Nenito é jornalista, bacharel em Direito, Delegado de Polícia, músico, poeta e um homem retilíneo.E meu parceiro de várias composições.
Eis o mail que me manda:
Caro Ruy!
Apenas para contribuir com o
tema, encaminho-te Poema/Música participante da 2ª Tertúlia Nativista, em 1980
(32 anos atrás), no qual trato da matéria.
Essa composição é baseada em
fatos reais (meus e de tantos outros infantes).
No meu entender, essa questão
da condenação do "trabalho infantil" é uma demagogia que temos que
combater.
Nós (eu e tu), como grande
parte dos leitores, trabalhamos e de alguma forma contribuímos para a renda
familiar desde crianças, e isso nunca nos tirou pedaço.
Não quero dizer que a criança
e o adolescente não tenham, paralelamente, a oportunidade de estudar.
Nossos legisladores estão
querendo criar uma "Geração de Vagabundos".
E, infelizmente, estão
conseguindo.
Abração.
Nenito Sarturi.
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PIAZITO DE CAMPANHA
Nenito Sarturi
Debruça
o piá sobre o leito
do rio que passa, solito
Lavando
o rosto em suas águas
E
depois segue ao tranquito:
Vai-se
a cumprir seus encargos,
Tal como o rio, o piazito.
É domingo na fazenda
Tem carreira no povoado,
O piazito pega a cesta
Não pode ficar parado
Raparura a cinco pila
Ele grita entusiasmado.
“Era” boi, “era” boiada,
Passou a semana inteira
Nos domingos tem carreira
E o patrão o dispensou:
Piazito de peito aberto,
Calça curta e pé no chão,
Ele sai de madrugada,
Se enfurna na imensidão.
Mas de tarde, quando o sol
Já se esconde pra dormir,
Num crepúsculo de sonhos,
O piazito, sem sentir,
Volta pra estância sem
pressa,
Cesto cheio, sem sorrir.
Como encarar a mãe velha?
Como encarar os piás?
Se eu sou o “home” da casa,
Que vergonha de voltar!
Rapadura a cinco “pila”
O povo não quis comprar.