Contam
que entre Antônio Prado, minha terra e a vizinha Flores da Cunha, existia
um convênio firmado entre as partes e que era o seguinte: quando passava
um bando de marrecas em direção de F. da Cunha, meus conterrâneos, obsessivos
caçadores como é notório, telefonavam e avisavam os caçadores da “ terra do
galo “ sobre a direção na qual as marrecas voavam. Que já preparassem as “
stchopas “ e a indispensável polenta acessória. E vice-versa.
Hoje
em dia, com a absoluta escassez de caça voadora de bom paladar, continuam
honrando rigorosamente o sagrado convênio, mas agora apenas com o que
resta: periquitos e papagaios com os quais fazem sopa.
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DES. ELISEU GOMES TORRES
Fui eficiente caçador de
pássaros com meu bodoque. Minha avó materna,em cujo arvoredo, na Fazenda, eu
atirava sem piedade nos bichinhos, me gritava : menino malvado ! Mas, depois,
depenava e fazia a passarinhada com arroz, so para satisfazer meu ego. Adulto,
tinha vergonha de ter matado pássaros, mas aí dediquei-me, com êxito, às
pescarias de anzol. Nunca usei rede, porque achava que isso roubava um dos
prazeres da pesca que era o tirão o dedo quando o peixe fisgava. Agora, “no
more boleros”... Não tenho condições físicas de meter o pé no barro ou de
esperar à beira de um rio ou da taipa de um açude que o peixe venha
em minha linha. É assim a vida. Eliseu
.............DRA. LISSI BENDER
Nossa Ruy!! Tua memória alçou voo e levantou uma
nuvem de poeira que estava adormecida em minha memória. Meu avô Wilhelm
Kurz participava do Stech-Verein e do Schützer-Verein lá de Linha
Schwerin(tenho medalhas dele guardadas com datas desde 1913); meu Papa Erwin
participava de um Schützer-Verein e de seu parco lazer fazia parte uma
incursão, vez ou outra aos domingos, no Urwald da família (terra onde nasceu e
faleceu). Mas nunca foi predador, no máximo trazia um jacú, mas trazia sempre
frutas silvestres e um largo sorriso para casa, sabia que com elas fazia a
nossa alegria. Gostava também de pescar. Na semana que faleceu (este mês fez 37
anos) havia me visitado em Pelotas para onde havia me mudado pouco antes.
Juntos ainda fomos pescar na lagoa dos Patos e, enquanto estávamos com a água
até o joelho, ele fazia planos de ainda muito vezes me visitar e para pescarmos
juntos.
Não te surpreendas se muitos de teus leitores começarem a
remexer os guardados no fundo de suas memórias a partir da leitura de teu texto.