sexta-feira, 5 de julho de 2013

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES DE IVAN SAUL


Digníssimos Confrades, Ivanhoé e Ruy.



Crise da Democracia e o Centro Acadêmico da Filosofia 


Há alguns dias reafirmava, entre amigos, um conceito que já emiti - com baixa aprovação - em diário estrangeiro, não há crise de democracia em um país onde pessoas declaram-se, livremente, leninistas ou trotskistas e, pior, como são incapazes de ler ou interpretar textos que contem mais de 140 caracteres, são cooptados através de instrutores baseados em manuais de convencimento e de guerrilha assinados por grandes cientistas políticos, tais como Josef Stalin, Mao Tsé-Tung e o indefectível Comandante Fidel.

 

O que há, sim, no mundo inteiro, é uma carência grave de homens de princípio, qualquer princípio. Senão vejamos a facilidade com que um quadrilheiro domina a comunidade em seu entorno substituindo plenamente o Estado omisso. Ele administra justiça, contemplando do cível ao criminal, se utiliza de força policialesca de alta eficiência garantindo a segurança pública e o bem-estar social, ainda que paternalista e centralizador, dando acesso à luz, água, gás, telefone, internet banda larga, TV por assinatura, entretenimento [bailes, futebol, carnaval], transporte público e assim vai.

 

Assim, não faz falta ao homem comum que os princípios aqueles sejam pautados por padrões morais e éticos universalmente aceitos como corretos, desde que sejam princípios e a norma de convivência seja clara a comunidade vive feliz. O homem comum não necessita que o líder da comunidade em que vive seja um ídolo, de ídolos ele está bem, existem os esportivos, artísticos os religiosos e, informado que é, o homem comum sabe que ao fim os ídolos resultam serem moldados em adobe que, ademais de possuir um talento especial, são todos humanos e, quando expostos, não resistem à força das tempestades.

 

O exercício obrigatório do voto, que descamba em livre exercício da democracia e plena vigência do estado de direito, desafia o homem comum em suas crenças, propõe-lhe o paradoxo da fé sem objetivo [pois sua irmã, a fé cega, está morta], a fé do soldado velho que deve sempre escolher dentre os males o menor. Quanto aos políticos, é senso comum a frase do Barão de Itararé: “de onde menos se espera, é dali que não sai nada mesmo”.

 

Do outro lado, os legítimos representantes do homem comum, exercem seus mandatos como se o município, o estado, o país, nada mais fossem do que o “centro acadêmico da faculdade de filosofia de uma universidade pública” [gratuita e de qualidade devem vir junto, sempre]. Aqui não há guerras por serem travadas, não há clausulas pétreas por defender, não há direitos fundamentais por garantir. Aqui há pequenas batalhas do dia-a-dia, há casuísmos por exercer, há privilégios por manter, há o esperar que o acaso nos brinde com um novo escândalo, uma nova acusação de má gestão financeira. Sim, pois para tudo isso, teremos o discurso preparado, contra os golpistas, os antidemocráticos, a direita.

 

Sentados esperamos - de preferência num meio de transporte, pago por quem não quer se incomodar, rumo a um congresso que pode deliberar novos rumos para a humanidade ou a data e o local para o congresso do ano que vem – arregimentando forças para na próxima eleição mantermos as rédeas do centro acadêmico em nossas mãos, garantindo a continuidade, sinal do êxito de nossas propostas.

 

No amor, na guerra e na quadra eleitoral, tudo vale. Alianças espúrias, conchavos entre interesses [teoricamente] conflitantes, promiscuidade entre o público e o privado, cooptar categorias profissionais numerosas e mal remuneradas, como policiais e professores, que aparentam não serem dotados de senso crítico ao se renderem à quebra de hierarquia e ao aceno de melhores salários. Mandam educar e não dão os meios, mandam reprimir e não assumem os exageros. Sujeitam-se aos baixos indicadores de qualidade de ensino e aos aquartelamentos [sublevações veladas]. Pueris, desejam aceitação incondicional, imaginam que “só um pouquinho” tudo pode, à revelia do respeito pelas instituições.

 

Desconstroem o Estado Nacional sem levar em consideração, por não terem aprendido – assim como não fazem questão de que seja ensinado - que ele é muito maior do que seus interesses pessoais e eleitoreiros, esquecendo que a Nação somos todos nós, foram nossos antepassados que a implantaram e serão nossos descendentes que haverão de desfrutá-la. A Nação se constrói a cada dia e, sendo maior do que o próprio tempo, não está sujeita aos caprichos do acaso nem dos modismos permissivos das ideologias.

 

“Não somos enganados nunca: somos nós que nos enganamos a nós mesmos”. [Johann Wolfgang von Goethe]

 

Saudações ovelheiras!

 

Ivan Saul D.V.M.; M.Sc.Vet. - Granja Po'A Porã, 05/jul/2013.