Oi, Ruy:
Li teu desabafo sobre o comportamento dos jovens, hoje em dia.
Confesso que eu já desisti, a coisa está
nivelada muito por baixo E EM TODOS OS SETORES. Não há mais quem escreva
direito, a regra é assassinar o vernáculo de forma generalizada, até mesmo e
principalmente por aqueles que têm curso superior. Recentemente, um amigo, que
mora em SP, escreveu-me para contar que a baixaria já chegou ao clero, outrora
reduto de padres cultos, poliglotas e obrigados a conhecer o latim e o grego.
Pois este amigo passou por uma igreja e, na porta, havia um cavalete com a
inscrição “sauve sua auma”. Isso mesmo. Pode?
Eu mesma já fiquei arrepiada ao ler uma matéria
jornalística onde se lia que a fulaninha casou-se com vestido “de calda”. Pois
bem, agora temos compotas de vestido de noiva. Sem contar que recebi um
encarte, dentro de um grande jornal gaúcho, onde anunciavam a venda de um
pijama e um “hobby”. Ora bolas, quem quer saber que robe vem do francês “robe
de chambre”? Somente os jurássicos, como eu, que detestam as novelas da Globo,
as quais considero tão nocivas quanto o “crack”. Aliás, já somos vice-campeões
mundiais no consumo desta droga. Perdemos, apenas, para a nação mais rica do
mundo.
A elegância, a ética, a boa educação e a
cortesia são coisas ultrapassadíssimas. A moda, hoje, é escutar músicas de
gosto duvidoso e no último grau de volume, beber até cair, ficar com o
maior número possível de parceiros numa festa e, tão logo seja possível,
experimentar alguma droga. E ligar a TV e ver atores globais representando,
dizendo que usaram drogas, foram presos, etc, lamuriando-se e perguntando “até
quando?”, com a esperança que as drogas sejam descriminalizadas. Ora, até
quando pergunto eu! Quosque tandem, Catilina?
Segundo as pesquisas, o Brasil possui dois
milhões e oitocentos usuários de “crack”. Como se sabe, a droga destrói a saúde
física e mental do usuário e não há leitos e tratamentos disponíveis no país.
Muitos deles (todos chegarão lá) não conseguem mais trabalhar e produzir,
necessitando do benefício previdenciário , caso tenham emprego, e do LOAS
(benefício assistencial) caso não trabalhem e vivam na miséria (todos
chegarão lá). Conseguindo o benefício, o cartão para o saque do mesmo passa,
imediatamente, para as mãos do traficante. Todos que lidam com isso
conhecem a questão. Mas quem quer saber disso, se a Copa do Mundo já está
chegando?
Abraços,
Laís