quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

SIGAM, PELOS DESABAFOS, O QUE ESTÁ OCORRENDO EM NOSSA SAÚDE

Claro que existem exceções, como Santa Cruz, Santiago e outras cidades interioranas, mas vejam os relatos da gloriosa médica e comunicadora Lais Legg


 
 
 
Prezados:
               Ainda dentro do tema ?O jeito que está o Brasil?, relato os fatos abaixos, ocorridos no Hospital Conceição, e peço sugestões:
 
A paciente A.C.F., 88 anos de idade, sentiu-se mal no sábado passado e foi levada pela SAMU à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Av. Assis Brasil, onde ficou até segunda-feira, aguardando vaga na emergência do H.Conceição (uma espécie de ?estacionamento? inventado pelo governo).
 
Obtida a vaga (não é leito!) na emergência, permaneceu sentada numa cadeira de segunda-feira de manhã até terça-feira à noite (quase 40 horas, aos 88 anos de idade). Obviamente, apresentou uma quadro de agitação psicomotora diante de tal crueldade. O hospital chamou sua filha, que, ao chegar, foi informada que não poderia entrar, ?pois não era hora de visita?. Após insistir, explicando que o hospital é que a havia chamado, foi informada que, caso entrasse, ?seria só para levar a mãe embora?.
 
Fui avisada da situação, pois atendo a referida idosa (sou médica psiquiatra), dirigi-me ao Hospital ontem, às 17h. OBSERVEM O QUE OCORREU:
 
Na portaria, após consultar o sistema, fui informada que a paciente não estava baixada no nosocômio. Após insistir, a atendente e a colega ao lado olharam novamente e disseram: ?ah,ela esteve aqui, mas já teve alta às 14h?. Intrigada, liguei para sua filha, que ficou nervossíssima, pois não sabia da tal alta, nem onde sua mãe andava. Ao falar, por telefone, com as atendentes, estas ligaram para o andar e disseram que a idosa estava lá, que tinham se enganado.
 
Ato contínuo, identifiquei-me como médica, entregando minha carteira do CREMERS e solicitando um crachá profissional. Disseram-me que o hospital ?não possui crachá de médico? e eu não poderia subir, pois a enfermeira-chefe ?não havia autorizado que eu entrasse fora do horário de visitas?.
 
Expliquei que eu não era ?uma visita?, era uma médica que queria conversar com a equipe médica e discutir sobre os medicamentos psiquiátricos da idosa. Insistiram na proibição, declarando que eu deveria esperar uma hora, em pé, numa ?muvuca? de gente, até o horário permitido.
 
Indignada, fui à ouvidoria do hospital, onde ouvi, de duas meninas adolescentes que eu ?poderia fazer uma reclamação e aguardar a resposta em 15 dias?. Pode? Obviamente, perdi toda a elegância e exigi, elevando muito a voz, o nome da enfermeira-chefe, por escrito, que me proibia o acesso e o nome dela mesma, a jovem que, com tal desfaçatez, anunciava que eu deveria esperar 15 dias pela solução, ou seja, o direito de subir ao andar para atender uma paciente de 88 anos.
 
Antes de  me fornecer os nomes, ligaram sei lá para quem e, como se fosse uma concessão divina e um ato de caridade, me disseram ?a senhora pode subir em 15 minutos?. De posse dos nomes, declarei que tomaria as providências cabíveis e fui embora.
 
Já enviei correspondência ao CREMERS e ao Ministério Público (Direitos Humanos) e gostaria de saber se vocês têm alguma outra sugestão. Devido à eterna complacência nossa, o Brasil chegou ao ponto de descalabro que está. Quando um médico tem seu acesso a um hospital e a um paciente proibidos por uma enfermeira, penso que já chegamos ao fundo do poço.
 
Já perco o sono ao imaginar como será quando um de nós necessitarmos de hospitalização. 
Abraços,
Laís