A região do Bioma Pampa pode não
ter grandes cidades, enormes chaminés industriais, shoppings, condomínios
fechados. Muitas áreas são de afloramento basáltico, os chamados “campos
duros”. Aí é complicada a agricultura de escala, apenas alguns pedaços, aqui e
ali, permitem o plantio direto.
Mas a
flora e a fauna nativas são ricas.
Se
fizeres uma gaiolinha de tela de três metros quadrados e a colocares no chão,
evitando que os animais comam as plantas, vais ver, depois de algumas semanas,
que há uma diversidade incrível de gramíneas de várias espécies. O campo
nativo, portanto, não é como um campo de futebol onde só há uma espécie de
gramínea. Ademais, nos campos nativos medram arbustos e árvores raras. Dou como
exemplo o Pau Ferro, cuja madeira dura
dezenas e dezenas de anos, conquanto se desenvolva no meio de um
pedregal. As florestas ciliares, que protegem arroios e sangas, evitam que
falte água durante a estiagem.
Os
córregos têm como base as pedras, em muitos trechos há a formação do que se
chama de “lagoões”, verdadeiras piscinas que armazenam a água, sob a proteção
de frondosas árvores nativas. O gado solto no campo não costuma tomar água em
balde ou tanques, é bom lembrar. E poços artesianos são caríssimos e interferem
no aquífero guarani.
Assim que
começamos a comprar terras contíguas à nossas propriedades víamos, pelos
campos, esqueletos de animais silvestres. Percorrendo as invernadas não se viam
perdizes, perdigões, veados campeiros, pombões, emas, capinchos, jacus, bugios,
marrecas.
O que
aconteceu? um milagre! Hoje voltaram os bandos de jacus, as capivaras
(capinchos) banham-se nas sangas e assim vai. É claro que alguns bichos dão uma
roubadinha nas lavouras de pastagens, mas isso é pouco se se pensar que o homem
roubou bons pedaços de seus “habitats”.
Um dia o
falecido Nico Fagundes me disse que o sorro, tão combatido, na verdade não comeria cordeiros desde que
houvesse outros animais de sua corrente alimentar. Com efeito: a vaca, a ovelha
e o cavalo não são nativos da América. Apenas há uns quinhentos anos estão aqui
e daí, argumentava ele, os sorros preferem comer outros bichos. Dito e feito:
proibí a matança desses canídeos. De qualquer modo não é por causa de um
cordeiro que vamos matar um animalzinho que chegou aqui antes de nós, humanos,
muitos milênios atrás. Mais: respeitar o meio ambiente pode ser lucrativo. Aqui
os animais são felizes. Chegará o dia em que será geral o bem estar animal.
Enfim, tenho tantas dúvidas sobre o papel dos humanos no planeta..