terça-feira, 3 de dezembro de 2013
CANÇÕES DO EXÍLIO - para o confrade IVAN SAUL
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. ( Gonçalves Dias)
Nosso confrade Ivan Saul mora no Paraná mas está inquieto, dolorido, diz que " quer voltar para sua terra".E todos nós, seus amigos, nos tornamos pensativos...
Nunca revelei isso, mas nos anos 80, quando fui cumprir um estágio no Max Planck Institut de Freiburg, também padeci no paraíso.Na sexta à tarde todo mundo se mandava para Ibiza ou para não sei onde e eu ficava solito na minha Pension. Às vezes pegava um trem sem rumo. Outras, ia visitar meus parentes em Rachtig/Mosel. Quantas cartas mandei para amigos, como gastei dinheiro ao telefone! ( na época não havia internet).
Outro amigo, Cristov Becker, que fez um estágio em München, levou toda a família, mas antecipou a volta de tanta saudade.
O exílio, todavia, tem suas complicações.Outro conhecido meu mora praticamente enclausurado num balneário paradisíaco, só que fica " intra muros" todo o tempo, nunca vai à praia e tem, em sua memória, um RGS que não existe mais. Imaginem que ele é contra usarem instrumentos eletrônicos na música nativista. Mas não volta ao RGS, no que faz bem. Só se houvesse uma cápsula do tempo, com o retorno triunfal dos hippies e tudo.
Se o mestre, multi doutor Veterinário e dono de preciosa pena, Ivan Saul me pedisse uma opinião, eu lhe diria que, caso seja inarredável sua vontade de voltar, que se instalasse na terra onde nasceu e onde devem estar seus antigos amigos. A região de Pelotas, os campos Neutrais, é embebida de uma lhaneza de trato e de fidalguia multicentenárias, o que sempre é um linimento para a alma.