Caro formador de opinião, Ruy Gessinger,
Á base dessa polêmica há um sofisma ou
erro clamoroso de direito: afirmar que justiça é igualdade simples. Ao
contrário disso, ela é igualdade complexa. Consiste em tratar de forma igual
(igualdade) os iguais e de forma desigual (desigualdade) os desiguais. Tratar
de forma igual os desiguais (isto é, introduzir casais heterossexuais e pares
homossexuais na mesma instituição do casamento) é injusto. Injustiça
distributiva. Mas é o que o Judiciário Nacional continua a forçar, e a fazer,
ultrapassando os limites suas funções, e à revelia do nosso bom direito.
Decerto, esse direito (constitucional e infraconstitucional) é cheio de
"preconceito medieval", de "moralismo cristão superado",
aquém do "admirável mundo novo" a que é preciso adequar-se... "E
a nave vai..." Para onde?
Um abraço.
José Nedel
( Nedel é Magistrado, jurista, filósofo, escritor)
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Caro Ruy
Caro Ruy
Peço permissão para fazer minhas as suas sábias colocações.
Precisa fazer casamento gay em CTG? Usos e costumes devem
ser respeitados.
Porque não marcou o casamento (sic) na praça pública da cidade?
Abraço a todos.
Eliceu Werner Scherer
Prezado Ruy !
Tens toda a razão. Aliás, ontem,
conversando sobre isso lá em casa, minha filha que me visitava, com o sexto
neto, que fazia um mês, dizia que achava que a Juiza tinha razão e não via nada
demais. Hoje no almoço ela me disse que pensou bem e que realmente é uma
barbaridade. Com o que concordo. Acho que infelizmente essa juiza perdeu um
pouco a serenidade que um magistrado deve ter, a meu juizo (que é serenar e
resolver conflitos), e, movida não sei porque (espero que com boas intenções e
que apenas não se deu conta da repercussão do seu ato), praticamente está
patrocinando ese affaire que só vai trazer mais coisas ruins para a
imagem de Livramento e do Rio Grande do Sul. Hoje de manhã o jornal já
dizia que a Ministra Ideli Salvatti vai se despencar de Brasilia para assistir
a cerimonia (provavelmente dará as bênçãos necessárias ao ato). Que um secretário
ou secretária de estado daqui também vai. Será um circo....
Ora, eu não sou contra a união civil
entre pessos do mesmo sexo, até porque não adiante ser contra, pois o Supremo
já encerrou essa questão com uma decisão. O que me parece faltar no caso é o
famoso " se liga..." O fato, que vai acontecer, não vai trazer
nada em benefício de ninguém. Ao contrário, vai servir para acirrar ânimos e
dividir uma comunidade pacífica, que vive bem (a gente que é do interior sabe
como é isso) e que a partir de agora vão ter de se preocupar com mais essas
bobagens (repito, não a união civil em si, mas com a repercussão).
Casem-se, juntem-se, amiguem-se.
Façam o que quiserem. Mas para que afrontar ? Aliás, sem querer pré julgar, mas
ouvi do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho que o refeferido
CTG não é nem filiado ao Movimento. Leio que seu presidente é político com
mandato de vereador, o que não o diminui, mas deixa a gente com a pulga atrás
da orelha.
Se eu morasse em Livramento, teria
reunido umas trinta pessoas, faria uma arrecadação e alugaria um
salão bonito para fazer essa cerimônia.Convidaria toda a cidade e bem
provavelmente iria um montão de gente, o que deixaria muito feliz todos os participantes.
Mas não, tinha que ser num CTG.
Parece que realmente mais importante
para alguns é criar um fato politico do propriamente juntar legalmente os dois
(ou as duas).
Um abraço
Hermes Dutra
Ruy,
Bem o dizes. Acrescento, respeitando as opiniões em contrário: juiz não pode
buscar notoriedade e sim credibilidade perante uma comunidade. A MM. sabia,
naturalmente, ou bem poderia avaliar da repercussão de sua decisão. Hoje está
sob os holofotes, mesmo que esta não tenha sido sua pretensão. Alcançou os tais
conhecidos 15 minutos de fama, como se diz popularmente. É preciso ter
sensibilidade quando se atinge tradições, mexe-se com o emocional das pessoas,
como ocorre, por exemplo, em campos de futebol. Realizar um casamento
coletivo em CTG, tudo bem, nada de mais. Veja, todavia, que segundo a rádio
Gaúcha, no programa Sala de Redação de hoje, nada mais nada menos do que seis
instituições, ao saberem de que haveria casamento entre casal (is)
homoafetivo(s), desistiram de franquear suas dependências. Um permaneceu e
teve-as queimadas, fruto, provavelmente, de incêndio criminoso, temendo-se por
maiores consequências no próximo sábado, porquanto a MM. manteve seu propósito
de realizá-lo no alvitrado CTG. Hoje está sob escolta, protegida, com brigada
armada na porta de seu gabinete, segundo o relato, e provavelmente em sua
morada. É o preço quando se mexe com tradições. Da mesma forma, penso que
faltou sensibilidade quando menino Bernardo, de 11 anos, foi pedir socorro
junto ao foro. Deu no que deu. Devemos sempre honrar e dignificar a
magistratura, em particular, o Ministério Público, os Conselhos Tutelares, enfim,
os poderes constituídos, mas os detentores de poder, humanos que são, também
erram e devem ter a grandeza de reavaliarem suas decisões, não esperando que
somente instâncias superiores o façam.
LUIZ AUGUSTO BECKADVOGADO , PROFESSOR UNIVERSITÁRIO, ESCRITOR