Um dia fiquei observando, do alto de um cerro, numa invernada lá
dos fundos de minha estância, um olho d’água. Surge
perto de uma pedra e o filetezinho vai serpeando uns metros por
entre o capoeiral . Logo depois, encontra arbustos maiores um pouquinho e
uns 50 metros além começa a chamada mata ciliar, com árvores mais frondosas dos
dois lados do leito , já com meio metro de largura. Apeio
do cavalo e sigo a pé, por entre tocos e pedras, até que o corregozinho
junta-se a outro. A mata ciliar se torna mais larga e mais espessa até que, num
lagoão rochoso, forma-se uma verdadeira piscina, com palmeiras ou
coqueiros, e diversas árvores e arbustos.
Consumi duas horas seguindo o cursinho d’água, agora transformado em sanga, até que o mesmo deixa as nossas terras e se vai embora até o Rio Santa Maria ou o Itacurubi, não sei bem. Lá a região é de afloramento basáltico, de sorte que o leito dos cursos dágua é sólido e não arenoso.
A verdade é que, em todo o percurso, de uns 6 kms, não ví uma bolsa de plástico, uma lata, nada. E a água é cristalina quase azulada. No verão canso de tomar banho, contemplando a cobertura das árvores que filtram o calor do sol. Na época das secas são essas árvores, que jamais deixamos cortar, que garantem água para os bichos, domesticados ou não.
Fico pensando naquelas gotinhas d’água que sairam daquele cerro, numa viagem sem volta rumo ao mar.(O poeta já disse que um rio que miramos nunca é o mesmo). Vão conhecendo outras gotinhas, todas imaculadas, felizes, contando suas peripécias e as coisas que presenciaram. Em seguida, quando sairem da região pastoril vão ver o que é bom para a tosse. Conhecerão agrotóxicos, plásticos, lixos. Encontrarão gotinhas embarradas do assoreamento dos rios.
Mais adiante terão contatos com os esgotos urbanos, sofás, pneus velhos, carcaças de carros roubados.
Pobres gotinhas d’água que sairam daqui dos campos puros de Unistalda.Sua viagem é sem volta e é impossível a elas manterem sua original pureza. Quanta saudade sentirão ao darem com o mar.
Consumi duas horas seguindo o cursinho d’água, agora transformado em sanga, até que o mesmo deixa as nossas terras e se vai embora até o Rio Santa Maria ou o Itacurubi, não sei bem. Lá a região é de afloramento basáltico, de sorte que o leito dos cursos dágua é sólido e não arenoso.
A verdade é que, em todo o percurso, de uns 6 kms, não ví uma bolsa de plástico, uma lata, nada. E a água é cristalina quase azulada. No verão canso de tomar banho, contemplando a cobertura das árvores que filtram o calor do sol. Na época das secas são essas árvores, que jamais deixamos cortar, que garantem água para os bichos, domesticados ou não.
Fico pensando naquelas gotinhas d’água que sairam daquele cerro, numa viagem sem volta rumo ao mar.(O poeta já disse que um rio que miramos nunca é o mesmo). Vão conhecendo outras gotinhas, todas imaculadas, felizes, contando suas peripécias e as coisas que presenciaram. Em seguida, quando sairem da região pastoril vão ver o que é bom para a tosse. Conhecerão agrotóxicos, plásticos, lixos. Encontrarão gotinhas embarradas do assoreamento dos rios.
Mais adiante terão contatos com os esgotos urbanos, sofás, pneus velhos, carcaças de carros roubados.
Pobres gotinhas d’água que sairam daqui dos campos puros de Unistalda.Sua viagem é sem volta e é impossível a elas manterem sua original pureza. Quanta saudade sentirão ao darem com o mar.
É por isso que não me comovo com os argumentos de que “ dando
uma pequena queimada” limpamos mais o campo e poderemos colocar mais umas reses
por quadra; por essas que me recuso a usar agrotóxicos. Que conta burra é
essa que , a troco de um pequeno lucro a mais ,tenhamos que comprometer a
qualidade das águas e do ar? Direito de propriedade? Sim, mas para fruir com
responsabilidade.