terça-feira, 3 de dezembro de 2013

CANÇÕES DO EXÍLIO 2


 

(Grande hotel e fachada preservada da casa do General Osorio )
Antes de mais nada, devo agradecer a gentileza da postagem que me dedicas, "Canções do Exílio". Sinal de consideração e da sincera amizade que nos une em fraternidade.

 

Depois, devo me investir em representante da minha terra natal, de seus habitantes e, ademais, da região na qual se localiza e exerce influência, o indefensável extremo sul da Pátria. Sempre pronto para resistir, sempre preparado para sucumbir ao próprio isolamento.

 

Penso mesmo, que somos sim, meio metidos à barões, característica que, agora percebo, é revertida em nosso benefício. Nosso baronato não é aquele dos ares de superioridade e das mãos frouxas ao cumprimentar, é o exercício da gentileza e da generosidade que nos molda e caracteriza.

 

Nossa nobreza e pequenas vaidades, são fúteis e nossas fortunas fugazes como em qualquer outro ponto da geografia. À nos resgatar, vêm nossa educação sem exuberância, nossa cultura sem ostentação, nosso caminhar sem muita pressa, nossos ombros ligeiramente curvados, nossos sorrisos econômicos conquanto universais. Pensando, temos no olhar distante un qué sé yo de melancolia simpática, de um tempo que não voltará.

 

Não há forasteiros em Pelotas, sim há visitantes, hóspedes na nossa querida Princesa do Sul, não gostamos de dar informação, preferiríamos 'te levar até lá', se não podemos gastamos 'horas' fornecendo as informações geográficas pedidas, além das históricas, gastronômicas, meteorológicas e o que mais considerarmos importante saber sobre o local. Todos somos aparentados ou conhecemos alguém que conhece alguém que vive ou passou pela cidade de origem do visitante, no mínimo, revirando o passado, como nos apraz, encontraremos coincidências no Cassino da Urca ou nas areias de Copacabana [é, lá nos tempos do Presidente Vargas].

 

Somos saudosistas, claro que somos, quem não gosta de relembrar as glórias do passado, em Pelotas foram tantas e temos tantas fachadas que olhavam passar importantes coadjuvantes da construção da nossa Nação. Algumas conservadas, outras 'preservadas', muitas outras decadentes, velhas testemunhas mudas e enfermiças da História - em pé, todavia.

 

Tens razão Ruy, provinciana mas não paroquial, creio que minha terra espera pelos filhos que saíram em busca de vida cosmopolita e fortuna. É preciso implementar o retorno, cuidado entretanto, nada de ansiedade pois atenta contra a elegância.

 

Fraternal abraço aos meus irmãos e irmãs que agora sabem um pouco mais sobre a 'terrinha' e sua gente. Podem comentar...

 

Ivan

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Meus caros amigos( e amigas) e confrades. Vivi o exílio como uma das experiências mais marcan tes e dolorosas de minha vida. Era um dos mais salientes  e publicitados agentes  do governo Federal. No momento seguinte, vi-me no exílio, sem família, sem importância alguma, sem recursos e sem esperanças. O Uruguay nos acolheu generosa e solidariamente, mas não tinha trabalho para asilados. De quando em vez, um familiar trazia meus filhos  (5,8 E 9 ANOS), ATÉ Rivera, para que matasse as saudades. Numa dessas vezes, andei até a Praqça Internacional e coloquei um pé dO lado brasileiro. Aquilo doeu mais do que consolou. O exílio  é terrível. A saudade da Patria, da querência, das pessoas e das coisas, ela acaba com qualquer um. Gosto muito de viajar, mas nada se equivale a voltar ao Rio Grande, meu grande lar, minha verdadeira Pátria. Não sou separatista, mas na Bahia, por exemplo, me sinto um estrangeiro.Por isso avalio que o destino do Ivan é voltar aos pagos. Talvez um dia possamos, numa roda de chimarrão, charlar um pouco e reviver os tempos que já passaram  e, olhando ao longe, rever os verdes campos de nosso Rio Grande. Um abraço do Eliseu

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Ruy: por falar em exílio, olha só os dois tercetos deste soneto do meu velho pai, que também fala de exílio. O nome do poema é SONETO ANTE A TAPERA DOS MEUS PAIS:

 

 

 

São diversos os bois, mas o mugido

 

É o mesmo. O mesmo arroio entre amarilhos,

 

No seu longo soluço enternecido.

 

 

 

O arvoredo alto... Ah! deixem-me chorar...

 

Que todas as moradas são exílios,

 

E aqui, onde não moro, é que é o meu lar.
Um abraço do Afif
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