Pois é. Saí de Santa Cruz aos 17
anos para ganhar a vida. Meu pai morreu cedo, aos 57 anos. Muito
apressado,sempre que podia, vinha visitar minha mãe. Mas ficava com ela e não
interagia, como seria desejável, com a comunidade. Tanto assim é que pago maior
mico quando,ao dizer que sou de Santa Cruz, pessoas me perguntam por nomes
e... eu não conheço mais quase ninguém. No começo sofri com isso,
mas depois, pensando melhor, conclui que o fato de eu nunca mais morar em
Santa Cruz não implicava eu não ser mais santacruzense.
Mas, que raro! Quanto mais passa
o tempo, mais amo minha terra. Ela abriga e sempre abrigou figuras muito
, mas muito interessantes. Poderia enumerar centenas de personagens que recordo
com devoção.
Mas hoje quero falar de uma
pessoa e escritora muito especial: a Moina Fairon. Li todos seus livros . Ela
não é uma griffe estéril como muitos e muitas que só são conhecidos por
seu suporte midiático. Ela se impôs docemente, sem precisar de amplas
publicidades. Moina conta histórias. Até aí tudo bem, tudo normal.
Ela narra de um jeito coloquial,
como se fôssemos seus parentes do dia a dia.Assim é, também, no seu mais
recente livro, A CASA SOBRE RODAS. Mas, atenção, ela conduz o
leitor por suas vivências e, “ a latere” , deixa a entrever uma série de
imagens diáfanas. Explico-me melhor: não há necessidade de detalhar
tudo, tintin por tin tin, ao leitor. Tu tens que deixar que ele veja o
que está por detrás das cortinas levemente translúcidas.
O que eu vi foi uma história de
amor e companheirismo com seu marido, filhos e netos. Uma crônica que nos
ensina como pode ser prazeiroso e lindo um convívio entre homem,mulher e
a família.
E creio,firmemente, que as obras
literárias herméticas, obtusas, raivosas, ciumentas, preconceituosas, estão em
declínio. All you need is love, love,
love is all you need, diz a canção. E a Moina derrama love em cada linha.
love is all you need, diz a canção. E a Moina derrama love em cada linha.
Chega de amargura.
Agradeço , diariamente, por ter
nascido num cadinho inquieto, como minha terra. Estão aí as seguidas
guinadas políticas, para desmentir rumos a cabresto, como em muitas outras
comunidades, que nunca mudam, é sempre política há séculos com a mesma
cantilena.
Moina é uma integrante de tantas
nacionalidades que vieram enriquecer nossa região. Diria , para finalizar, que
é preciso se homenageie , em primeiro lugar, o que está na nossa aldeia.
Cantemos nossa aldeia e nos tornemos universais.