão combatido,  na verdade não comeria cordeiros desde que houvesse outros animais de sua corrente alimentar. Com efeito: a vaca, a ovelha e o cavalo não são nativos da América. Apenas há uns quinhentos anos estão aqui e daí, argumentava ele, os sorros preferem comer outros bichos. Dito e feito: proibí a matança desses canídeos. De qualquer modo não é por causa de um cordeiro que vamos matar um animalzinho que chegou aqui antes de nós, humanos, muitos milênios atrás. Mais: respeitar o meio ambiente pode ser lucrativo. Aqui os animais são felizes. Chegará o dia em que será geral o bem estar animal. Enfim, tenho tantas dúvidas sobre o papel dos humanos no planeta..